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Por que a NASA proibiu o uso de pneus de borracha em Marte? É perigoso!

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 13/01/2025 às 19:56
NASA, MARTE, PNEUS
Foto: Reprodução

Você sabia que pneus de borracha são proibidos em Marte? Descubra os riscos escondidos, os desafios das temperaturas extremas e como a NASA desenvolveu uma solução revolucionária para garantir o sucesso das missões no planeta vermelho.

Existem quatro veículos rover em Marte, mas os desafios de locomoção no planeta vermelho continuam a intrigar engenheiros e cientistas. Como as agências espaciais lidam com a exploração de uma superfície tão hostil? E por que os pneus de borracha comuns não são viáveis em Marte?

Se você estivesse planejando uma viagem longa, provavelmente faria uma checagem no seu carro antes de sair. Verificar os fluidos, as luzes e, claro, os pneus seriam indispensáveis. Mas e se a viagem fosse para Marte?

Primeiro, é bom garantir que o aquecedor funcione bem, porque as temperaturas por lá chegam a -107°C.

Nessa temperatura, a borracha deixa de ser flexível e se torna quebradiça, como vidro. Chutar um pneu de borracha em Marte poderia literalmente estilhaçá-lo. Isso já é motivo suficiente para deixar os pneus tradicionais fora dos projetos dos rovers.

Por que peso é um problema em Marte?

Mesmo que o frio extremo não fosse um problema, o peso seria. Pneus de borracha robustos, com tecelagem interna e aros reforçados,, adicionariam uma carga que os rovers simplesmente não podem carregar.

As missões para Marte precisam otimizar cada grama transportada. Um veículo espacial muito pesado pode comprometer a descida e o pouso, aumentando o risco de um impacto desastroso.

A superfície de Marte é coberta por regolito, uma mistura de poeira solta e fragmentos de rocha. Esse terreno é traiçoeiro.

Se o rover não tiver uma distribuição de peso ideal, ele pode afundar ou deslizar, colocando toda a missão em risco antes mesmo de começar.

NASA fez uma roda leve, mas resistente para Marte

Os engenheiros da NASA adotaram soluções criativas para superar esses desafios. No caso do rover Curiosity, cada roda foi usinada a partir de blocos de alumínio, tornando-as incrivelmente leves e finas. Com apenas 0,75 mm de espessura, as rodas sacrificaram parte da durabilidade para atender às restrições de peso.

Cada milímetro extra na espessura das rodas poderia adicionar cerca de 10 kg à massa total, o que exigiria cortes em outros equipamentos.

Embora essa abordagem tenha sido fundamental para o sucesso da missão, ela trouxe novos desafios. A superfície marciana se revelou mais dura do que o esperado, com rochas afiadas e condições descritas como “dentes de tubarão incrustados no concreto”.

Esse terreno punitivo causou danos significativos às rodas do Curiosity, com buracos e rasgos que comprometem sua eficiência.

Desafios da locomoção

O sistema de suspensão dos rovers é projetado para distribuir a carga de forma equilibrada. Quando uma roda atinge um obstáculo, o peso é redirecionado para as outras rodas.

Isso pode levar a pressões inesperadas em determinados pontos, resultando em danos maiores do que os previstos.

Os buracos nas rodas não são apenas um inconveniente estético. Eles aumentam a resistência ao movimento, fazendo com que o rover consuma mais energia para se locomover. Essa energia extra poderia ser usada para realizar experimentos científicos ou enviar dados de volta à Terra, mas, em vez disso, é gasta apenas para manter o rover em movimento.

Melhorando o design

Diante desses problemas, a NASA está trabalhando em novos projetos de rodas para futuras missões. A próxima geração de rovers, prevista para lançamento em 2020, trouxe a necessidade de mudanças no design.

Os materiais provavelmente continuarão sendo os mesmos, mas o formato das rodas precisará ser adaptado para suportar melhor as condições do terreno marciano.

Além das rochas afiadas, a areia solta continua sendo um grande obstáculo. As rodas dos rovers são equipadas com garras para melhorar a tração na gravidade reduzida de Marte, que é cerca de 40% da gravidade terrestre. No entanto, essas garras nem sempre são suficientes para evitar que o rover fique preso.

O impacto da gravidade e da superfície

Segundo o Dr. Terence Richards, especialista em desempenho de veículos espaciais, a gravidade e a secura extrema de Marte agravam os problemas de locomoção.

A ausência de umidade torna o regolito menos compacto, dificultando a sustentação do peso dos rovers. Quando as rodas afundam no solo, a resistência ao rolamento aumenta, exigindo mais energia para se mover.

Uma solução potencial são as rodas deformáveis, que ampliam a área de contato com o solo e distribuem melhor o peso. No entanto, projetar rodas que sejam leves, duráveis e capazes de lidar com todos esses desafios ainda é um equilíbrio complicado.

O que aprendemos com os rovers

As inovações desenvolvidas para os rovers de Marte têm aplicações além da exploração espacial. Em 2015, a NASA demonstrou o Veículo Robótico Modular, um carro elétrico que incorporava tecnologias de controle e rodas independentes usadas nos rovers.

Ele era eficiente em termos de energia, fácil de manobrar e controlado por joystick. Embora esse veículo não esteja disponível comercialmente, ele mostra como as soluções para Marte podem inspirar inovações na Terra.

A exploração de Marte continua sendo uma jornada de aprendizado. Cada missão revela novos desafios, mas também abre caminho para avanços tecnológicos que beneficiam não apenas a ciência espacial, mas também nosso dia a dia.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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