Investimento chinês no Brasil cresce 113% e soma US$ 4,18 bi em 2024, maior salto desde 2021, enquanto EUA e América Latina registram queda histórica.
O Brasil se consolidou em 2024 como um dos principais destinos do capital chinês no mundo. Segundo o Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), empresas chinesas investiram US$ 4,18 bilhões no país, crescimento de 113% em relação a 2023 e o maior salto desde 2021.
Enquanto no Brasil os aportes dobraram, em outros mercados a tendência foi oposta. Nos Estados Unidos, o investimento chinês caiu 11%, totalizando apenas US$ 2,23 bilhões. Já na América Latina, sem o Brasil, houve retração de 8,4%. O contraste reforça que o Brasil se tornou um destino prioritário de Pequim, em meio a um cenário global de incertezas.
Energia, infraestrutura e mineração lideram aportes chineses no país
O relatório do CEBC mostra que os recursos chineses se concentraram em setores estratégicos da economia brasileira:
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- Energia elétrica e renováveis: empresas da China ampliaram investimentos em parques solares, eólicos e linhas de transmissão, reforçando a posição do Brasil como polo da transição energética.
- Infraestrutura e logística: projetos em rodovias, ferrovias e portos receberam capital chinês para atender a demanda crescente do agronegócio e reduzir gargalos logísticos históricos.
- Mineração e lítio: companhias chinesas expandiram sua presença em projetos de ferro e minerais críticos, essenciais para baterias e a indústria tecnológica.
- Tecnologia e telecomunicações: empresas ligadas a 5G e transformação digital também ampliaram participação, fortalecendo a parceria estratégica entre os dois países.
Investimentos da China nos EUA e na América Latina recuam em 2024
Enquanto o Brasil recebeu o maior volume desde 2021, os EUA e outros países latino-americanos perderam espaço no radar de Pequim.
Nos Estados Unidos, o endurecimento das regras de segurança nacional limitou a entrada de empresas chinesas em setores estratégicos, reduzindo em 11% o fluxo de capital em 2024. Já em países vizinhos da América Latina, o recuo foi de 8,4%, sinal de que a China tem sido mais seletiva ao investir fora do Brasil.
Essa movimentação reforça a percepção de que o país ocupa uma posição excepcional e estratégica no cenário global, principalmente pela sua escala de mercado, riqueza em recursos naturais e estabilidade para projetos de longo prazo.
Brasil volta a ser prioridade estratégica do capital chinês, apontam especialistas
O salto de 113% nos investimentos foi visto como um sinal de confiança por analistas.
Para o economista Marcos Caramuru, ex-embaixador do Brasil em Pequim, “a retomada dos investimentos chineses mostra que o Brasil é considerado peça-chave no tabuleiro da China. Trata-se de uma aposta no longo prazo, que envolve energia, logística e alimentos”.
A pesquisadora Tatiana Rosito, do CEBC, lembra que “em 2024 o Brasil voltou ao top 3 global dos destinos do capital chinês, atrás apenas do Reino Unido e da Hungria. Isso mostra o peso do país quando existe previsibilidade regulatória e projetos sólidos”.
Capital chinês pode impulsionar transição energética e logística no Brasil
O impacto da entrada de capital chinês vai além dos números. Para especialistas, os recursos podem acelerar:
- Projetos de transição energética, ampliando a participação das renováveis na matriz elétrica.
- Obras de infraestrutura logística, fundamentais para reduzir o custo do transporte do agronegócio.
- Integração do Brasil a cadeias globais, fortalecendo setores de mineração, tecnologia e manufatura.
O desafio, segundo analistas, é equilibrar o ingresso desse capital com políticas que preservem a autonomia nacional. O Brasil precisa transformar os aportes em ganhos de produtividade e inovação, evitando dependência excessiva de um único parceiro.
Brasil no centro da nova rota do capital chinês
O avanço de 113% nos investimentos chineses em 2024 é um marco que recoloca o Brasil como destino prioritário de Pequim. Em um cenário de retração global, o país conseguiu atrair US$ 4,18 bilhões, o maior volume em três anos, ao mesmo tempo em que EUA e América Latina registraram quedas históricas.
Esse contraste mostra que o Brasil não é apenas mais um destino na estratégia chinesa: ele é parte do núcleo central de uma nova rota de investimentos internacionais.
Como o país irá usar essa oportunidade — para fortalecer energia limpa, infraestrutura e tecnologia — pode definir seu papel no tabuleiro econômico mundial da próxima década.