Tianducheng, na província de Zhejiang, foi projetada para reproduzir a capital francesa mas seu destino seguiu um caminho muito diferente do original.
A China é conhecida por sua capacidade de replicar e reinventar, mas nenhuma cópia é tão surpreendente quanto Tianducheng, a cidade projetada para ser uma versão quase idêntica de Paris. Localizada nos arredores de Hangzhou, o projeto abriga uma Torre Eiffel de 108 metros de altura, edifícios em estilo europeu e até uma réplica da Champs-Élysées.
Quando foi inaugurada em 2007, Tianducheng simbolizava o auge do crescimento urbano chinês. O plano era simples: oferecer uma vida “parisiense” à nova classe média do país. Mas a realidade foi diferente. O empreendimento, avaliado em bilhões de dólares, ficou quase vazio por anos, recebendo o apelido de “cidade-fantasma” até começar, aos poucos, a renascer.
Uma Paris em solo chinês
Foto de François Prost
A inspiração francesa está em todos os detalhes de Tianducheng. A réplica da Torre Eiffel, com um terço da altura da original, domina o horizonte.
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Ruas largas, fontes ornamentais e edifícios no estilo Haussmann recriam o charme parisiense, enquanto jardins e praças lembram o paisagismo dos Jardins de Luxemburgo.
O projeto incluiu também uma versão da Champs-Élysées e uma réplica da Fonte de Latona, do Palácio de Versalhes.
No total, a cidade cobre mais de 31 quilômetros quadrados, planejada para abrigar cerca de 100 mil pessoas.
A proposta da China era unir luxo e modernidade, criando um símbolo da ascensão econômica nacional. Mas, em vez de glamour, Tianducheng viveu anos de silêncio e abandono uma Paris sem parisienses.
O sonho que virou cidade-fantasma
Nos primeiros anos após a inauguração, Tianducheng foi palco de um dos maiores contrastes urbanos da China: ruas impecáveis, mas vazias.
Com menos de 2 mil moradores em 2013, a cidade se tornou um exemplo das chamadas “cidades-fantasma”, fenômeno comum em projetos imobiliários superdimensionados.
O preço alto dos imóveis afastou compradores e, sem comércio local ou transporte eficiente, a “Paris chinesa” parecia condenada ao esquecimento.
Fontes secaram, praças ficaram desertas e a imponente torre virou cenário para casamentos e vídeos curiosos nas redes sociais.
Mas a história não terminou ali.
A revitalização e o novo ritmo da cidade
A partir de 2017, Tianducheng começou a ganhar nova vida. A população saltou para cerca de 30 mil habitantes, atraída pela redução nos preços e pela expansão da infraestrutura.
A inauguração da estação Huangheshan, da linha 3 do metrô de Hangzhou, em 2022, conectou a cidade ao centro urbano e impulsionou a ocupação.
Hoje, Tianducheng abriga trabalhadores de fábricas e famílias locais, com comércio, escolas e espaços de convivência.
Ainda há muito a se desenvolver, mas a cidade perdeu o título de fantasma e virou uma curiosidade viva: um pedaço de Paris com alma chinesa.
O estilo francês segue presente nos prédios, nas avenidas e nas luzes da Torre Eiffel artificial, mas a vida é tipicamente local: roupas penduradas nas janelas, crianças nas praças e mercados com produtos tradicionais.
Paris original x Paris chinesa: semelhanças e contrastes
Apesar das semelhanças visuais, as diferenças entre Paris e Tianducheng são evidentes.
A capital francesa abriga mais de 2 milhões de habitantes em 105 km², enquanto a “cópia” chinesa tem cerca de 30 mil moradores e uma densidade muito menor.
A arquitetura é semelhante, mas a atmosfera é oposta. Paris pulsa com cultura, arte e turismo; Tianducheng é mais calma, comunitária e introspectiva.
O custo de vida também difere: enquanto morar em Paris é privilégio caro, viver em Tianducheng se tornou acessível à classe trabalhadora local após a queda nos preços dos apartamentos.
A Torre Eiffel chinesa mede 108 metros, cerca de um terço da altura do monumento original, e a avenida “Champs-Élysées” local é tranquila sem o trânsito, o luxo e a agitação parisienses.
Um experimento urbano que revela o espírito da China moderna
Tianducheng é mais do que uma réplica: é um símbolo da ambição e das contradições da urbanização chinesa.
O país construiu dezenas de cidades inspiradas em estilos estrangeiros, mas poucas alcançaram a notoriedade e a resistência dessa “Paris do Oriente”.
Hoje, o espaço sob a réplica da Torre Eiffel está sendo transformado em um centro comercial, com previsão de conclusão em 2027.
A cidade evolui, adaptando o sonho europeu à realidade asiática e mostrando que, na China, até as cópias podem criar uma identidade própria.
Você moraria em uma cidade que é uma réplica de Paris? Acha que projetos como esse refletem criatividade ou artificialidade?Deixe sua opinião nos comentários queremos saber como você enxerga esse experimento urbano chinês.