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Em 1999, aos 28 anos, Elon Musk já era milionário e preferiu investir tudo na X.com, que depois virou o PayPal e foi vendida por US$ 1,5 bilhão.
Em 1999, Elon Musk apareceu em uma entrevista rodeado por câmeras e expectativas. Com apenas 28 anos, recém-saído da venda de sua empresa Zip2 por centenas de milhões de dólares, o jovem sul-africano demonstrava mais vontade de recomeçar do que de aproveitar sua nova fortuna.
Ali, diante de um McLaren F1 de um milhão de dólares, ele anunciou que não queria luxo, mas sim criar algo novo. Um banco digital, por exemplo.
Hoje, Elon Musk é o homem mais rico do mundo. Mas o caminho até aqui foi cheio de altos e baixos, decisões ousadas e riscos gigantescos.
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A vida antes da fama
Elon Reeve Musk nasceu em 28 de junho de 1971, na cidade de Pretória, África do Sul. Filho da modelo canadense Maye Musk e do engenheiro Errol Musk, ele cresceu em uma família de classe média alta.
Ainda criança, demonstrava interesse por tecnologia. Aos 12 anos, criou um jogo de computador chamado Blastar, que foi vendido por 500 dólares.
Durante a juventude, sofreu bullying e buscou refúgio nos livros e nos computadores. Aos 17 anos, mudou-se para o Canadá, onde começou os estudos universitários.
Passou pela Queen’s University e depois pela Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, onde se formou em economia e física.
Chegou a iniciar um doutorado em Stanford, mas desistiu dois dias depois para investir na internet — uma aposta arriscada em 1995.
Zip2 e o primeiro sucesso
A primeira grande empreitada de Musk foi a Zip2, um guia urbano online criado junto com seu irmão. O negócio cresceu rapidamente e foi vendido em 1999 por US$ 307 milhões.
A participação de Elon rendeu mais de 20 milhões de dólares líquidos. Em vez de se aposentar, decidiu fundar a X.com, um banco 100% digital — algo inédito na época.
Na entrevista de 1999, ele disse que “poderia comprar uma ilha nas Bahamas”, mas preferia investir em algo novo. “Estou muito mais interessado em tentar construir e criar uma nova empresa”, afirmou.
Na ocasião, dirigia seu McLaren recém-adquirido com a noiva Justine Wilson. O carro, segundo ela, era “perfeito para o Vale do Silício”.
A fundação da X.com
A X.com foi fundada em março de 1999 com um investimento inicial de cerca de US$ 12 milhões do próprio Musk.
A ideia era oferecer contas bancárias, seguros e transferências financeiras totalmente online. Foi uma das primeiras fintechs do mundo e atraiu rapidamente a atenção do mercado.
Em 2000, a empresa se fundiu com a Confinity, dona de uma tecnologia chamada PayPal. Apesar dos conflitos internos, a fusão funcionou.
Musk queria manter o nome X.com, mas foi voto vencido. Em 2001, a empresa foi renomeada para PayPal.
Pouco antes disso, em uma viagem, Musk foi destituído do cargo de CEO por decisão dos executivos. Ele continuou como acionista.
A venda para o eBay e o próximo salto
Em outubro de 2002, o PayPal foi vendido para o eBay por US$ 1,5 bilhão. Musk, o maior acionista individual, com 11,7% das ações, recebeu cerca de US$ 180 milhões.
O dinheiro foi essencial para financiar seus próximos projetos. Ele aplicou praticamente tudo em três novas empresas: a SpaceX (fundada em 2002), a Tesla Motors (2004) e a SolarCity (2006).
Durante um período, chegou a ficar com pouco dinheiro líquido, mesmo sendo multimilionário. A aposta era alta, mas o retorno viria.
SpaceX: foguetes reutilizáveis e satélites
A SpaceX nasceu com um objetivo ambicioso: reduzir o custo das viagens espaciais. Um dos maiores feitos da empresa foi o desenvolvimento do Falcon 9, o primeiro foguete reutilizável a alcançar a órbita.
Em 2012, a SpaceX enviou uma cápsula não tripulada à Estação Espacial Internacional. Em 2020, a empresa fez história ao levar dois astronautas da NASA à estação, com a Crew Dragon.
O projeto Starlink, iniciado pela SpaceX, criou uma constelação de satélites para fornecer internet de alta velocidade em locais remotos.
Em 2024, mais de 3 milhões de clientes em 99 países já usavam o serviço. A frota da empresa responde por 60% dos satélites ativos em órbita.
Tesla: de pioneira a empresa em crise
A Tesla foi fundada em 2003 e Musk se tornou CEO, além de ser o principal nome por trás do design e da estratégia. Lançou modelos como o Roadster, Model S, Model 3, Model X, Model Y e o polêmico Cybertruck.
Este último foi criticado por não ter zonas de deformação para absorver impactos. Em 2024, dois acidentes com o modelo no Texas causaram grande repercussão, um deles com morte.
