Guiada por satélite e equipada com inteligência artificial, uma única colheitadeira de nova geração realiza o trabalho equivalente a 100 homens, colhendo grãos em tempo recorde e redefinindo a produtividade no agronegócio.
A imagem de uma colheitadeira de R$ 5 milhões operando de forma autônoma é uma realidade no agronegócio brasileiro. Guiada por satélite, ela é capaz de fazer o trabalho de uma centena de homens. Esta máquina representa uma profunda transformação no campo, unindo engenharia de ponta, inteligência artificial (IA) e conectividade total. Ela não é uma visão do futuro, mas uma tecnologia presente que redefine os limites da produtividade agrícola.
Conheça as colheitadeiras mais avançadas do mercado
No topo do mercado de equipamentos agrícolas, três modelos se destacam. A John Deere Série X9, a Case IH Axial-Flow 9250 e a New Holland CR11 definem o que há de mais moderno em tecnologia de colheita.
A John Deere X9, conhecida como a “colheitadeira de 100 toneladas”, tem no modelo X9 1100 um motor de 690 hp e um tanque graneleiro de 16.210 litros, com foco em colher com altíssima velocidade. Por sua vez, a Case IH Axial-Flow 9250 é líder em automação, com seu sistema AFS Harvest Command™ que usa 16 sensores para ajustar a máquina em tempo real.
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Já a New Holland CR11, com motor de 775 hp e um impressionante tanque de 20.000 litros, foi projetada para produtividade máxima e perdas próximas de zero. O custo reflete essa tecnologia. Modelos usados de 2024, como a John Deere X9 1100, chegam a R$ 4,9 milhões. Já uma Case IH 9250 pode ser encontrada por R$ 4,6 milhões.
Como a colheitadeira opera com IA e conexão via satélite
O conceito de uma colheitadeira que “trabalha sozinha” vem da fusão entre IA e conectividade. Essas máquinas ainda não são 100% autônomas. Elas operam em um nível avançado de automação, onde a máquina gerencia a maioria das funções, mas um operador supervisiona o processo na cabine.
O papel do profissional mudou de motorista para gerente de sistemas. A IA embarcada é o coração dessa automação. Sistemas como o AFS Harvest Command™ da Case IH utilizam múltiplos sensores para monitorar a operação.
Eles ajustam dezenas de parâmetros de forma autônoma para atingir o objetivo definido, como “Qualidade de Grãos” ou “Rendimento Máximo”. A conexão via satélite é o que libera o potencial máximo da máquina. A parceria estratégica entre a John Deere e a SpaceX, utilizando a rede Starlink, resolve o problema de conectividade em áreas rurais.
Essa conexão constante permite o envio e recebimento de dados em tempo real, a realização de diagnósticos remotos pela concessionária e a comunicação direta entre máquinas na lavoura (M2M). Esse serviço, com lançamento previsto para o Brasil a partir do segundo semestre de 2024, é o elo que faltava para a agricultura digital.
O real impacto na produtividade e no emprego
A afirmação de que uma máquina faz o “trabalho de 100 homens” vem da mecanização da colheita de cana-de-açúcar. Lá, uma única colhedora substituiu de fato dezenas de cortadores manuais. O caso de Edgar Batista da Silva, em Minas Gerais, ilustra essa realidade. Após 22 anos no corte de cana, ele ficou desempregado com a mecanização completa da usina.
Na colheita de grãos, a dinâmica é diferente. O setor já é mecanizado há décadas. Aqui, a metáfora representa a consolidação de tarefas. Um único operador em uma colheitadeira John Deere X9 pode colher cerca de 102 hectares em um dia. Essa tarefa exigiria uma frota de 3 a 5 máquinas mais antigas, cada uma com seu operador.
A automação também muda o perfil do trabalhador. A demanda por trabalho manual diminui. Em seu lugar, cresce a necessidade de técnicos qualificados, capazes de gerenciar e manter esses sistemas complexos. Surgem novas funções, como analistas de dados e especialistas em robótica agrícola.
Análise do retorno da colheitadeira de ponta
A decisão de investir R$ 5 milhões em uma colheitadeira é estratégica. O retorno sobre o investimento (ROI) vem do aumento de receita e da redução de custos. A receita aumenta com a redução de perdas de grãos para menos de 1% e com a oportunidade de colher a safra no momento ideal, evitando perdas por clima.
Já os custos diminuem pela maior eficiência de combustível e pela menor necessidade de mão de obra. O investimento faz sentido em cenários específicos. É ideal para operações de grande escala, em lavouras de alta produtividade e em regiões com escassez de mão de obra qualificada.