Operada pela Vale no Pará, a mina de Carajás é a maior mina a céu aberto no Brasil e depende de uma logística complexa para transportar equipamentos colossais.
No coração da Floresta Amazônica, no sudeste do Pará, opera um colosso da indústria nacional: o Complexo de Carajás. Reconhecida como a maior mina a céu aberto no Brasil para extração de minério de ferro, sua operação depende de uma cadeia de suprimentos igualmente monumental. Peças gigantes, fabricadas em polos industriais a milhares de quilômetros de distância, como no Paraná, precisam cruzar o país para manter os equipamentos funcionando.
A operação, governada pela gigante brasileira Vale S.A., é um pilar da economia mineral do planeta. A logística por trás dela revela a complexa engenharia necessária para extrair e escoar uma riqueza que posiciona o Brasil como um líder mundial no mercado de commodities.
A descoberta em 1967 e a escala de um gigante nacional
A história de Carajás começou de forma inesperada em 31 de julho de 1967. Um pouso de emergência forçado de um helicóptero levou o geólogo Breno dos Santos a notar uma vegetação atípica na região. A investigação confirmou a existência de um dos maiores e mais ricos depósitos de minério de ferro do planeta.
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Hoje, a maior mina a céu aberto no Brasil produz anualmente mais de 100 milhões de toneladas de minério de ferro de altíssimo teor. Em 2024, o Sistema Norte da Vale, que engloba Carajás, produziu 177,5 milhões de toneladas, mais da metade de toda a produção da companhia.
Os titãs de R$ 25 milhões, os caminhões que movem a maior mina a céu aberto no Brasil
A movimentação de material dentro da maior mina a céu aberto no Brasil é realizada por uma frota de cerca de 105 caminhões fora de estrada. São veículos de ultraclasse, como os modelos Liebherr T 282C e Caterpillar 797F, considerados alguns dos maiores do mundo.
Esses veículos são verdadeiros gigantes da engenharia. Com quase 8 metros de altura, eles têm capacidade para transportar 363 toneladas métricas de carga útil de uma só vez. O custo de um único caminhão pode chegar a R$ 25 milhões, e cada um de seus pneus, com 4 metros de altura, pode custar até R$ 400 mil.
A jornada de 2.700 km, o desafio de levar peças do Sul à Amazônia
A manutenção dessa frota colossal exige uma logística precisa. As “peças gigantes” para os caminhões são fabricadas em polos industriais no Sul e Sudeste do Brasil. O transporte dessas cargas indivisíveis, que podem pesar centenas de toneladas, é um desafio.
A jornada de um centro industrial como Curitiba (PR) até Parauapebas (PA), município onde fica a mina, é de aproximadamente 2.774 km. Por se tratar de uma carga superdimensionada, a viagem exige uma Autorização Especial de Trânsito (AET), emitida pelo DNIT, e pode levar semanas, necessitando de escolta e, por vezes, do fechamento de rodovias.
O plano de R$ 70 bilhões anunciado em 2025
Para garantir o futuro da operação, a Vale anunciou em fevereiro de 2025 o programa “Novo Carajás”. O plano prevê um investimento de R$ 70 bilhões entre 2025 e 2030 com dois objetivos principais. O primeiro é elevar o ritmo de produção de minério de ferro para 200 milhões de toneladas por ano até 2030.
O segundo é diversificar a produção, com um crescimento de 32% na extração de cobre. Esse movimento posiciona a Vale como uma fornecedora chave de minerais essenciais para a transição energética, como na fabricação de baterias.
A importância vital da Estrada de Ferro Carajás
Após ser extraído e processado, todo o minério de Carajás é escoado por um único e vital corredor: a Estrada de Ferro Carajás (EFC). Com 890 km de extensão, a ferrovia é considerada uma das mais eficientes do Brasil e liga a mina ao Terminal Marítimo Ponta da Madeira, em São Luís (MA).
É na EFC que opera o maior trem de carga do mundo. A ferrovia é o pilar que torna todo o projeto economicamente viável, pois o transporte de um volume tão grande por rodovias seria impossível e financeiramente proibitivo.