Montenegro ganha destaque global ao atrair milionários com impostos baixos e localização estratégica, enquanto Reino Unido sofre maior êxodo de ricos em dez anos
O cenário global está assistindo a uma transformação sem precedentes na mobilidade dos mais ricos. Em 2025, cerca de 142 mil milionários devem mudar de país, deixando para trás imóveis de luxo e rotinas consolidadas em busca de estabilidade financeira e novas oportunidades.
A previsão é que em 2026 o número suba para aproximadamente 165 mil, impulsionado por instabilidades geopolíticas e econômicas.
Essa movimentação não é restrita a destinos tradicionais como Suíça, Estados Unidos e Emirados Árabes Unidos (EAU), que continuam atraentes.
-
Montadora chinesa que prometia transformar o mercado brasileiro abandona fábrica, e agora marca brasileira quer produzir híbridos com motor flex e 1.000 km de autonomia
-
Bancos instalados no seu celular permitem prejuízos de centenas de milhares de reais em ataques coordenados
-
Previdência privada de bancos tradicionais cobra taxas acima de 2% ao ano e corrói ganhos no longo prazo
-
O que é inflação e por que imprimir mais dinheiro não resolve o problema do Brasil
Uma nova estrela surge no mapa: Montenegro. Esse pequeno país europeu, situado entre o mar Adriático e as montanhas dos Alpes Dináricos, registrou um aumento de 124% no número de milionários na última década, segundo o Relatório de Migração de Riqueza Privada Henley 2025.
Montenegro como novo polo
Com uma população de 2,8 mil milionários, Montenegro ainda não se compara em volume a outras nações, mas tem ganhado destaque.
Parte desse crescimento se deve ao antigo programa de investimento para cidadania, conhecido como “visto dourado”.
Além disso, sua localização estratégica e políticas fiscais atraentes ajudam a consolidar o país como destino de preservação de riqueza.
De acordo com Dominic Volek, da Henley & Partners, o regime de baixa tributação, com impostos fixos sobre a renda e ausência de tributos sobre herança ou doações, torna Montenegro extremamente competitivo.
O pacote de atrativos inclui costa adriática, imóveis de luxo e estilo de vida mediterrâneo, criando um apelo tanto financeiro quanto pessoal.
A grande migração da riqueza
A previsão de crescimento da migração de milionários reflete um contexto de instabilidade. Volek aponta que fatores como tensões geopolíticas, desafios macroeconômicos e fragmentação sociopolítica aceleram esse movimento.
Ele observa que investidores globais estão incorporando riscos políticos às decisões sobre onde viver e investir, fenômeno já chamado por alguns de “a grande migração da riqueza”.
Os Emirados Árabes se consolidam como outro destino de destaque, atraindo cerca de 9,8 mil milionários apenas este ano.
A combinação de estabilidade política, ambiente favorável aos negócios e seu próprio “visto dourado” reforça a imagem do país como porto seguro para grandes fortunas.
Europa ocidental em perda de riqueza
Se Montenegro e outros países como Malta e Polônia registram avanços, a realidade de parte da Europa Ocidental é inversa.
Em 2025, pela primeira vez em uma década, um país europeu lidera a lista de maior saída de milionários: o Reino Unido. A expectativa é que 16,5 mil deixem o país, retirando um valor estimado em US$ 91,8 bilhões.
Essa fuga representa uma queda de 9% no número de milionários britânicos nos últimos dez anos. O fenômeno é atribuído a fatores como o impacto do Brexit, instabilidade política e mudanças fiscais que afetam estrangeiros não domiciliados.
O CEO da Henley & Partners, Juerg Steffen, observa que, apesar da saída, o Reino Unido ainda atrai ricos de outras regiões, especialmente americanos insatisfeitos com o governo Trump.
No entanto, sem mecanismos de entrada mais acessíveis, o país não consegue equilibrar a perda com novas entradas.
Sinais de alerta em outras potências
França, Espanha e Alemanha também enfrentam sinais preocupantes. Segundo Volek, entre 2023 e 2024 houve um aumento de 114% nas consultas de milionários alemães sobre opções de residência e cidadania no exterior.
Esse dado sugere, segundo ele, uma perda gradual de confiança entre a elite rica da Europa, com possíveis impactos futuros na estabilidade financeira e na inovação.
Assim, o mapa global da riqueza vive um momento de reconfiguração. A movimentação não é apenas geográfica, mas também estratégica, refletindo um cenário em que segurança, estabilidade e oportunidades pesam mais que tradição na hora de decidir onde viver e investir.
Com informações de Estadão.