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R$ 100 milhões, 9 mil tratores por ano e 120 empregos: gigante indiana dá passo ousado e aposta alto no agronegócio brasileiro

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 19/08/2025 às 18:22
Mahindra investe R$ 100 milhões em fábrica de tratores no RS, com produção de 9 mil unidades por ano e geração de 120 empregos diretos.
Mahindra investe R$ 100 milhões em fábrica de tratores no RS, com produção de 9 mil unidades por ano e geração de 120 empregos diretos.
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Multinacional indiana investirá em nova fábrica no Rio Grande do Sul com expectativa de milhares de tratores produzidos por ano, geração de empregos diretos e indiretos e impacto estratégico no agronegócio brasileiro.

A Mahindra confirmou a instalação de uma nova fábrica de tratores em Dois Irmãos (RS), com investimento total projetado de R$ 100 milhões, capacidade de até 9 mil unidades por ano e previsão de 120 empregos diretos.

O anúncio foi formalizado com a cessão, pela prefeitura, de um terreno de 89 mil m² no Vale do Sinos.

A etapa inicial do projeto prevê aporte de R$ 55 milhões e início das obras ainda em 2025.

Terreno, licenças e cronograma

A área destinada ao empreendimento fica às margens da BR-116 e foi apontada pelo município como estratégica para expansão industrial.

A administração local informou que o projeto já tem licença ambiental prévia e aguarda a emissão da licença de instalação para liberar a fase de canteiro de obras e edificação.

O planejamento da empresa indica início de construção em 2025, com metas internas que consideram avanço do cronograma regulatório.

Além do espaço para a planta principal, o terreno foi escolhido por permitir ampliações graduais nos próximos cinco anos.

Esse planejamento prevê fases construtivas modulares e a transferência ordenada da produção atual, hoje realizada no município, para a nova estrutura.

Mahindra investe R$ 100 milhões em fábrica de tratores no RS, com produção de 9 mil unidades por ano e geração de 120 empregos diretos. (Foto: Reprodução/bhaz)
Mahindra investe R$ 100 milhões em fábrica de tratores no RS, com produção de 9 mil unidades por ano e geração de 120 empregos diretos. (Foto: Reprodução/bhaz)

Capacidade produtiva e empregos

Com a nova linha, a Mahindra pretende triplicar a produção local, passando de cerca de 3 mil para até 9 mil tratores por ano quando a unidade atingir o regime pleno.

Em relação à força de trabalho, o plano prevê 120 empregos diretos na largada da operação, com oportunidades indiretas associadas à cadeia de fornecimento, manutenção e logística.

Estimativas divulgadas por autoridades e pela companhia apontam expansão do quadro total para cerca de 300 postos somando diretos e indiretos à medida que novas etapas forem inauguradas.

Essa evolução dependerá do avanço das obras, da liberação de novos módulos produtivos e do ritmo de demanda do mercado.

Por que Dois Irmãos venceu a disputa

A multinacional estudava a expansão da capacidade no Rio Grande do Sul desde 2017.

O Vale do Sinos foi considerado atrativo por reunir mão de obra qualificada, malha logística e base de fornecedores.

Inicialmente, a decisão havia recaído sobre Araricá, também na região, mas entraves ambientais inviabilizaram o cronograma na área escolhida à época, que era cortada por dois cursos d’água.

A mudança de rota recolocou Dois Irmãos como sede do projeto.

A prefeitura local destacou que a cessão do terreno e a estrutura de serviços — energia, acesso viário e disponibilidade de áreas para expansão — foram fatores decisivos.

A administração municipal também projeta incremento de receita com a movimentação econômica induzida pela fábrica, o que inclui arrecadação de impostos e circulação de serviços.

Mahindra investe R$ 100 milhões em fábrica de tratores no RS, com produção de 9 mil unidades por ano e geração de 120 empregos diretos. (Foto: agrosuljd)
Mahindra investe R$ 100 milhões em fábrica de tratores no RS, com produção de 9 mil unidades por ano e geração de 120 empregos diretos. (Foto: agrosuljd)

Estrutura da unidade e transferência da operação atual

O desenho industrial prevê setores de montagem, pintura, testes e expedição, além de áreas de apoio como almoxarifado e manutenção.

A produção hoje realizada em instalações menores no município será gradualmente transferida para a nova planta, que foi concebida para ganhar escala sem interrupções significativas.

A expectativa da empresa é que a plataforma fabril permita portfólio mais amplo de modelos e melhor tempo de resposta a picos de demanda.

Enquanto isso, a operação atual seguirá atendendo o mercado, com ajustes logísticos para a transição.

Na sequência, os módulos adicionais previstos para os próximos anos devem ampliar linhas e capacidade, condicionados ao desempenho do mercado e aos resultados da primeira fase.

Impacto na cadeia do agronegócio gaúcho

A chegada do novo investimento tende a fortalecer fornecedores locais de componentes, serviços industriais, transporte e manutenção.

Empresas de usinagem, pintura, eletrificação e logística veem oportunidade de internalizar pedidos hoje atendidos em outros estados.

A proximidade com polos agrícolas do Sul também favorece a estratégia de pós-venda e reposição, reduzindo prazos e custos de assistência técnica ao produtor.

No curto prazo, o efeito mais visível deve se dar na contratação de mão de obra e na demanda por serviços durante a obra civil.

Na operação, o foco recairá sobre técnicos, operadores, engenheiros e profissionais de qualidade e logística.

A prefeitura projeta efeito multiplicador na economia local, com aumento do consumo de bens e serviços e estímulo a novas parcerias com instituições de ensino para qualificação.

Investimento, fases e horizonte de cinco anos

Embora o projeto tenha sido anunciado como R$ 100 milhões, o plano financeiro foi estruturado em etapas.

A primeira fase, com R$ 55 milhões, cobre obras civis, instalações industriais e parte do maquinário.

A meta de R$ 100 milhões será alcançada conforme a fábrica avance para novos módulos e incorpore processos adicionais de produção e automação.

Essa modelagem em fases é comum em projetos industriais e facilita a adequação do investimento ao comportamento do mercado.

A estratégia reduz riscos de ociosidade e permite ajustes de engenharia e layout com base no desempenho real da linha.

No cenário de demanda sustentada, o cronograma aponta para a consolidação da capacidade de 9 mil tratores/ano dentro do horizonte de cinco anos.

Perfil global da Mahindra e relevância do Brasil

Fundada em 1945, em Mumbai, a Mahindra se diversificou ao longo das décadas e consolidou presença em setores como automotivo, aeroespacial e máquinas agrícolas.

No segmento de tratores, a empresa figura entre as líderes mundiais em volume, com atuação em mercados de perfil agrícola variado.

O Brasil é considerado eixo estratégico na América do Sul por combinar escala agrícola, demanda por mecanização e base de fornecedores.

A nova fábrica reforça a intenção de ampliar a participação no mercado brasileiro, com foco em modelos adaptados às condições tropicais e em serviços de pós-venda.

A combinação de produção local, rede de concessionárias e suporte técnico é apresentada pela companhia como vantagem competitiva para reduzir prazo de entrega e personalizar configurações de acordo com perfis regionais de cultivo.

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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