Ford Powershift DPS6, Volkswagen/Audi DSG DQ200, CVTs de Nissan e Renault, automatizados i-Motion e Dualogic/GSR e o automático AL4 acumulam queixas por falhas recorrentes e consertos caros.
Dados de oficinas, relatos de consumidores e processos em órgãos de defesa indicam que certos câmbios lideram queixas por trancos, superaquecimento, desgaste prematuro e reparos de alto custo. A busca por consumo menor e trocas rápidas trouxe soluções modernas, porém nem todas se mostraram robustas no trânsito urbano brasileiro.
O próprio Procon-SP mostra que o setor automotivo segue protagonista nos rankings de reclamações fundamentadas, com relatos de vícios de qualidade e discussões sobre cobertura de garantia, principalmente em manutenções mais caras como motor e câmbio.
Para o consumidor, histórico de revisões, scanner e laudo independente valem mais que promessas. E se o problema aparecer depois da garantia, há respaldo jurídico para discutir vício oculto, inclusive no sistema de transmissão, como reforça o Superior Tribunal de Justiça ao admitir a responsabilidade do fornecedor dentro da vida útil do produto.
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Powershift DPS6 da Ford: trepidações, aquecimento e embreagens
O câmbio automatizado de dupla embreagem a seco ficou famoso pela suavidade prometida, mas virou assunto de Procon. Em 2021, a Fundação Procon-SP multou a Ford por vício oculto relacionado ao Powershift, mencionando que a montadora colocou no mercado produto com defeito não sanado, afrontando o Código de Defesa do Consumidor.
É um precedente importante para quem enfrenta sintomas como trepidações, superaquecimento e trocas irregulares. A multa e as queixas foram amplamente noticiadas pela imprensa especializada e generalista, consolidando o tema no Brasil.
Se você avalia um usado com DPS6, teste em subidas, trânsito pesado e manobras, observe ruídos, exija relatório de temperatura e desgaste de embreagem e verifique se houve atualizações de software.
DSG DQ200 de 7 marchas: mecatrônica sensível e embreagem seca
O câmbio DSG DQ200 é um dual clutch de 7 marchas com embreagens secas e uma unidade de comando chamada mecatrônica. Em diversos mercados houve campanhas e ações técnicas para lotes específicos, incluindo casos envolvendo a própria mecatrônica e compatibilidade de fluido. Para o comprador, os sinais de alerta incluem engates abruptos, quedas para neutro e luz de anomalia.
Para além do Brasil, há registros oficiais e comunicações públicas de campanhas envolvendo o DQ200 em diferentes anos e países, o que ajuda a entender o tipo de falha e o custo de reparo quando a mecatrônica precisa ser substituída ou recondicionada. Leve ao scanner, leia códigos e teste em calor para reproduzir sintomas intermitentes.
CVTs mais citados em oficinas: calor, fluido e dirigibilidade
As transmissões CVT se multiplicaram em compactos e SUVs pelo ganho de consumo, mas oficinas e publicações técnicas relatam que calor e degradação do fluido são vilões clássicos, sobretudo em uso urbano intenso.
Manter inspeção periódica, antecipar trocas de fluido e evitar patinar em rampas ou “segurar” o carro no acelerador ajuda a reduzir risco. Se ouvir chiado metálico, perda de força ou patinação, investigue na hora.
Marcas com adoção ampla de CVT tiveram ondas de reclamações em diferentes momentos e mercados. No Brasil, a recomendação prática é seguir o manual e as inspeções por tempo e quilometragem, sem postergar manutenção preventiva. Publicações de serviço automotivo reforçam esse cuidado com câmbio CVT e automáticos em geral.
Automatizados de embreagem simples: i-Motion e Dualogic/GSR
Os automatizados de embreagem simples foram populares por custo mais baixo, mas acumulam queixas de trancos, falhas de atuador e calibração. A própria imprensa especializada registrou o fim do i-Motion na Volkswagen e a sobrevida do sistema rebatizado como GSR na Fiat, sempre com a ressalva de que a manutenção e a calibração corretas são decisivas para a dirigibilidade. Se o carro “pula” em arrancadas ou demora a engatar, desconfie.
Antes de comprar, peça relatório de adaptações do conjunto embreagem–atuador, teste partida em rampa, marcha-ré longa e manobras, e cheque se há histórico de troca de embreagem prematura. Isso evita assumir um carro que precisará de pacote de reparo logo na chegada à sua garagem.
Automático AL4 de PSA: eletroválvulas e modo de emergência
O antigo AL4 de Peugeot e Citroën aparece com frequência em oficinas independentes por falhas em eletroválvulas, pressão hidráulica e “modo de emergência”. Fontes técnicas e de reparação descrevem sintomas, atualizações e diagnósticos recomendados. Na avaliação, procure por trancos a frio, entradas inesperadas em emergência, vazamentos e histórico de troca de solenoides.
Se o câmbio já passou por reparo, verifique nota fiscal, peças usadas e garantia. Um AL4 bem mantido pode servir sem dramas, mas negligência com fluido e temperatura cobra caro depois.
Seus direitos: vício oculto e como agir
Quando o defeito aparece após o fim da garantia contratual, não significa que você perdeu o direito. O STJ consolidou entendimento de que o fornecedor pode responder por vício oculto dentro da vida útil do produto. Guarde laudos, orçamentos, exames por scanner, fotos e vídeos dos sintomas. Se o diálogo com a marca falhar, registre reclamação no Procon-SP ou no Procon do seu estado e avalie ação judicial com base no CDC.
Decisões de tribunais estaduais têm reconhecido vício oculto em transmissões em situações específicas, o que reforça a importância de prova técnica bem feita e histórico documental completo do veículo.