A tragédia do Titanic expôs falhas no aço e nos rebites usados em sua construção. Hoje, navios contam com materiais mais resistentes e tecnologia de ponta para enfrentar o mar
O naufrágio do Titanic, em 1912, ainda ecoa como um alerta sobre os limites da tecnologia da época. A tragédia revelou falhas sérias nos materiais usados em sua construção, especialmente no aço do casco, e serviu de base para importantes avanços na engenharia naval.
O aço do casco do Titanic
O casco do Titanic era composto por chapas de aço de baixo carbono, com teor inferior a 0,2% e espessura variando entre 2,5 e 3,8 centímetros.
As chapas eram unidas por mais de três milhões de rebites. Na parte central do navio, os rebites eram de aço de melhor qualidade. Já nas extremidades, como a proa e a popa, foram usados rebites de ferro forjado — mais frágeis e suscetíveis a falhas.
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Testes e análises metalúrgicas realizados anos depois apontaram que o aço do Titanic tinha altos teores de enxofre, oxigênio e fósforo. Esses elementos enfraquecem a estrutura do metal.
Outro ponto crítico foi a chamada temperatura de transição dúctil-frágil: o aço do navio se tornava quebradiço abaixo de 32 °C. No momento da colisão com o iceberg, a água do Atlântico Norte estava a cerca de -2 °C.
Durante o impacto, os rebites de ferro forjado, que apresentavam maior concentração de escórias, se romperam. Isso causou a separação das chapas do casco, permitindo que a água invadisse os compartimentos do navio rapidamente. A soma de chapas frágeis e rebites inferiores acelerou o naufrágio.
Aços usados em navios modernos
Hoje, a construção de navios se apoia em materiais muito mais avançados. Os aços atuais têm propriedades mecânicas superiores e maior resistência à corrosão, aumentando a durabilidade e a segurança das embarcações.
Um dos mais utilizados é o aço estrutural Classe A, comum em partes como cascos, vigas e costelas. Nos cascos de navios modernos, a espessura dessas chapas varia normalmente entre 15 e 30 milímetros — ou seja, 1,5 a 3 centímetros — dependendo do porte e da finalidade da embarcação.
Já as classes AH36 e DH36 oferecem alta resistência com menor peso, sendo ideais para enfrentar condições severas no mar sem comprometer a integridade do navio.
Em ambientes mais agressivos, como no contato direto com a água salgada, são usados aços inoxidáveis e de alta liga. Esses materiais contêm elementos como cromo, níquel e molibdênio, que garantem excelente resistência à corrosão. Componentes como hélices e equipamentos submarinos se beneficiam desse tipo de aço.
Há ainda os aços projetados para baixas temperaturas. Eles mantêm a resistência e a tenacidade mesmo sob congelamento, sendo fundamentais para navios que operam em regiões polares.
Aprendizados que moldaram o futuro
A evolução dos materiais na indústria naval não ocorreu por acaso. Estudar falhas passadas, como as do Titanic, foi essencial para criar soluções mais seguras.
Hoje, os aços utilizados nas embarcações modernas refletem décadas de pesquisa e inovação, buscando sempre mais segurança, eficiência e resistência em alto-mar.