Nunca viu isso antes: o metrô entra por um lado do prédio e sai pelo outro… com os moradores ali, assistindo tudo
No sudoeste da China, existe uma cidade onde o metrô parece ter saído de um roteiro de ficção científica. Em Chongqing, a rede ferroviária urbana não apenas conecta bairros, mas também desafia a gravidade, atravessa edifícios e atinge profundidades que nenhum outro sistema do tipo conseguiu. Trata-se de um feito de engenharia urbana sem precedentes, em uma metrópole de mais de 31 milhões de habitantes que não conhece o plano — apenas aclives, declives e estruturas verticais. O sistema de transporte público de Chongqing já quebrou vários recordes mundiais e está prestes a estabelecer novos.
Um terreno onde construir trilhos parecia impossível
A ideia de criar um metrô em Chongqing existe desde os anos 1940, mas foi repetidamente descartada por um motivo simples: a geografia brutal da cidade. Localizada em uma região montanhosa e cortada por rios profundos, a topografia de Chongqing se assemelha a uma “montanha-russa urbana”, com elevações que variam até 250 metros em poucos quilômetros.
Durante as décadas de 1970 e 1980, enquanto cidades como Pequim e Xangai inauguravam seus metrôs convencionais, Chongqing permanecia sem solução viável. Isso mudou no final dos anos 1980, quando um grupo técnico começou a estudar alternativas. A resposta veio após missões internacionais de pesquisa: monotrilhos.
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Por que um monotrilho e não um metrô tradicional?
O monotrilho, ao contrário dos trilhos convencionais, é mais leve, consome menos energia e é capaz de contornar curvas fechadas e subir ladeiras íngremes — ideal para um terreno acidentado como o de Chongqing. Além disso, o custo de implantação era significativamente menor: cerca de US$ 100 milhões por quilômetro, contra US$ 200 milhões de um metrô subterrâneo tradicional, segundo relatórios técnicos chineses.
A linha que atravessa um prédio e funciona sem incomodar os moradores
Em 2005, foi inaugurada a Linha 2, o primeiro trecho do metrô de Chongqing, composto majoritariamente por vias elevadas. Uma de suas passagens mais icônicas é a que corta um edifício residencial nos andares 8 e 9. O projeto foi desenvolvido em parceria com a construtora do prédio, que implementou um sistema de isolamento acústico e estrutural usando colunas encapsuladas em cilindros de concreto. O som do trem dentro do edifício não passa dos 60 decibéis — o equivalente ao barulho de uma lavadora de louças.
A estação mais profunda do planeta está aqui
Se passar por dentro de prédios já impressiona, descer até a estação Hongyancun é uma experiência única. Com 116 metros de profundidade, ela é oficialmente a estação de metrô mais profunda do mundo, como confirma a China Daily. São oito escadas rolantes que podem levar até dez minutos para descer ao nível dos trilhos. Quem preferir o elevador chega ao fundo em cerca de 53 segundos — mas prepare-se para o ouvido estalar, como em um voo de avião.
Uma rede repleta de recordes e inovação
O sistema metroviário de Chongqing não para por aí. Entre seus feitos mais notáveis estão:
- Linha 3: é o monotrilho mais longo do mundo, com 56 km, e também o mais movimentado, com mais de 250 milhões de viagens por ano, segundo a CRRC.
- Egongyan Bridge: a ponte suspensa exclusiva para metrô mais longa do mundo, com 1,6 km.
- Caijia Bridge: ponte ferroviária com 100 metros de altura sobre o rio Jialing, criando o efeito visual de um “trem nas nuvens”.
- Hualongqiao Station: uma das estações mais altas do mundo, a 48 metros acima do solo.
Expansão agressiva e novas tecnologias
Atualmente, Chongqing conta com 12 linhas em operação e cerca de 561 km de trilhos, sendo o sexto maior sistema de metrô do mundo em extensão. Segundo o plano municipal, até 2035, o número de linhas deve chegar a 23.
A cidade inaugurou, no fim de 2023, a Linha 18, com 29 km, e em janeiro de 2025, entrou em operação a linha suburbana Bitong, com 37,5 km. As informações constam no portal oficial da Chongqing Rail Transit.
Outra inovação importante foi o lançamento do primeiro monotrilho autônomo com bancos cruzados na China, ligando terminais do Aeroporto Internacional de Chongqing. O modelo, fabricado pela CRRC, é um marco no transporte automatizado.
Impacto urbano e ambiental
Apenas em 2021, o metrô de Chongqing transportou mais de 1,1 bilhão de passageiros, com picos de até 4 milhões por dia. Isso não apenas aliviou o trânsito nas ruas, como impulsionou a economia regional. Em 2024, contratos com empresas de infraestrutura ferroviária superaram os 4,2 bilhões de yuanes (cerca de R$ 3 bilhões), de acordo com a agência Xinhua.
Além disso, uma nova linha de transmissão elétrica entre Xinjiang e Chongqing trouxe mais de 36 bilhões de kWh de energia, metade de fontes renováveis, contribuindo para a redução de 16 milhões de toneladas de CO₂ por ano.
Um futuro que promete mais marcos
O horizonte do metrô de Chongqing continua promissor. A próxima década deve testemunhar a inauguração de linhas subterrâneas ainda mais profundas, monotrilhos mais rápidos e estruturas interligadas a novos polos urbanos.
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