Com avanço acelerado, relatos revelam como a inteligência artificial já vem afetando trabalhadores de tecnologia e cargos de nível básico
A presença da inteligência artificial em ambientes de trabalho não é mais algo distante.
Relatos recentes mostram que a substituição de profissionais por modelos de IA já está acontecendo em empresas conhecidas.
A promessa de eficiência vem acompanhada de cortes e desvalorização de quem construiu carreiras.
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O CEO da Anthropic, Dario Amodei, afirmou que metade dos cargos de entrada no setor de colarinho branco pode desaparecer.
Apesar da afirmação ser vista por alguns como exagerada, profissionais da área relatam que o movimento já começou.
O código está sendo maltratado
Um engenheiro de software do Google relatou que a dependência da IA está prejudicando a qualidade do código.
Jovens programadores estariam confiando demais nas máquinas, e os mais experientes estariam deixando de pensar de forma profunda. O resultado seria um volume crescente de código ruim.
Segundo ele, essa produção massiva afeta toda a cadeia do setor de software, inclusive pessoas que nem fizeram parte do processo, mas confiam no que foi desenvolvido.
Demissões e clima tóxico
Outro relato vem de um ex-funcionário do Dropbox. A empresa teria eliminado sua função após a criação do Dash, o novo assistente de IA da companhia.
O entrevistado contou que o setor está “absolutamente tóxico” e que, mesmo tentando se recolocar, não tem recebido nenhum retorno.
Para ele, as demissões em massa por conta da IA não são um fenômeno passageiro, mas parte de uma mudança mais profunda e preocupante.
A máquina como diretora de marketing
O caso mais simbólico veio de um profissional da área de marketing. Ele contou que sua chefe decidiu nomear o ChatGPT como o novo diretor da área.
Segundo ele, o modelo “não estava nos superando” e só produzia conteúdo ruim. O pior, porém, foi ver um colega usar a IA como arma para humilhar uma funcionária com décadas de experiência.
Depois disso, a empresa demitiu o diretor de marketing humano e outras pessoas da equipe. A substituição ocorreu mesmo sem resultados superiores.
O risco de destruir a base
As histórias se acumulam. O problema, segundo os relatos, não é apenas a chegada da IA, mas a velocidade com que ela está sendo imposta.
Mesmo sem funcionar de forma confiável, empregadores têm dispensado dezenas de pessoas com conhecimento acumulado ao longo dos anos.
Em vez de investir na formação de novos talentos, as empresas estariam optando pela solução mais rápida — mas talvez mais destrutiva.
Se esse ritmo continuar, o risco é perder as bases das indústrias antes mesmo de criar soluções sociais como a renda básica universal. O ajuste será inevitável — e tudo indica que não será simples.