Motoristas de todo o Brasil enfrentam novo desafio ao abastecer em julho, devido à suspensão temporária da fiscalização dos combustíveis, elevando a atenção sobre a qualidade dos produtos vendidos nos postos. Situação exige cautela durante o mês.
A partir de 1º de julho, motoristas de todo o Brasil devem redobrar a atenção ao abastecer seus veículos devido à suspensão temporária do Programa de Monitoramento da Qualidade dos Combustíveis (PMQC).
Segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), durante todo o mês de julho de 2025, não haverá fiscalização sistemática da qualidade da gasolina, etanol e diesel vendidos em postos do país.
O alerta ganha ainda mais importância diante do preço médio da gasolina, que alcançou R$ 6,23 por litro na última semana de junho, conforme levantamento oficial da ANP.
-
Seu carro e bolso podem estar em perigo: combustível adulterado, bomba baixa e irregularidades graves fazem ANP acender alerta em 8 estados brasileiros
-
Abastecer com etanol em 2025? Descubra por que a maioria dos brasileiros está perdendo dinheiro e veja em quais estados o álcool realmente compensa
-
Problemas na gasolina brasileira: fraudes e adulterações colocam bolso e segurança do consumidor em risco
-
Gasolina com menos etanol custa até R$ 150 por litro
A interrupção do monitoramento ocorre em um cenário de contenção orçamentária.
Dados da ANP indicam que, em 2013, o órgão possuía autorização para despesas discricionárias equivalentes a R$ 749 milhões (valor corrigido pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA).
Em 2024, esse valor caiu drasticamente para R$ 134 milhões, representando uma redução de 82%.
Para o ano de 2025, o orçamento inicial aprovado era de R$ 140,6 milhões, mas, após o Decreto nº 12.477 de 30 de maio de 2025, houve novo bloqueio de recursos, resultando em mais um corte de R$ 27,7 milhões e restringindo os recursos da agência a R$ 105,7 milhões.
Fiscalização da qualidade dos combustíveis: importância do monitoramento
O Programa de Monitoramento da Qualidade dos Combustíveis foi criado em 1998 e, desde então, realiza coletas mensais de amostras de gasolina, etanol e diesel em postos revendedores de todas as regiões do Brasil.
Essas amostras são sorteadas e enviadas ao Centro de Pesquisas e Análises Tecnológicas da ANP (CPT), em Brasília, e para laboratórios parceiros em universidades e instituições especializadas.
O objetivo é verificar se os combustíveis atendem aos parâmetros técnicos estabelecidos pela agência.
Quando a fiscalização aponta comercialização de combustível fora das especificações ou com qualidade adulterada, os postos podem ser autuados, com multas que variam de R$ 20 mil a R$ 5 milhões.
Nos casos mais graves, os equipamentos podem ser lacrados, e o estabelecimento recebe uma faixa de identificação com a inscrição “INTERDITADO PELA ANP”.
A reabertura só ocorre após nova inspeção e autorização do órgão regulador ou representantes credenciados.
O que muda para o consumidor durante a suspensão da fiscalização
Sem o monitoramento regular, a fiscalização da qualidade dos combustíveis fica prejudicada.
Cresce o risco de motoristas abastecerem com produtos adulterados.
Isso exige atenção redobrada por parte do consumidor, principalmente diante da possibilidade de variações no desempenho do veículo e até danos ao motor.
Especialistas reforçam que, nesse período, o cuidado na escolha do posto é ainda mais importante para evitar prejuízos.
Cuidados essenciais ao abastecer sem fiscalização
Com a suspensão da fiscalização, recomenda-se optar por postos de combustível de confiança, preferencialmente de redes reconhecidas nacionalmente.
Estabelecimentos com histórico de qualidade são menos propensos a comercializar combustível adulterado, segundo especialistas do setor.
Além disso, desconfie de preços muito abaixo da média regional, pois isso pode indicar possíveis irregularidades no produto vendido.
Caso o motorista perceba alterações no funcionamento do veículo logo após abastecer — como dificuldade para ligar o motor, oscilações de marcha lenta ou falhas na aceleração —, é fundamental buscar orientação de um mecânico de confiança.
Esses sintomas podem indicar presença de impurezas ou aditivos fora dos padrões, prejudicando o desempenho do motor e elevando o consumo de combustível.
Como identificar sinais de combustível adulterado
Os sinais de alerta mais comuns incluem:
- Motor que gira, mas demora a entrar em funcionamento, principalmente pela manhã
- Marcha lenta com variação acentuada do ponteiro enquanto o veículo está parado
- Falhas ou perda de potência na aceleração, especialmente ao iniciar o movimento
- Consumo excessivo de combustível, mesmo sem alteração no padrão de uso
Esses indícios podem se manifestar isoladamente ou de forma combinada e, além de afetarem o desempenho, tendem a elevar os gastos com abastecimento.
O que fazer em caso de suspeita de combustível adulterado
Ao identificar qualquer um desses sinais, a orientação é não utilizar o restante do combustível do tanque.
Embora esvaziar o tanque por completo possa parecer uma forma de evitar desperdício, especialistas apontam que isso pode gerar prejuízos ainda maiores com reparos e manutenção.
A recomendação é buscar imediatamente um profissional qualificado para realizar a drenagem e limpeza do sistema.
Para denúncias, o consumidor pode recorrer à Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, que mantém canal exclusivo para esse tipo de reclamação.
Também é possível acionar o Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) do seu estado, que atua na fiscalização de postos e pode intervir em casos de irregularidade.
Postos confiáveis e escolha estratégica durante o monitoramento suspenso
Empresas de grande porte, além de sofrerem fiscalizações periódicas, tendem a investir mais em qualidade e rastreabilidade dos produtos.
Em um cenário sem fiscalização direta da ANP, abastecer nesses locais é uma medida preventiva que reduz o risco de adquirir combustível fora dos padrões.
Fique atento também a estabelecimentos recém-abertos ou com bandeiras pouco conhecidas, pois, em situações de menor controle, aumentam as tentativas de fraude no setor.
A suspensão do Programa de Monitoramento da Qualidade dos Combustíveis acontece em um momento de altos preços, ampliando a preocupação do consumidor.
Embora a fiscalização retorne em agosto, julho exige atenção máxima dos motoristas brasileiros.
Diante desse cenário, como você avalia a confiança nos postos de combustível da sua cidade? Já teve problemas com combustível adulterado? Compartilhe sua experiência e contribua para alertar outros motoristas!