A Tesla realizou seis recalls do Cybertruck. Também enfrenta investigações e problemas com produção, atrasos e cortes de pessoal.
Em 2024, demitiu 14% dos funcionários. O Model 3, por exemplo, sofreu diversos atrasos. A participação da Tesla no mercado caiu de 75% para 49% em cinco anos.
Lucros em queda e crise de imagem
Em 2025, a Tesla divulgou uma queda de 71% no lucro líquido no primeiro trimestre. O valor caiu de US$ 1,4 bilhão para US$ 409 milhões.
A receita do período também caiu 9%, ficando em US$ 19,3 bilhões. Os motivos incluem queda nas vendas, prejuízo operacional e retração em mercados como Europa e EUA.
Além disso, a imagem de Elon Musk passou a afetar diretamente a marca. Seu apoio político a Donald Trump e declarações controversas causaram reações negativas, especialmente no público europeu.
A concorrência chinesa, especialmente a BYD, superou a Tesla em vendas de carros elétricos. Oferecendo preços mais baixos e tecnologia avançada, as marcas asiáticas obrigaram a Tesla a rever suas estratégias.
X: a compra do Twitter e o declínio
Em 2022, Musk comprou o Twitter por cerca de US$ 43 bilhões. Após brigas judiciais, assumiu o controle da empresa, demitiu metade dos funcionários e implementou um sistema pago de verificação.
Mudou o nome para X e transferiu a sede para o Texas.
A empresa perdeu valor: uma estimativa da Fidelity em 2024 apontou queda de 80% em seu valor de mercado.
Musk enfrenta pelo menos 30 processos relacionados à empresa, envolvendo ex-funcionários e fornecedores. Nomeou Linda Yaccarino como CEO, mas continua influente nas decisões da X.
Inovações e projetos paralelos
Além da SpaceX e da Tesla, Musk investiu no Hyperloop, sistema de transporte em tubos de baixa pressão. O projeto, que prometia ligar cidades como São Francisco e Los Angeles, está praticamente abandonado.
Outro investimento importante é a Neuralink, que desenvolve chips cerebrais. Após testes em macacos, alguns com efeitos colaterais severos, a empresa realizou o primeiro implante em humanos em 2024. Em 2025, três pessoas já usavam os dispositivos.
Relação com Trump e atuação no governo
Musk tem ligação antiga com Donald Trump. Em 2016, entrou no conselho do governo, mas saiu após os EUA deixarem o Acordo de Paris.
Voltou a apoiar Trump em 2024, durante a eleição presidencial. Após uma tentativa de assassinato contra Trump, Musk apareceu ao lado dele em comícios.
Ele criou um comitê de ação política e promoveu sorteios de US$ 1 milhão por dia para quem assinasse uma petição. O sorteio gerou processo, mas foi liberado pela Justiça.
Em 2025, foi nomeado chefe do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), criado para cortar gastos públicos.
Entretanto, ele brigou publicamente com Trump.
Vida pessoal, filhos e vícios
Elon Musk tem 14 filhos. É fã de videogames e já descreveu Elden Ring como “a arte mais bonita que já vi”. Segundo o biógrafo Walter Isaacson, esse hobby é quase um vício.
Em 2020, Musk afirmou que venderia quase todos os seus bens. Depois, passou a viver em uma casa alugada de US$ 50 mil no Texas, perto da base da SpaceX.
Também falou publicamente sobre ter síndrome de Asperger, o que ajuda a explicar seu estilo direto e, às vezes, insensível.
Fortuna instável
O patrimônio de Musk já passou dos US$ 400 bilhões. Em 2022, tornou-se a primeira pessoa a perder US$ 200 bilhões. Dois anos depois, voltou a ultrapassar essa marca.
A maior parte da fortuna está em ações da Tesla. Em 2024, o Washington Post estimou que ele possuía US$ 120 bilhões em papéis da empresa.
Musk atingiu seu primeiro bilhão com a venda do PayPal, em 2002. Desde então, acumulou marcos históricos, se tornando por várias vezes a pessoa mais rica do planeta.
Ele começou do zero?
Embora tenha construído sua fortuna com trabalho e inovação, Elon Musk não começou do zero. Cresceu em uma família com recursos.
O pai, Errol Musk, teve participação em uma mina de esmeraldas na Zâmbia, o que garantiu certo conforto financeiro à família.
Mesmo assim, Elon Musk não recebeu herança direta. Passou por dificuldades e chegou perto da falência ao investir tudo o que tinha em seus projetos durante a crise de 2008.
O futuro de Elon Musk
Com os lucros da Tesla em queda e sua imagem desgastada, Elon Musk sinaliza uma mudança de rota. A Tesla enfrenta investigações. A X perdeu valor.
A Neuralink ainda está longe de se tornar um produto comercial. E a SpaceX precisa manter sua liderança diante da concorrência.
Mesmo assim, Musk continua influente. Seus projetos mudaram o setor de energia, transporte e comunicações. O impacto do empresário no século XXI é profundo e duradouro.
