Se você viveu nos anos 90, deve se lembrar dos carros da Lada que começaram a chegar no Brasil. Com a abertura do mercado para importações em 1990, a Lada, vinda da União Soviética, foi uma das primeiras montadoras a desembarcar por aqui.
A marca lançou modelos como o Lada Niva, um jipinho off-road, e os sedãs Samara e Laika, que rapidamente ganharam popularidade, especialmente entre os taxistas, devido ao preço acessível e à manutenção barata. No entanto, a aventura soviética no Brasil durou pouco, e a Lada encerrou suas operações em 1995. Mas como uma superpotência como a Rússia fabricava carros considerados ruins?
No início do século XX, enquanto a indústria automotiva avançava rapidamente em países como Estados Unidos e Alemanha, a Rússia ainda estava começando. A Primeira Guerra Mundial revelou a inferioridade da frota russa: enquanto o exército francês tinha 6.000 veículos, toda a Rússia tinha menos de 5.000. Em resposta, o governo russo tentou modernizar a indústria automotiva, mas a Revolução de 1917 interrompeu esses planos.
Nos anos 1920, a União Soviética retomou a fabricação de veículos, mas a produção era limitada
Foi só com a chegada de Joseph Stalin ao poder, em 1928, que o país deu um grande salto na industrialização. Para iniciar a produção de carros em larga escala, Stalin recorreu à ajuda de Henry Ford. A parceria levou à criação da fábrica GAZ, que começou a produzir veículos baseados nos modelos Ford A e AA.
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A verdadeira virada na produção de veículos ocorreu na década de 1970, quando a União Soviética fez um acordo com a Fiat para construir uma fábrica moderna. O resultado foi a fábrica AvtoVAZ, que começou a produzir o VAZ 2101, baseado no Fiat 124. Esse carro, conhecido como Lada, foi adaptado para as duras condições das estradas soviéticas.
Mesmo com a produção em massa, os carros da Rússia, especialmente os da Lada, não eram acessíveis a todos
O governo controlava a distribuição dos veículos, e os funcionários tinham que passar por comitês diretores para obter permissão para comprar um carro. Esse processo burocrático e politizado significava que muitos esperavam anos para conseguir um veículo.
Com o colapso da União Soviética em 1991, as montadoras russas se viram incapazes de competir com as empresas estrangeiras que entraram no mercado. Muitas fábricas fecharam ou foram vendidas, como a AvtoVAZ, que foi adquirida pela Renault em 2016. Recentemente, devido à invasão da Ucrânia, a Renault saiu do mercado russo, e a AvtoVAZ voltou para as mãos do governo russo, mas enfrenta uma situação financeira difícil.
O único modelo soviético que resistiu ao tempo é o Lada Niva, lançado em 1977 e ainda em produção. Mesmo com todas as dificuldades, ele permanece um símbolo da indústria automotiva russa. Os carros da Rússia, especialmente da marca Lada, ilustram como uma superpotência enfrentou desafios para produzir automóveis de qualidade. A mistura de política, burocracia e falta de competição impediu a evolução dos carros soviéticos, resultando em veículos considerados ruins, apesar do potencial tecnológico do país.