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A cidade remota onde 13,2% das pessoas são milionárias

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 15/07/2025 às 21:10
cidade
Foto: Reprodução
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No meio do deserto, uma cidade criada para construir armas de destruição em massa se transformou em um dos lugares mais ricos e educados. Segredos nucleares e também um dado surpreendente: mais de 12% da população é milionária.

No imaginário coletivo, o dinheiro dos Estados Unidos estaria concentrado em lugares como Nova York, Los Angeles ou até escondido em algum cofre subterrâneo. Mas um dos locais mais ricos do país está em uma cidade isolado do Novo México.

Em um único distrito censitário de Los Alamos, 13,2% da população é formada por milionários.

Isso significa que, a cada sete pessoas e meia, uma tem pelo menos um milhão de dólares em ativos investíveis.

Uma cidade feita para a bomba

Los Alamos foi construída durante a Segunda Guerra Mundial com um único objetivo: desenvolver secretamente a bomba atômica.

A cidade era parte do Projeto Manhattan, e por isso foi instalada em um local remoto. Durante anos, era uma cidade militar, com acesso restrito e objetivo claro.

Mesmo depois do fim da guerra, o destino de Los Alamos ficou indefinido.

J. Robert Oppenheimer, o pai da bomba atômica, teria sugerido devolver as terras aos povos indígenas da região. Mas essa ideia não foi levada adiante.

Em vez disso, o laboratório continuou funcionando, mesmo sem uma missão clara por algum tempo.

Depois, passou a se dedicar à criação de bombas ainda mais poderosas — inclusive termonucleares, que surgiram durante a Guerra Fria.

De base militar a cidade modelo

Em 1954, o presidente Harry Truman assinou a Lei da Energia Atômica, transferindo a responsabilidade pelo arsenal nuclear dos militares para civis.

Três anos depois, os portões de segurança de Los Alamos foram removidos.

A cidade passou a ser, ao menos formalmente, um município como qualquer outro. Mas ainda contava com um dos maiores laboratórios de física nuclear dos EUA.

Com o tempo, a missão do laboratório se expandiu. Além das bombas, passou a trabalhar com pesquisas em segurança nacional, combustíveis alternativos.

Com tanto dinheiro público envolvido e a necessidade de atrair profissionais altamente qualificados, Los Alamos se transformou em um polo de oportunidades.

PHDs por todos os lados

O nível de educação em Los Alamos é impressionante. Enquanto a média de formados com ensino superior no Novo México é de 28,5%, em Los Alamos esse número chega a 69%.

E mais: quase 18% da população com mais de 25 anos tem doutorado, a maior taxa do país.

Para se ter uma ideia, nos mapas que mostram a concentração de PHDs por condado, Los Alamos aparece isolado, com uma cor mais escura do que qualquer outra região.

Esse padrão reflete na qualidade de vida. Enquanto 18,4% dos moradores do Novo México vivem na pobreza, em Los Alamos esse índice é de apenas 4,7%.

O acesso à internet, aos cuidados de saúde e a outros serviços básicos também é maior. Há até um bar que serve uma cerveja artesanal chamada Oppenheimer IPA.

Um oásis em meio ao deserto

Mas essa riqueza não se espalha pelas cidades ao redor. O contraste entre Los Alamos e o condado vizinho de Rio Arriba é gritante. Apesar de ter metade da população, Los Alamos arrecada oito vezes mais. Possui mais cafeterias, mais infraestrutura e mais renda por habitante.

Já Rio Arriba aparece com um site municipal simples, com links para uma lista de empregos e um leilão de um Ford Taurus 2008.

Ainda que muitos moradores de Rio Arriba trabalhem em Los Alamos, nenhuma política de redistribuição de recursos se mostrou duradoura.

Os esforços para mudar essa realidade não passaram de tentativas isoladas.

Milionários entre bombas e desertos

Hoje, Los Alamos é um ponto isolado de riqueza no meio do Novo México, um dos estados mais pobres dos EUA.

Com sua origem ligada à destruição, acabou se reinventando como centro de pesquisa e cidade de milionários. Não por sorte, nem por brechas na lei.

Mas por décadas de investimento pesado, altos salários e a necessidade de manter uma elite científica vivendo no meio do nada.

E assim, o mapa dos milionários americanos guarda um segredo curioso: um pequeno canto no deserto onde ciência, guerra e dinheiro se cruzam de forma única.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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