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A lâmina de um ‘tatuzão’ que perfura o metrô de São Paulo, com discos de corte que trituram rocha e um diâmetro de 10 metros

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 16/06/2025 às 09:40
A lâmina de um 'tatuzão' que perfura São Paulo: A engenharia por trás da Linha 6-Laranja
A lâmina de um ‘tatuzão’ que perfura São Paulo: A engenharia por trás da Linha 6-Laranja
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Com mais de 10 metros de diâmetro e discos de corte de alta resistência, a gigantesca lâmina de um ‘tatuzão’ foi essencial para construir a nova Linha 6-Laranja do Metrô.

Sob as ruas movimentadas de São Paulo, uma obra de engenharia monumental abriu caminho para o futuro da mobilidade na cidade. O principal instrumento dessa transformação foi uma máquina gigantesca, popularmente conhecida como “tatuzão”. A peça mais importante dessa máquina é sua frente, a lâmina de um ‘tatuzão’, um disco giratório gigante projetado para triturar terra e rocha com uma força impressionante.

Entenda como essa tecnologia impressionante funcionou na prática. Vamos explorar a anatomia dessas máquinas colossais, a jornada que percorreram sob a cidade, os desafios que enfrentaram e como, em fevereiro de 2025, elas completaram a missão de escavar os 15,3 quilômetros de túneis da Linha 6-Laranja do Metrô.

Como funciona o tatuzão de 10,61 metros de diâmetro e 2.000 toneladas

O “tatuzão” usado na Linha 6-Laranja é, tecnicamente, uma Tunnel Boring Machine (TBM) do tipo Escudo de Pressão de Terra (EPB). Essa tecnologia foi escolhida por ser ideal para o subsolo instável de São Paulo, que mistura argila, solo mole e rochas duras. A máquina usa o próprio material escavado para manter a pressão na face do túnel, evitando desmoronamentos na superfície.

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As especificações são impressionantes:

  • Diâmetro de escavação: 10,61 metros.
  • Comprimento total: 109 metros.
  • Peso total: 2.000 toneladas.

Dentro de cada tatuzão, uma verdadeira fábrica móvel operava 24 horas por dia. Cerca de 50 profissionais trabalhavam a bordo em três turnos, contando com refeitório, cabine de enfermagem e uma cabine de comando. Curiosamente, as máquinas têm uma origem internacional: projetadas na França (NFM Technologies), foram fabricadas na China e, antes de operar, foram completamente atualizadas e comissionadas pela empresa alemã Herrenknecht, uma manobra estratégica da construtora Acciona para garantir a máxima confiabilidade.

O início da escavação dos tatuzões “Maria Leopoldina” e “Norte” a partir de 2021

Sob as ruas movimentadas de São Paulo, uma obra de engenharia monumental abriu caminho para o futuro da mobilidade na cidade. O principal instrumento dessa transformação foi uma máquina gigantesca, popularmente conhecida como "tatuzão". A peça mais importante dessa máquina é sua frente, a lâmina de um 'tatuzão', um disco giratório gigante projetado para triturar terra e rocha com uma força impressionante.
Lâmina de um ‘tatuzão’ Maria Leopoldina

Para acelerar a construção da Linha 6-Laranja, o projeto da concessionária Linha Uni utilizou duas máquinas idênticas trabalhando ao mesmo tempo em direções opostas.

A primeira, batizada de “Maria Leopoldina”, iniciou sua escavação em 16 de dezembro de 2021. Partindo do poço VSE Tietê, ela tinha a missão de perfurar cerca de 10 quilômetros do trecho sul, um terreno composto principalmente por solo argiloso.

A segunda máquina, conhecida como “Tatuzão Norte”, começou sua jornada em novembro de 2022, partindo da região da Freguesia do Ó. Seu desafio era perfurar 5,3 quilômetros em um subsolo mais duro, com grande presença de formações rochosas, o que tornava seu avanço diário mais lento.

O incidente de 1º de fevereiro de 2022 que paralisou a obra por sete meses

O projeto enfrentou seu maior desafio em 1º de fevereiro de 2022. Poucas semanas após iniciar seu trabalho, uma tubulação de esgoto se rompeu ao lado do canteiro de obras e inundou o túnel onde estava o tatuzão “Maria Leopoldina”.

As consequências foram severas. A escavação do trecho sul ficou completamente paralisada por sete meses. A recuperação foi uma complexa operação de engenharia para bombear a água e a lama, estabilizar a área e, o mais crítico, limpar e consertar a gigantesca máquina de 2.000 toneladas. A escavação só foi retomada oficialmente em 31 de agosto de 2022, um marco que demonstrou a resiliência do projeto.

A tecnologia da lâmina de um ‘tatuzão’ em plena ação

O componente que faz o trabalho pesado é a roda de corte (cutterhead), a famosa lâmina de um ‘tatuzão’. Este disco metálico giratório, com seus 10,61 metros de diâmetro, é a face da máquina que tem contato direto com o subsolo paulistano.

Equipada com uma série de ferramentas especializadas, a lâmina foi projetada para lidar com a geologia mista da cidade:

  • Discos de corte: feitos de materiais de altíssima resistência, esses discos giram e pressionam a rocha até fraturá-la em pedaços menores.
  • Raspadores: ferramentas usadas para remover solos mais macios e argila de forma eficiente.

A capacidade de alternar entre esses materiais sem precisar parar era a principal vantagem da tecnologia EPB. A lâmina de um ‘tatuzão’ avançava, triturando tudo pela frente, enquanto uma esteira transportadora interna retirava os detritos para a parte de trás do túnel, em um processo contínuo e seguro.

A conclusão da escavação do túnel de 15,3 quilômetros

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Após anos de trabalho ininterrupto, a fase de perfuração chegou ao fim. Em 4 de fevereiro de 2025, o “Tatuzão Norte” concluiu sua jornada de 5,3 km ao chegar à Estação Brasilândia. Poucos dias depois, em 9 de fevereiro de 2025, foi a vez da “Maria Leopoldina” completar seu percurso de quase 10 km, finalizando o trecho sul.

Com a chegada das duas máquinas a seus destinos, a escavação dos 15,3 quilômetros de túnel foi oficialmente concluída, conectando fisicamente todas as 15 futuras estações da Linha 6-Laranja. O fim da jornada dos tatuzões marcou o encerramento de uma etapa fundamental do projeto, que agora entra na fase de acabamento das estações, instalação de trilhos e sistemas para a inauguração, prevista para ocorrer em fases a partir de 2026.

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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