Episódio mostra riscos da infraestrutura que carrega 99% do tráfego mundial e pressiona por soluções além da fibra óptica.
Conexões de internet ininterruptas tornaram-se tão essenciais quanto água encanada e energia elétrica. Mas uma grande queda de rede que afetou África, Ásia e Oriente Médio nos últimos dias expôs a fragilidade da infraestrutura que nos mantém online.
O impacto imediato do rompimento no Mar Vermelho
Cerca de 15 cabos submarinos passam pelo Estreito de Bab el-Mandeb, no Mar Vermelho. Quatro deles teriam sido rompidos. Este rompimento causou um forte impacto no tráfego de dados nessas regiões.
A dependência de 99% da infraestrutura submarina
Centenas de cabos repousam no fundo do mar. Eles são responsáveis por carregar quase todo o tráfego da internet global, estimado em 99%.
-
Internet de Elon Musk (Starlink) fica para trás e é superada por Project Kuiper da Amazon que alcança velocidade inédita em local antes ‘inconectável’
-
Só tem um país no mundo onde o iPhone 17 é mais caro que no Brasil
-
Pequeno, barato e poderoso: novo e-reader da Xiaomi pesa 140 gramas, roda Android 14, traz 512 GB e ameaça o domínio do Kindle pela primeira vez
-
Elon Musk surpreende Wall Street e investe US$ 1 bilhão em ações da Tesla, provocando salto imediato de 7% e reacendendo esperanças sobre o futuro da empresa
“Já tivemos cortes no Mar Vermelho no ano passado e agora estamos na mesma situação, por assim dizer”, afirma Doug Madory, diretor de análise de internet da Kentik.
Quando parte da capacidade é perdida, os provedores precisam redirecionar o tráfego. Essa mudança é feita para os outros cabos. O redirecionamento, no entanto, gera latência e falhas de confiabilidade para os usuários.
Um acidente anunciado e um reparo complexo
Embora falhas anteriores já tenham sido provocadas de propósito, especialistas acreditam que o caso agora foi um acidente.
“O Mar Vermelho é uma área problemática… Os navios ancoram em águas rasas e quando muitos lançam âncoras em pouco espaço, o desastre é quase inevitável”, explica Madory.
Normalmente, cortes em cabos são reparados rapidamente. Contudo, a localização atual torna a situação mais complexa. A área fica próxima à costa do Iêmen, onde conflitos dificultam a atuação técnica para os reparos.
Internet via satélite surge como alternativa
As interrupções, que devem persistir, reacenderam o debate sobre a confiabilidade dos cabos submarinos. Discute-se se alternativas, como conexões via satélite, podem reduzir essa dependência. Empresas como a Starlink oferecem esse serviço.
Estima-se que ocorram até 200 incidentes desse tipo por ano. Esse número reforça o interesse em alternativas aos cabos.
A Starlink, por exemplo, tornou-se crucial na Ucrânia para evitar a sabotagem russa em cabos. O serviço já soma mais de seis milhões de assinantes em diversos países. Em regiões como a África subsaariana, o serviço funciona como uma rede de segurança quando a conectividade terrestre falha.
Fibra óptica vs. satélite: a batalha da capacidade
Especialistas acreditam que episódios como o do Mar Vermelho podem acelerar a adoção de satélites. Isso ocorreria em mercados dispostos a pagar mais pela resiliência.
O desafio ainda é o custo. Os kits custam centenas de dólares. Além disso, as mensalidades são mais caras que os planos locais, o que limita o alcance em áreas de baixa renda.
Ainda assim, os satélites não conseguem competir em escala com a fibra óptica.
“Starlink, ou qualquer outro serviço via satélite, jamais vai reproduzir a capacidade que se obtém em um cabo de fibra óptica”, diz Madory.
Enquanto os cabos submarinos transportam até três petabits de dados por segundo, os satélites alcançam apenas 150 terabits. Lançamentos planejados podem elevar essa capacidade para 800 terabits. Por enquanto, os cabos submarinos seguem sendo a espinha dorsal da internet global.