Entenda o que é, como funciona e por que a fabricação desta válvula gigante, que custa milhões de dólares, é estratégica para o Brasil em 2025
No fundo do mar, a mais de 2.000 metros de profundidade nos campos do pré-sal brasileiro, opera uma das peças de engenharia mais críticas e robustas da indústria de petróleo: a árvore de natal molhada (ANM). Pesando até 80 toneladas, essa estrutura de aço é um conjunto de válvulas gigante, responsável por controlar a imensa pressão e o fluxo de óleo e gás de um poço submarino.
Apesar do nome curioso, sua função é extremamente séria e vital para a segurança e a viabilidade da produção de petróleo. A fabricação da árvore de natal molhada no Brasil se tornou um foco estratégico da indústria, um movimento que impulsiona a tecnologia nacional e a geração de empregos.
O que é e como funciona a árvore de natal molhada no fundo do mar?
A árvore de natal molhada é essencialmente um grande conjunto de válvulas instalado no topo de um poço de petróleo submarino. Sua principal função é controlar o fluxo de hidrocarbonetos, gerenciar a alta pressão vinda do reservatório e servir como um ponto de acesso seguro para manutenções e intervenções no poço.
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Existem duas configurações principais: vertical e horizontal. As árvores horizontais são as mais comuns hoje em dia, dominando 85% do mercado, pois facilitam intervenções futuras sem a necessidade de remover todo o equipamento, economizando tempo e dinheiro. O sistema é operado remotamente a partir de uma plataforma ou navio na superfície.
O gigante de 80 toneladas, suportando a pressão de 2.000 metros de profundidade
As condições de operação no pré-sal são extremas. A árvore de natal molhada precisa suportar não apenas a pressão interna do poço, que pode chegar a 15.000 psi, mas também a colossal pressão externa da coluna de água de mais de 2.000 metros. Essa pressão é cerca de 150 vezes maior que a pressão atmosférica que sentimos.
Para resistir a essa força, a ANM é uma estrutura maciça. Dependendo de sua complexidade, ela pode pesar mais de 70 toneladas, chegando a 86 toneladas em alguns modelos, e ter cerca de 7 metros de altura. Ela é fabricada com ligas de aço especiais para suportar a pressão e a corrosão causada pelo CO2 presente no petróleo do pré-sal.
Por que a “árvore de natal” submarina custa milhões de dólares?
O custo de uma única árvore de natal molhada chega à casa dos milhões de dólares. O preço varia drasticamente dependendo de sua complexidade, do número de válvulas, do diâmetro do poço e, principalmente, da capacidade de pressão que ela precisa suportar.
Embora seja difícil encontrar valores exatos, um contrato da Petrobras em 2013 para a compra de 49 árvores submarinas foi avaliado em 500 milhões de dólares. Isso resulta em um custo médio superior a 10 milhões de dólares por unidade na época. O alto valor reflete a engenharia de ponta, os materiais nobres e os testes rigorosos necessários para garantir a segurança e a durabilidade do equipamento por décadas.
A fabricação no Brasil, o foco estratégico da Petrobras para 2025
Em 2025, a fabricação de ANMs no Brasil é um dos principais focos estratégicos da indústria de petróleo e gás. Impulsionada pela Petrobras, a política de conteúdo local visa fortalecer a cadeia de suprimentos nacional e gerar empregos qualificados. Os principais fabricantes globais, como TechnipFMC, Baker Hughes e SLB OneSubsea, têm forte presença e fábricas no país.
Um exemplo claro dessa estratégia é o contrato assinado pela Petrobras em janeiro de 2024 com a SLB OneSubsea. O acordo prevê o fornecimento de até 19 árvores de natal molhadas, com a fabricação programada para começar no terceiro trimestre de 2024 em fábricas localizadas em Taubaté (SP) e Curitiba (PR). O contrato exige um mínimo de 55% de conteúdo local.
O papel estratégico da ANM na exploração do pré-sal brasileiro
A árvore de natal molhada é mais do que um equipamento; ela é um componente estratégico que viabiliza a exploração segura e eficiente das gigantescas reservas do pré-sal. Sem essa tecnologia, seria impossível controlar o fluxo de petróleo em águas tão profundas e sob pressões tão elevadas.
O investimento na fabricação local de ANMs e outros equipamentos submarinos não só aumenta a segurança energética do Brasil, como também impulsiona o desenvolvimento tecnológico e industrial do país. Ao dominar essa tecnologia, o Brasil se posiciona como um líder na exploração de petróleo em águas profundas e fortalece sua economia.