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A privatização da Eletrobras: a capitalização de R$ 96 bilhões da maior empresa de energia da América Latina

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 26/06/2025 às 22:34
Atualizado em 27/06/2025 às 11:05
Como a Privatização da Eletrobras Dividiu o Brasil e Criou uma Nova Gigante
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A histórica privatização da Eletrobras em 2022 transformou a estatal em uma corporação de capital pulverizado, resultado de um longo e complexo processo marcado por visões opostas sobre o futuro do setor elétrico no Brasil.

Em junho de 2022, o Brasil testemunhou um dos maiores eventos de seu mercado de capitais: a privatização da Eletrobras. Por meio de uma oferta de ações que movimentou R$ 33,7 bilhões, a União diluiu sua participação e deixou de ser a acionista controladora da maior empresa de energia da América Latina, que passou a ser uma corporação com capital pulverizado.

O processo foi defendido pelo governo da época como uma medida essencial para garantir a capacidade de investimento e a modernização da companhia, mas enfrentou forte oposição de setores que alertavam para os riscos à soberania energética e o aumento nas tarifas. A transação, concluída em 2022, continuou a gerar debates e uma disputa judicial com o novo governo, que foi encerrada com um acordo em 2025, definindo a nova configuração da empresa.

O caminho para a privatização da Eletrobras: a crise e a nova lei

A decisão de privatizar a Eletrobras foi o culminar de uma crise profunda que a empresa enfrentou a partir de 2014. Uma combinação de fatores, como os impactos da Operação Lava Jato, uma política de preços de combustíveis que gerou prejuízos e um alto endividamento, deixou a estatal com sua capacidade de investimento severamente limitada.

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Nesse cenário, o governo defendeu que a única saída para “destravar” o potencial da empresa seria a privatização. O instrumento legal para isso foi a Lei nº 14.182/2021. Ela autorizou um modelo de capitalização, no qual seriam emitidas novas ações sem a participação da União, o que, na prática, reduziria o controle do governo para menos de 50%.

A megaoperação da privatização da Eletrobras: como a venda aconteceu em junho de 2022

A operação que efetivou a privatização da Eletrobras foi uma das maiores da história da bolsa brasileira. Em 9 de junho de 2022, a empresa lançou uma oferta global de ações, com o preço de cada papel fixado em R$ 42,00.

A oferta total movimentou cerca de R$ 33,7 bilhões. A maior parte desse valor (R$ 30,76 bilhões) foi injetada diretamente no caixa da empresa, com o objetivo de financiar novos investimentos. Um fato notável foi a forte adesão de pequenos investidores e trabalhadores, que aplicaram R$ 6 bilhões de seus saldos do FGTS para comprar ações da companhia.

As controvérsias da privatização da Eletrobras: os argumentos pró e contra

A privatização da Eletrobras dividiu opiniões e foi cercada de polêmicas. Os defensores da medida argumentavam que, como empresa privada, a Eletrobras teria mais agilidade e capacidade de investimento, o que era essencial para a segurança do setor elétrico nacional.

Os críticos, por outro lado, levantaram diversas preocupações. O Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou o processo por 7 a 1, mas o voto contrário, do ministro Vital do Rêgo, apontava uma subavaliação dos ativos da empresa. Sindicatos e movimentos sociais alertavam que a venda do controle de um ativo estratégico representava uma perda de soberania e levaria a um aumento inevitável nas contas de luz.

Além disso, a lei da privatização incluiu a obrigação de contratar 8.000 MW de novas usinas termelétricas a gás, uma medida criticada por especialistas pelo alto custo, estimado em R$ 52 bilhões a mais na conta de luz dos brasileiros.

A nova Eletrobras e a disputa com o governo Lula

Após a privatização da Eletrobras, a companhia iniciou uma reestruturação sob o comando do CEO Wilson Ferreira Jr., com foco em eficiência e corte de custos, registrando um lucro de R$ 4,4 bilhões em 2023.

No entanto, a mudança de governo no Brasil levou a um novo conflito. Em maio de 2023, o governo do presidente Lula ajuizou uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) no Supremo Tribunal Federal (STF). O objetivo era anular a cláusula da lei que limitava o poder de voto da União a apenas 10%, mesmo o governo ainda sendo o maior acionista, com 42% das ações.

O acordo de 2025: o fim da disputa e o futuro da empresa

A batalha judicial gerou grande incerteza no mercado, mas foi resolvida com um acordo no final de fevereiro de 2025. A negociação, que pôs fim à ação no STF, foi uma troca de concessões que definiu a nova estrutura de poder na empresa.

Pelo acordo, o governo aceitou manter o limite de 10% no poder de voto. Em contrapartida, ganhou mais representação na governança, com o direito de indicar três dos dez membros do Conselho de Administração. Para a Eletrobras, a maior vitória foi se livrar da obrigação de investir na conclusão da problemática usina nuclear de Angra 3, um passivo de alto risco que agora volta a ser responsabilidade do governo.

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Eduardo Augusto
Eduardo Augusto
29/06/2025 14:33

Privatizar irá sucatas mais a empresa. Vejam exemplos que o zema quer privatizar a Cemig e Copasa em Minas. As tarifas irão aumentar e não terão qualidades. Quando faltam energia e ou água nos fds, as companhias se mobilizam para tomar ações rápidas, e se privatizar só teremos retornos dis serviços só ” Deus sabe”. Olham os serviços privatizados no RJ. Sem Quaidades e sem respeito com o meio ambiente.
Quero ver o inteligente me desafiar.!!!
Aguardo.

Eduardo Augusto
Eduardo Augusto
Em resposta a  Eduardo Augusto
29/06/2025 14:35

Se o zema privatizar irá vender ou dar para os amigos. Isso que o zema faz. Vejam na Cemig e Copasa quanto de amigos que esse governo colocou nas companhias. Muito mais que os governos anteriores colocaram.

Paulo Guedes
Paulo Guedes
29/06/2025 02:20

A verdade é que hoje a empresa está dividida entre Geração e Transmissão, onde a transmissão é o filé da Eletrobras. A Geração sendo sucateada. Sem funcionários qualificados pois a maioria já foi embora. No futuro bem próximo essa empresa irá parar de encher o bolso dos acionistas e será colocado os ativos sucateados entregues a venda pra outros grupos que acabarão com que resta. Pobre do setor energético brasileiro, que de estratégico não tem mais nada. Brasil na contra mão do mundo.

Marcelo
Marcelo
Em resposta a  Paulo Guedes
29/06/2025 03:20

Excelente análise! O Brasil saiu perdendo.

Romulo F.Farias
Romulo F.Farias
28/06/2025 20:48

Privatizar ativos públicos essenciais é como roubar na cara do freguês. Parece até colocar uma raposa dentro do galinheiro. E aqui as galinhas são os consumidores mesmo. Sobra nem as penas… Essas “Bras” foram criadas para servir o país e seus proprietários” o povo brasileiro” agora essa onda de privateiros de meia tigela surfando no slogan da anti-corrupção, como grileiros de mercado tomam esses ativos e devolvem pros verdadeiros donos um monopolio privado. Só **** não enxerga isso ou inimigo do povo mesmo.

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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