Com 625 metros de altura e quase 3 quilômetros de extensão, a Huajiang Grand Canyon Bridge impressiona pela engenharia e promete revolucionar a mobilidade em uma das regiões montanhosas mais desafiadoras da China.
A China inaugurou a Huajiang Grand Canyon Bridge, estrutura que passa a liderar o ranking das pontes mais altas do planeta.
O vão rodoviário fica a 625 metros acima do leito do rio Beipan, no sul da província de Guizhou, reduzindo o deslocamento entre as margens de cerca de duas horas para apenas dois minutos.
A abertura ao tráfego ocorreu no fim de setembro, após um cronograma de obras de aproximadamente três anos.
-
Com mais de 4 metros e 750 kg, esse tubarão-branco está entre os maiores predadores do Atlântico e pode crescer ainda mais, surpreendendo os pesquisadores; conheça o Contender
-
Ana Hickmann e Edu Guedes restauram fazenda de 185 anos transformando em novo lar e palco do casamento em 2025, com suítes, biblioteca e paisagismo
-
2.200 pés de café, 10 mil m² de verde e 6 variedades raras: maior cafezal urbano do mundo está no Brasil, floresce em SP, encanta com espetáculo natural e impulsiona pesquisas com abelhas polinizadoras
-
Jovem solicita 50 carros de app do ‘Uber sem motoristas’ ao mesmo tempo e acaba gerando caos em rua nos EUA
O que torna a ponte um novo recorde mundial
A ponte é uma suspensão com quatro faixas que integra a rodovia S57 (Liuzhi–Anlong Expressway).
O conjunto tem 2.890 metros de extensão total e um vão principal de 1.420 metros.
Embora o título de “mais alta” se refira à distância entre o tabuleiro e o fundo do cânion, as torres que sustentam os cabos alcançam cerca de 262 metros.
A diferença de cota entre o pavimento e o rio é o que estabelece o recorde global.
Ainda que o título use a medida de 625 metros para as torres, tecnicamente esse número descreve a altura livre sobre o desfiladeiro.
No padrão internacional de engenharia de pontes, é essa medida — e não a altura dos pilares — que determina a liderança no ranking de pontes mais altas.
Onde fica e por que importa
Guizhou concentra alguns dos projetos de engenharia mais desafiadores da China.
A topografia montanhosa, com vales profundos e encostas íngremes, impõe soluções de grande porte para garantir conexão entre cidades e polos produtivos.
A nova ponte cruza o Grand Canyon de Huajiang, um dos trechos mais acidentados do curso do Beipan, encurtando trajetos e integrando regiões antes separadas por estradas sinuosas.
Dados oficiais apontam que quase metade das 100 pontes mais altas do mundo está localizada em Guizhou, o que explica a familiaridade da província com obras de grande complexidade.
No mesmo estado fica a ponte Beipanjiang (ou Duge), com 565 metros de altura livre, agora reposicionada como a segunda mais alta do planeta.
Como foi a construção
O empreendimento começou em 2022 e foi concluído em 2025, dentro da janela usual de megaprojetos desse porte.
A execução combinou grandes volumes de concreto, montagem de treliças metálicas e lançamento de cabos principais por sistemas de içamento em terreno de difícil acesso.
A logística incluiu o controle de ventos fortes no cânion e a estabilização de taludes, condições típicas de vales profundos.
A operação de testes de carga antecedeu a abertura, com monitoramento por fibras ópticas embutidas em parte dos cabos.
Esse acompanhamento contínuo fornece dados estruturais em tempo real, permitindo ajustes de operação e manutenção conforme o comportamento do conjunto ao longo do tempo.
Impacto imediato na mobilidade
A ponte foi projetada para converter um trajeto de duas horas em uma travessia de dois minutos.
Autoridades de transporte da província destacaram que a obra elimina curvas fechadas e desníveis que limitavam a velocidade nas rotas antigas.
O percurso agora é mais direto e previsível, beneficiando tanto o transporte de cargas quanto o deslocamento de trabalhadores e estudantes entre municípios vizinhos.
Turismo e serviços no alto do cânion
Além da função logística, a ponte foi concebida para atrair visitantes.
O projeto prevê passarela de vidro, áreas de observação, elevador panorâmico e cafeteria em um dos topos.
Modalidades de esportes de aventura, como bungee jumping e slackline, foram integradas como atividades licenciadas, com protocolos de segurança específicos.
A limitação diária de acesso às áreas turísticas foi definida para preservar a experiência e manter padrões de segurança.
Comparação com outras referências
Em termos de altura livre, a Huajiang ultrapassa a Beipanjiang/Duge em 60 metros.
Em comprimento total, fica próxima de 3 quilômetros, com um vão central comparável a recordistas de ambientes montanhosos.
Já em “altura de torres”, outras pontes pelo mundo podem ser mais altas, mas não atingem a mesma diferença de nível entre o tabuleiro e o terreno abaixo, métrica que baliza o recorde atual.
Por que Guizhou concentra tantas pontes altas
A expansão econômica chinesa nas últimas décadas veio acompanhada de grandes investimentos em infraestrutura rodoviária e ferroviária.
Em Guizhou, uma malha crescente de dezenas de milhares de pontes venceu gargalos históricos de mobilidade em uma província de relevo montanhoso.
A combinação de demanda logística, financiamento público e domínio técnico criou um ambiente no qual soluções de engenharia extrema se tornaram rotina.
O que vem a seguir
Com a entrada em operação, a Huajiang deve redistribuir fluxos em corredores vizinhos, aliviar estradas antigas e estimular novos empreendimentos turísticos e comerciais nas duas margens.
Gestores locais projetam que a ponte funcione como eixo de integração de cultura, turismo e esportes de natureza, ampliando receitas regionais e consolidando o destino em roteiros nacionais e internacionais.
Enquanto a ponte ganha notoriedade mundial, o desafio passa a ser manter padrões de segurança e gestão de tráfego à altura do movimento que a obra tende a atrair.
Em paralelo, pesquisadores de transportes monitoram como projetos desse tipo reduzem tempos porta a porta, reconfiguram mercados de trabalho e encurtam distâncias econômicas em regiões de difícil acesso.
A estreia da ponte mais alta do mundo muda a forma de atravessar o cânion de Huajiang; a pergunta agora é como essa travessia expressa vai transformar a vida de quem mora e trabalha na região?