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A guerra mais longa do mundo: com 335 anos de duração, o conflito entre Países Baixos e Ilhas Scilly é até hoje o mais duradouro da história e terminou sem nenhum tiro disparado e zero mortes

Escrito por Carla Teles
Publicado em 07/11/2025 às 15:57
A guerra mais longa do mundo com 335 anos de duração, o conflito entre Países Baixos e Ilhas Scilly é até hoje o mais duradouro da história e terminou sem nenhum tiro disparado e zero mortes
Descubra a guerra de 335 anos que não teve nenhum tiro. O conflito mais longo da história entre Países Baixos e Ilhas Scilly só terminou oficialmente em 1986.
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Disputa oficial entre os Países Baixos e as Ilhas Scilly começou em 1651 e só teve um tratado de paz assinado em 1986, encerrando uma guerra técnica de três séculos.

Em 17 de abril de 1986, um dos capítulos mais curiosos da história diplomática mundial foi finalmente encerrado. Uma guerra que durou tecnicamente 335 anos chegou ao fim sem que uma única batalha real tivesse ocorrido ou uma única vida tivesse sido perdida durante todo o período. O conflito envolvia a nação dos Países Baixos e o pequeno arquipélago britânico das Ilhas Scilly.

Conhecido como Bellum Dormiens, ou “guerra adormecida”, o embate começou formalmente em 1651, durante a turbulência da Guerra Civil Inglesa, mas foi rapidamente esquecido pelas autoridades. Foi somente três séculos depois que um historiador local redescobriu a falha burocrática, levando à assinatura de um tratado de paz oficial que transformou uma lenda local em um fato histórico reconhecido internacionalmente.

A origem do conflito na Guerra Civil Inglesa

Para entender como essa guerra incomum começou, é preciso voltar ao cenário da Segunda Guerra Civil Inglesa (1642-1651). As forças Parlamentaristas, lideradas por Oliver Cromwell, haviam encurralado a oposição Realista, leal ao Rei Carlos I, nos limites do reino. O último reduto Realista foi justamente o arquipélago das Ilhas Scilly, sob o comando de Sir John Grenville.

No entanto, Scilly não era apenas um refúgio. A frota Realista baseada ali começou a praticar atos de pirataria, atacando navios comerciais holandeses. Os Países Baixos, na época, haviam se aliado aos Parlamentaristas de Cromwell para manter boas relações com a nova liderança inglesa. Vendo isso como traição, os Realistas em Scilly intensificaram os ataques, causando prejuízos econômicos significativos aos holandeses e gerando o casus belli (motivo de guerra).

A declaração de guerra de 1651

Em resposta aos ataques, em 30 de março de 1651, o Almirante holandês Maarten Harpertszoon Tromp chegou a Scilly com uma frota de doze navios de guerra. Ele exigiu reparações pelos navios e mercadorias apreendidos pelos Realistas. Como não recebeu uma resposta satisfatória, Tromp declarou guerra especificamente às Ilhas Scilly.

Essa declaração foi um ato de precisão cirúrgica: como o resto da Inglaterra estava sob controle dos Parlamentaristas (aliados dos holandeses), Tromp não podia declarar guerra à nação inteira. Historiadores debatem até hoje a validade legal desse ato, questionando se um almirante tinha autoridade para tal declaração ou se Scilly poderia ser considerada uma entidade soberana. Na prática, foi uma solução tática para justificar ações militares contra os piratas Realistas.

O fim das hostilidades e o esquecimento

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Curiosamente, a guerra ativa durou apenas cerca de três meses. Em junho de 1651, a frota Parlamentarista inglesa, sob comando do Almirante Robert Blake, chegou ao arquipélago e forçou a rendição dos Realistas. Com a ameaça neutralizada por seus próprios aliados ingleses, a frota holandesa partiu sem disparar um único tiro.

O problema burocrático surgiu porque, na confusão, os holandeses “esqueceram de declarar a paz”. Embora tratados posteriores entre Inglaterra e Holanda tenham implicitamente resolvido conflitos maiores, nenhum documento jamais mencionou especificamente a declaração de guerra feita contra Scilly. Assim, tecnicamente, o estado de conflito permaneceu em aberto por séculos.

O tratado de paz histórico de 1986

A resolução só veio em 1985, quando Roy Duncan, historiador e Presidente do Conselho das Ilhas Scilly, decidiu investigar a lenda local de que as ilhas ainda estavam em guerra. Ele escreveu à Embaixada Holandesa em Londres, que, após verificar seus arquivos, confirmou a anomalia: não havia registro de tratado de paz.

Em 17 de abril de 1986, o embaixador holandês Jonkheer Rein Huydecoper visitou as ilhas para assinar formalmente o fim do conflito. Com bom humor, o embaixador brincou que devia ter sido “horrível” para os habitantes saberem que “poderíamos ter atacado a qualquer momento” durante os últimos 335 anos, selando com leveza o fim da guerra mais longa e pacífica da história.

Você já conhecia essa curiosidade histórica sobre uma guerra que durou séculos sem nenhum combate? Deixe sua opinião nos comentários, queremos saber o que você achou dessa falha diplomática!

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Carla Teles

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