Uma van elétrica BYD eT3 de 2017/2018 ultrapassou 721.000 km mantendo a bateria original, em uso severo de entregas urbanas.
A história de uma BYD eT3 com mais de 721.000 km rodados e bateria original vira um marco importante para quem ainda teme a vida útil dos elétricos. Registrada em vídeo durante um evento no Brasil, a van segue operando após anos de uso severo em entregas urbanas, mostrando que a degradação pode ser muito menor do que muitos imaginam.
O exemplar em questão é de 2017/2018, período anterior à popularização da Blade Battery, e mesmo assim mantém usabilidade plena com a mesma bateria. Para aplicações de logística — com muitos ciclos de carga e descarga — esse número é surpreendente e dá pistas de que a bateria não é o “calcanhar de Aquiles” do elétrico.
Em 2022, a Quatro Rodas dirigiu um eT3 com quase 300.000 km e registrou perda de autonomia de cerca de 16% após seis anos, dentro do esperado por especialistas. Isso reforça que, em uso real, a degradação tende a ser lenta e previsível.
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Para quem opera frota, alta quilometragem não significa bateria condenada. O que mais sofre é o que sempre sofreu em veículos de trabalho, pneus, freios, suspensão e acabamento, enquanto o conjunto elétrico mostra robustez.
De LFP “pré-Blade” à Blade Battery: Por que as baterias da BYD duram tanto
A eT3 utiliza bateria de lítio ferro-fosfato (LFP), química reconhecida pela estabilidade térmica e ciclo de vida alto, mesmo antes do arranjo estrutural “Blade”. Nas versões atuais, a Blade Battery eleva ainda mais a durabilidade, com mais de 5.000 ciclos declarados pela própria BYD, uma métrica que pode ultrapassar 1 milhão de km em cenários típicos de uso urbano.
Além da longevidade, o formato “blade” melhora o aproveitamento de espaço no pack e a segurança, ajudando a manter a autonomia mesmo com capacidade semelhante. Na prática, isso significa menos ansiedade de recarga e vida útil estendida para quem roda muito todos os dias.
Outro ponto: a própria BYD atualizou a eT3 ao longo dos anos para a Blade, mantendo a química LFP e aperfeiçoando recarga rápida, autonomia e capacidade de carga, o que consolida a van como ferramenta de last mile.
Operação de frota: autonomia, recarga e rotina no dia a dia
Segundo dados da própria BYD na Europa, a eT3 utiliza bateria de 44,9 kWh (LFP), com autonomia de referência 233 a 275 km WLTP e recarga DC de até 50 kW. Esses números são consistentes com o uso em ciclos urbanos de entrega, onde há muita frenagem regenerativa e paradas frequentes.
Em termos de desgaste, a experiência de longo prazo indica que manutenções comuns — pneus, freios, alinhamento, itens de suspensão — continuarão a ser a maior linha do orçamento, enquanto a bateria preserva capacidade útil por muitos anos
Na prática, frotistas que padronizam procedimento de recarga, controlam estado de saúde da bateria (SOH) e monitoram temperatura e software de gerenciamento conseguem prever custos com mais precisão e maximizar disponibilidade.
O que muda para o bolso: custo por km, revenda e avaliação de usados
Se a bateria deixa de ser vilã, o custo total de propriedade cai por menor manutenção e previsibilidade energética, algo crítico em operações 24/7. A tendência é que veículos com histórico de baixa degradação preservem melhor o valor de revenda.
Para quem pensa em comprar um elétrico usado, vale adotar um checklist objetivo: ver o SOH via diagnóstico, conferir histórico de recarga e ambiente operacional, além de inspecionar os itens de desgaste típico. Casos pontuais de falha podem ocorrer, como em qualquer veículo, mas a evidência empírica e os testes de mídia indicam confiabilidade acima do imaginado.
No cenário atual, exemplos como o da eT3 acima e o avanço da Blade Battery ajudam a reduzir a incerteza do comprador e a profissionalizar a tomada de decisão de frotas que buscam eletrificação com payback claro.