Descubra quais países têm as maiores reservas de terras raras do mundo, como exploram esses recursos estratégicos e por que eles são essenciais para o avanço da energia limpa e da tecnologia global.
À medida que o mundo caminha para um modelo econômico baseado em energia limpa e avanços tecnológicos, a busca por reservas de terras raras se intensifica. Esses elementos, embora chamados de “raros”, são encontrados em diversos lugares do planeta. No entanto, depósitos economicamente viáveis para mineração são escassos.
Esses metais têm um papel fundamental na fabricação de ímãs permanentes, usados em veículos elétricos, turbinas eólicas, eletrônicos, equipamentos médicos e até mesmo em tecnologias de defesa.
De acordo com o último levantamento do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), as reservas mundiais de terras raras chegam a 130 milhões de toneladas métricas.
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Mas a distribuição desse recurso é desigual, concentrando-se em poucos países que, consequentemente, exercem grande influência sobre sua cadeia de suprimentos.
Saiba quais são os 5 países com as maiores reservas de terras raras
China: liderança consolidada e controle estratégico
A China mantém uma posição dominante nesse setor. Com cerca de 44 milhões de toneladas métricas em reservas, o país não apenas lidera em volume, como também concentra a maior produção mundial, com 270 mil toneladas métricas extraídas em 2024.
Esse domínio não é por acaso. O governo chinês adota políticas rigorosas para proteger suas reservas e controlar o mercado. Isso inclui o combate à mineração ilegal, a formação de estoques nacionais e até a restrição de exportações.
Em 2023, por exemplo, a China proibiu a exportação de tecnologia para a fabricação de ímãs de terras raras, reforçando ainda mais seu poder estratégico no setor.
Brasil: potencial inexplorado e grandes expectativas
Com 21 milhões de toneladas métricas em reservas, o Brasil é o segundo país com maior volume de terras raras do mundo. Contudo, a produção ainda é tímida — apenas 20 toneladas métricas em 2024.
Essa realidade deve mudar nos próximos anos. Em Goiás, a empresa Serra Verde iniciou a produção comercial em 2024 e pretende alcançar 5 mil toneladas anuais até 2026.
O depósito Pela Ema, onde está a operação, é um dos maiores do tipo em argila iônica no mundo e produz elementos essenciais para a fabricação de ímãs, como neodímio, prasódio, térbio e disprósio.
O potencial brasileiro é enorme e pode transformar o país em um protagonista global na oferta de terras raras, principalmente em um cenário de crescente demanda internacional.
Índia: investimentos para ampliar a competitividade
A Índia ocupa a terceira posição no ranking, com 6,9 milhões de toneladas métricas em reservas e uma produção de 2.900 toneladas em 2024.
O país detém cerca de 35% dos depósitos minerais de praia e areia, fontes importantes de extração.
Nos últimos anos, o governo indiano vem investindo em pesquisa e desenvolvimento para expandir sua participação no setor.
Entre os projetos, destaca-se a construção da primeira planta de metais, ligas e ímãs no país, um passo importante para reduzir a dependência de importações e fortalecer a indústria nacional.
Austrália: fornecimento alternativo fora da Ásia
A Austrália é a quarta colocada, com 5,7 milhões de toneladas métricas em reservas e uma produção de 13 mil toneladas em 2024.
A mineração de terras raras no país começou em 2007 e deve crescer com a expansão da mina Mount Weld, operada pela Lynas Rare Earths, considerada a maior fornecedora fora da China.
Outro projeto relevante é a mina Yangibana, da Hastings Technology Metals, que deve iniciar operações em 2026, reforçando a posição australiana como um dos principais fornecedores alternativos ao mercado asiático.
Rússia: planos interrompidos por tensões geopolíticas
Com 3,8 milhões de toneladas métricas em reservas, a Rússia fecha o grupo dos cinco países com maior volume de terras raras.
Contudo, esse número sofreu uma forte revisão para baixo em 2024, caindo de 10 milhões no ano anterior.
Apesar de manter produção estável em torno de 2.500 toneladas métricas, o país enfrenta desafios para expandir sua exploração.
Um plano de investimento de US$ 1,5 bilhão foi anunciado para competir com a China, mas os impactos da guerra na Ucrânia parecem ter atrasado significativamente esses objetivos.
Desafios técnicos e ambientais da exploração
Apesar de sua importância, a mineração de terras raras não é simples. O processo de extração envolve separações químicas complexas, já que esses elementos têm propriedades muito semelhantes.
Além disso, muitos depósitos contêm elementos radioativos, como tório e urânio, o que aumenta os riscos ambientais.
Os impactos podem ser devastadores. Regiões da China e de Mianmar sofrem com degradação ambiental causada por mineração ilegal, poluição de rios e deslizamentos de terra.
Um relatório da Global Witness revelou que, em Mianmar, existem mais de 2.700 piscinas ilegais de lixiviação, cobrindo uma área equivalente ao tamanho de Cingapura.
Essa situação afeta diretamente a disponibilidade de água potável e a biodiversidade local.
A produção global de terras raras já cresceu de pouco mais de 100 mil toneladas métricas há uma década para 390 mil toneladas em 2024.
Essa tendência deve continuar com a alta demanda por veículos elétricos, energias renováveis e equipamentos eletrônicos.
Países com grandes reservas, mas produção ainda limitada, como Brasil e Vietnã, têm potencial para se tornar novos protagonistas no mercado.
Entretanto, a China permanece como o centro da cadeia de suprimentos e da tecnologia, o que alimenta tensões comerciais com grandes consumidores, como os Estados Unidos, que dependem fortemente do país asiático.
Com informações do Socientifica.