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A bebida mais forte do mundo é o Cocoroco, que nada mais é que álcool etílico potável, com 96% de teor alcoólico

Escrito por Noel Budeguer
Publicado em 06/11/2025 às 18:10
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Com 96% de teor alcoólico, o Cocoroco é considerado a bebida mais forte do mundo. Feito de forma artesanal, tornou-se símbolo cultural e exemplo extremo da destilação tradicional andina

Poucas bebidas no mundo são tão extremas e simbólicas quanto o Cocoroco, uma aguardente boliviana que ultrapassa qualquer noção comum de potência alcoólica. Com impressionantes 96% de teor alcoólico, o líquido transparente é considerado um dos destilados mais fortes do planeta, praticamente álcool puro.

Mas, muito além do seu impacto físico, o Cocoroco é também um símbolo cultural andino, profundamente enraizado nas tradições e na identidade do povo boliviano.

Uma bebida nascida no coração dos Andes

O Cocoroco é produzido há gerações em regiões do altiplano boliviano, especialmente nas comunidades aymaras e quechuas. Sua origem está ligada à destilação artesanal da cana-de-açúcar, um processo transmitido de pai para filho, que reflete a criatividade e a resistência das populações locais diante de condições climáticas e econômicas adversas.

Diferente dos destilados industriais, o Cocoroco é feito em pequenas destilarias familiares, muitas vezes com equipamentos simples e técnicas rudimentares. O resultado é uma bebida de pureza altíssima, o que explica seu teor alcoólico quase absoluto.

Em algumas regiões, ele é vendido em latas metálicas ou garrafas reutilizadas, sem rótulo sofisticado, reforçando seu caráter popular e tradicional.

A cana-de-açúcar é a base da destilação artesanal que dá origem ao Cocoroco, uma das bebidas mais fortes e tradicionais do mundo, com impressionantes 96% de teor alcoólico

Embora seu consumo seja limitado a pequenas quantidades, ele ocupa um papel especial nas festividades locais, nas reuniões comunitárias e até em cerimônias espirituais. Em celebrações de colheita, o Cocoroco é oferecido à Pachamama (Mãe Terra) como forma de agradecimento e bênção, um gesto que revela sua importância simbólica na cultura andina.

Uma potência que assusta o mundo e fascina turistas

Com 96% de álcool por volume, o Cocoroco ocupa lugar de destaque em listas internacionais das bebidas mais fortes do mundo. Nenhum outro destilado produzido legalmente atinge graduação tão alta sem recorrer a processos industriais complexos.

Em comparação, um whisky comum possui cerca de 40%, e até o famoso absinto europeu dificilmente ultrapassa os 70%.

Essa característica faz do Cocoroco um produto curioso para turistas e colecionadores que visitam a Bolívia. Muitos o encaram como uma espécie de “rito de coragem”, provando pequenas doses em bares locais, embora até mesmo os bolivianos mais experientes alertem que beber demais pode ser perigoso ou fatal.

O consumo é, portanto, mais simbólico que recreativo. Em grande parte do país, o Cocoroco é usado como base para coquetéis típicos ou misturado com sucos e chás de ervas, o que ameniza o impacto do álcool quase puro.

Mesmo assim, médicos e autoridades de saúde bolivianas recomendam extrema moderação, pois uma dose excessiva pode causar intoxicação grave, queimaduras no trato digestivo e até risco de coma alcoólico.

Em algumas regiões, ele é vendido em latas metálicas ou garrafas reutilizadas, sem rótulo sofisticado, reforçando seu caráter popular e tradicional.

Um patrimônio cultural e um desafio à regulamentação

Apesar de sua periculosidade, o Cocoroco é visto por muitos bolivianos como um patrimônio nacional. A bebida carrega a história de comunidades que sobreviveram com pouco, transformando o açúcar em algo valioso. Sua fabricação artesanal representa não apenas uma forma de sustento, mas também resistência cultural frente à modernização e à padronização do consumo global.

Fora da Bolívia, no entanto, a situação é bem diferente. Em países vizinhos como Chile, Argentina e Brasil, bebidas com graduação alcoólica acima de 60% são proibidas para consumo humano, o que torna o Cocoroco um produto restrito e, muitas vezes, alvo de contrabando nas zonas de fronteira.

Esse comércio informal faz parte da realidade andina e demonstra como uma tradição local pode enfrentar as barreiras da lei moderna.

Mesmo assim, o Cocoroco segue sendo produzido legalmente dentro do território boliviano, onde o governo reconhece seu valor histórico e cultural.

Algumas marcas chegaram a registrar o produto e a exportá-lo de forma limitada, mantendo o nome original e a graduação característica, um feito raro em tempos de regulamentação global do álcool.

Entre o perigo e o respeito: o legado do Cocoroco

Mais do que uma curiosidade etílica, o Cocoroco é o reflexo de uma cultura que equilibra devoção, tradição e risco. Sua presença nas festas andinas simboliza união e identidade, enquanto seu teor extremo lembra que a fronteira entre celebração e perigo é tênue.

Para os bolivianos, ele não é apenas uma bebida, é parte da história viva de um povo que aprendeu a transformar o que tem à disposição em algo capaz de atravessar séculos.

E, mesmo sendo visto com espanto pelo resto do mundo, o Cocoroco continua a representar o espírito indomável dos Andes, onde tradição e resistência ainda fervem em cada gole.

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Noel Budeguer

Sou jornalista argentino, vivendo no Rio de Janeiro, especializado em temas militares, tecnologia, energia e geopolítica. Escrevo artigos sobre temas complexos em uma linguagem acessível, mantendo rigor jornalístico e foco no impacto social e econômico

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