Deslocamento acima de 100 mil toneladas, ala aérea com cerca de 75 aeronaves, dois reatores nucleares e até 4.500 militares a bordo fazem de um porta-aviões nuclear uma das estruturas militares mais caras do mundo para manter ativa, especialmente em um cenário de operação no Caribe
Um porta-aviões nuclear em deslocamento para o Caribe, como o da classe Gerald Ford citado na base de dados, não representa apenas poder simbólico. Representa uma conta diária que parte de milhões de dólares e varia conforme o nível de atividade aérea, a intensidade da missão e o tamanho do grupo de ataque que o acompanha. A presença de um porta-aviões nuclear na costa venezuelana, por exemplo, envolve custos com alimentação, logística, combustível de aviação, munições e suporte, mesmo em tempos de paz.
O ponto central é que o casco de 100 mil toneladas e o fato de ser nuclear não tornam a operação barata. Pelo contrário. O reator nuclear dispensa reabastecimento do navio por décadas, mas todo o ecossistema ao redor do porta-aviões nuclear continua dependente de combustível, peças e pessoal altamente treinado. Apenas o navio, em operação básica e sem emprego intenso da aviação embarcada, pode ultrapassar 2 milhões de dólares por dia, valor que cresce rapidamente quando a missão exige voos constantes.
Por que o porta-aviões nuclear é caro mesmo em trânsito
Um porta-aviões nuclear deslocando-se do Atlântico para o Caribe opera em um modo de atividade reduzida, mas nunca em modo barato. Em trânsito, a marinha mantém voos de rotina para treinamento de pilotos, controle aéreo antecipado e vigilância do entorno, o que já consome parte do combustível de aviação JP-5 estocado a bordo.
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Mesmo assim, esse é o momento de menor custo, porque o foco está na navegação eficiente, na manutenção regular e na sustentação da tripulação.
A questão é que o porta-aviões nuclear não navega sozinho. Em cenário real, o navio é o núcleo de um grupo de ataque que envolve destroyers, cruzadores, submarinos e navios de apoio, elevando o contingente total para algo em torno de 7.500 militares.
Quando se considera todo o grupo, o custo diário fica mais sensível a combustível, peças e pessoal. Em trânsito, esse pacote pode ficar entre 2 e 4 milhões de dólares por dia, apenas para manter o conjunto deslocando-se com segurança.
Alimentação e logística de 4.500 pessoas todos os dias
Manter cerca de 4.500 tripulantes apenas no porta-aviões nuclear significa servir aproximadamente 18 mil refeições por dia, dentro do padrão nutricional da marinha, com fornecimento constante de carnes, vegetais, frutas e sobremesas.
A própria marinha dos Estados Unidos estima que a alimentação direta do navio de grande porte fica na faixa de 50 a 55 mil dólares por dia.
O problema é que esse número é apenas o piso. Quando se somam transporte de alimentos frescos, reabastecimento no mar e necessidade de manter a cadência de entrega a cada três ou quatro dias, esse custo diário sobe para patamar de centenas de milhares de dólares.
Alimentar milhares de militares em alto-mar, com padrão calórico rígido e exigência de frescor, é uma das rotinas mais caras e inegociáveis de um porta-aviões nuclear.
Aviação embarcada: o ponto que faz a conta explodir
O que realmente transforma o porta-aviões nuclear em uma operação caríssima é a sua função principal, que é lançar e recuperar aeronaves. Em regime de paz, o consumo de JP-5 gira em torno de 20 mil galões por dia, voltado a treinamentos e vigilância.
Em cenário de operação ou exercício intenso no Caribe, com decolagens frequentes de caças, aeronaves de alerta antecipado, helicópteros de resgate e até aviões de reabastecimento, o consumo pode superar facilmente 150 mil galões por dia.
Os próprios dados da marinha indicam que, com esse nível de atividade aérea, apenas o combustível das aeronaves pode ultrapassar 350 mil dólares em um único dia.
E isso sem contar o desgaste acelerado de equipamentos, a necessidade de mais ciclos de manutenção e o emprego de munições reais em caso de exercício avançado. Quanto mais o porta-aviões nuclear faz aquilo para que foi projetado, mais cara fica sua permanência no teatro de operações.
Munições e apoio tático encarecem o dia de combate
Em operações de combate, exercícios de alta complexidade ou demonstração de força, o porta-aviões nuclear não lança apenas o caça. Ele lança o caça, o helicóptero de resgate, o avião de alerta antecipado, o vetor de guerra eletrônica e, se necessário, aeronave para reabastecimento em voo.
Tudo isso no ar ao mesmo tempo, garantindo segurança e consciência situacional do grupo de ataque.
Quando há emprego real de armamentos, o custo diário passa a depender do tipo de munição utilizada. Mísseis ar-ar, mísseis de cruzeiro disparados por navios escolta e bombas de precisão têm valores unitários que chegam a centenas de milhares de dólares.
Em dias de operação intensa, essa conta sozinha pode somar milhões. É por isso que estimativas internas apontam que o custo de um grupo de ataque centrado em porta-aviões nuclear pode superar 20 milhões de dólares por dia quando tudo está ativo.
Por que o Caribe não é sinônimo de operação barata
Operar no Caribe costuma ser visto como mais simples do que operar no Oriente Médio ou no Pacífico, mas o porta-aviões nuclear precisa manter o mesmo nível de prontidão. É preciso deslocar navios-tanque, navios de transporte de munições e embarcações de apoio até a área de interesse.
Cada reabastecimento no mar exige planejamento, escolta e janela de segurança. Cada peça de reposição que chega por helicóptero tem um custo logístico associado.
Além disso, a presença perto da costa venezuelana, citada na base, exige vigilância constante e voos de controle de área, o que puxa o consumo de combustível e de horas de voo. O teatro de operações muda, mas a exigência de prontidão permanece, então o custo diário não cai de forma significativa.
Manter um porta-aviões nuclear operando no Caribe é mais do que sustentar um navio grande. É sustentar um ecossistema flutuante de guerra que come, voa, treina, reabastece e dispara todos os dias. Mesmo em trânsito, a conta já é de milhões.
Em cenário operacional, o valor diário pode chegar à casa dos 20 milhões de dólares, principalmente quando toda a ala aérea entra em ação.
Qual parte você acha que pesa mais na conta de um porta-aviões nuclear no Caribe: a operação diária da aviação embarcada ou a logística de alimentar milhares de militares em alto-mar? Comente.


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