Da venda de revistas porta a porta ao método de investimento em valor: os passos decisivos que levaram Buffett de um garoto de Omaha à lista dos bilionários com patrimônio próximo a R$ 1 trilhão
Em 2025, com uma fortuna estimada em US$166,4 bilhões (cerca de R$ 938 bilhões de reais), Warren Buffett permanece como o quinto homem mais rico do mundo, segundo a revista Forbes. Mas poucos sabem que esse gigante das finanças começou “vendendo jornais” nas calçadas de Omaha, Nebraska, no início dos anos 1940. Foi ali, ainda na infância, que Buffett deu seus primeiros passos como empreendedor, saboreando o gostinho de ganhar cada centavo com trabalho duro e visão de futuro.
Filho de Howard Buffett, congressista e empresário, Warren demonstrou curiosidade precoce pelo mercado financeiro: aos 11 anos, comprou suas primeiras ações, e aos 14 já investia em negócios locais e economizava para o futuro. Sua educação formal incluiu passagens pela Wharton School e pela Columbia Business School, onde adotou a filosofia do “value investing” de Benjamin Graham.
Desde que assumiu o controle da têxtil Berkshire Hathaway em 1965 e a transformou num conglomerado global, Buffett nunca mais olhou para trás. Hoje, suas decisões de longo prazo e sua disciplina de investimento, aliadas à postura austera mesmo bilionário, fazem dele o “Oráculo de Omaha”, referência mundial em gestão de patrimônio.
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Da banca de jornais ao primeiro milhão
Nascido em 1930, Warren Edward Buffett cresceu em Omaha, onde vendia revistas e chicletes para os vizinhos ainda na escola primária. Com apenas 11 anos, usou parte de suas economias para adquirir ações da Cities Service e já se intrigava com os altos e baixos da Bolsa. Aos 14, juntou US$1.200, uma fortuna para a época, para comprar um terreno que gerava renda, seu primeiro grande investimento.
Durante o ensino médio, Buffett diversificou suas fontes de renda: entregava jornais, vendia selos e até instalou máquinas de pinball em barbearias, tirando proveito de cada oportunidade de lucro local. Quando concluiu o colegial, acumulava cerca de US$9.800 em poupança, o equivalente a mais de US$130 mil hoje.
Apesar do desejo de largar a faculdade e seguir no mundo dos negócios, atendendo ao conselho do pai, Buffett matriculou-se na Wharton School em 1947 e, dois anos depois, formou-se em Administração pela Universidade de Nebraska, aos 20 anos. Em 1951, concluiu mestrado em Economia na Columbia Business School, onde foi moldado pelo mentor Benjamin Graham, o famoso autor do livro O Investidor Inteligente.
A virada com o “value investing”
Encantado pelas lições de Graham, Buffett iniciou em 1951 sua carreira como analista de valores em Nova Iorque, trabalhando na Graham-Newman Corp. Rapidamente, abraçou o conceito de comprar ações de empresas cujo valor patrimonial superava o preço de mercado, garantindo uma “margem de segurança” nos investimentos.
Em 1956, aos 26 anos, lançou o Buffett Partnership Ltd., seu primeiro fundo de investimento. Com disciplina férrea, ampliou de três para seis parcerias até 1959, quando já geria mais de US$7 milhões em ativos, montante equivalente a mais de US$70 milhões atuais. Em 1961, sua sociedade comprou 23% da Sanborn Map Company, “barata” em relação ao valor de seus ativos, e lucrou 50% em apenas dois anos.
Esse histórico de retornos acima da média do mercado chamou atenção de Charlie Munger, que se tornou seu braço-direito em 1978 e ajudou a refinar a estratégia de Buffet, tornando-a ainda mais focada em negócios de alta qualidade e gestão competente.
A ascensão da Berkshire Hathaway
Em 1965, Buffett virou acionista majoritário da têxtil Berkshire Hathaway, negócio que ele mesmo chamaria mais tarde de “pior investimento” de sua vida. Porém, longe de abandonar a empresa, ele a converteu num veículo para aquisições em setores mais lucrativos, como seguros, energia e transportes.
Na década de 1970, incorporou a GEICO, cordoalhas da See’s Candies e, em 1988, adquiriu uma participação robusta na Coca-Cola, investimento que rendeu bilhões em dividendos e valorização. Em 2009, realizou a maior aquisição da história da Berkshire ao comprar a ferrovia Burlington Northern Santa Fe por US$34 bilhões em caixa e ações.
Sob sua liderança, a Berkshire Hathaway tornou-se o 18.º maior conglomerado do mundo em valor de mercado, segundo o Financial Times em 2009. Mesmo após superar os US$300 bilhões de capitalização em 2014, Buffett manteve-se fiel ao salário simbólico de US$100 mil ao ano, reforçando sua imagem de gestor austero.
Filosofia, frugalidade e legado
Conhecido por sua frase “compre empresas, não papéis”, Buffett elogia negócios de fácil compreensão e prefere manter ações indefinidamente, aproveitando o poder dos juros compostos¹⁷. Ele evita tecnologia que não domina, mas surpreendeu o mercado ao investir em IBM (2011) e Apple (2016), duas apostas que se provaram lucrativas.
Sua vida pessoal reflete coerência: mora até hoje na mesma casa em Omaha comprada em 1958 por US$31.500, dirige um Cadillac DTS e janta sanduíche na feira local, mesmo tendo dezenas de bilhões de dólares em ações na sua carteira. Essa frugalidade fortaleceu sua reputação e atraiu milhares de pessoas ao “Woodstock do Capitalismo”, a reunião anual de acionistas da Berkshire, que recepciona mais de 20 mil visitantes.
Em 2010, Buffett e Bill Gates lançaram o Giving Pledge, comprometendo bilionários a doar pelo menos metade de sua fortuna para causas sociais. Até 2025, Buffett havia doado mais de US$50 bilhões, tornando-se o maior filantropo vivo em valores absolutos.
Planejando o futuro do império
Em maio de 2025, aos 94 anos, Buffett anunciou que Greg Abel o sucederá como CEO da Berkshire Hathaway até o final do ano, garantindo transição suave e continuidade da cultura de valor de longo prazo. Ainda assim, ele permanecerá como presidente do conselho, orientando as decisões estratégicas.
A aposta agora é manter o modelo de conglomerado descentralizado, com CEOs locais conduzindo negócios de seguros, energia, transportes e bens de consumo sem interferência diária de Omaha. Essa governança enxuta. pioneira por Buffett. atende a aquisições de alta qualidade e permite aproveitar oportunidades em vários setores sem perder a agilidade.
A trajetória de Warren Buffett, do jornaleiro de Omaha ao “Oráculo” global, prova que disciplina, paciência e simplicidade podem gerar o mais sólido império de investimentos da história moderna. E, como ele próprio costuma dizer, “O mercado de ações é um dispositivo para transferir dinheiro dos impacientes para os pacientes.”
Força de vontade, disciplina, inteligência, conhecimento aprendido e ambição no ponto certo.
Isso ai