Tecnologia Seaturns transforma o movimento das ondas em eletricidade, proporcionando uma alternativa limpa e renovável para a geração de energia em ambientes marítimos
O movimento das ondas surge como uma solução promissora para a produção de energia renovável. Segundo o World Energy Council (WEC), essa fonte pode suprir até 10% da demanda global de eletricidade.
Diferentes tecnologias foram desenvolvidas para capturar essa energia, entre elas o flutuador cilíndrico Seaturns, testado com sucesso no porto de Brest pela empresa francesa de mesmo nome.
Testes de resistência e eficiência
A empresa de Bordeaux instalou seu flutuador no porto de Brest por 16 meses para avaliar seu desempenho e resistência. Os testes ocorreram em parceria com o instituto de pesquisa francês Ifremer.
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Durante esse período, o dispositivo enfrentou condições extremas, incluindo a passagem da tempestade Ciaran pela Bretanha. Segundo Gabriel Canteins, diretor de inovação da Seaturns, o equipamento apresentou estabilidade e eficiência energética. Ele destacou que quanto mais altas as ondas, maior a produção de eletricidade.
A potência estimada do flutuador cilíndrico varia entre 100 e 200 kW. Esses resultados demonstram o potencial do dispositivo para fornecer energia limpa e renovável em larga escala. A tecnologia pode representar um avanço significativo na diversificação da matriz energética global.
Impacto da vida marinha no desempenho
Além da resistência climática, os pesquisadores também avaliaram o impacto da vida marinha no funcionamento do flutuador. Moluscos, algas e crustáceos se fixaram na parte submersa e nas linhas de ancoragem do equipamento.
No entanto, segundo Martin Träsch, engenheiro do Ifremer, essas condições não afetaram de maneira significativa os movimentos do dispositivo. A estabilidade do flutuador diante desse fator é um avanço importante para sua aplicação prática.
Nos testes realizados, a empresa utilizou um protótipo de dimensões reduzidas. Esse modelo permitiu ajustes antes da construção de uma versão maior e definitiva. A viabilidade técnica do projeto se confirmou mesmo diante dos desafios naturais do ambiente marinho.
Próximos passos: expansão e implantação
Com o sucesso dos testes em Brest, a Seaturns planeja avançar para uma nova fase do projeto. A empresa pretende desenvolver um modelo de 14,5 metros de comprimento, 7,5 metros de altura e 42 toneladas. Esse demonstrador será instalado em Saint-Nazaire, na região do Pays de la Loire, em julho deste ano.
De acordo com Träsch, a nova etapa trará desafios adicionais, incluindo questões de transporte, enchimento do flutuador e manutenção. O projeto prevê a implantação de fazendas piloto compostas por fileiras de dez dispositivos entre 2026 e 2029. Se essa fase for bem-sucedida, a comercialização da tecnologia será iniciada em 2030.
Energia limpa para regiões isoladas
A proposta da Seaturns visa fornecer energia limpa a ilhas remotas e instalações estratégicas, como unidades de produção de hidrogênio. Para viabilizar a expansão, a empresa busca parcerias com indústrias e pretende arrecadar 2,4 milhões de euros.
A tecnologia dos flutuadores pode representar um avanço significativo na transição energética. Se implantada em larga escala, contribuirá para a redução da dependência de combustíveis fósseis e para o desenvolvimento de fontes renováveis mais acessíveis e eficientes.
Com informações de Neozone.