O enigma do 16º problema de Hilbert pode estar perto de uma solução, graças a pesquisadores brasileiros. Esse avanço promete revolucionar áreas como a cibersegurança e a criptografia quântica, abrindo novas possibilidades no estudo de sistemas dinâmicos.
Um dos desafios mais complexos da matemática moderna pode finalmente estar perto de uma solução, graças ao trabalho de pesquisadores brasileiros.
Cientistas da Universidade Estadual Paulista (Unesp) afirmam ter feito um avanço significativo na resolução do enigmático 16º problema de Hilbert, uma questão que intriga matemáticos desde 1900 e que poderia revolucionar nosso entendimento sobre sistemas dinâmicos, com impactos potenciais em áreas como criptografia quântica e segurança de dados.
Este problema, proposto por David Hilbert, é parte de uma lista de 23 questões matemáticas fundamentais que o matemático alemão lançou há mais de um século, visando orientar a pesquisa matemática ao longo do século 20.
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Enquanto alguns desses problemas foram resolvidos relativamente rápido, o 16º se mostrou particularmente desafiador, especialmente em sua segunda parte, que trata dos complexos ciclos-limites em sistemas dinâmicos.
O que é o 16º problema de Hilbert?
Hilbert dividiu o 16º problema em duas partes, cada uma relacionada a um campo específico da matemática.
A primeira parte investiga o número e a disposição de curvas ovais em determinadas configurações no plano.
A segunda, que é o foco do recente avanço brasileiro, explora quantos ciclos-limites — trajetórias fechadas em sistemas dinâmicos — podem existir em sistemas descritos por equações diferenciais polinomiais.
Para entender a questão, é útil lembrar alguns conceitos básicos. Em matemática, uma equação simples, como a equação linear, representa uma linha reta no plano cartesiano.
Equações com termos elevados ao quadrado, ao cubo ou a potências maiores geram curvas mais complexas, como parábolas e elipses, que formam o que os matemáticos chamam de polinômios.
Os ciclos-limites são essenciais para modelar fenômenos repetitivos em diversos sistemas naturais e artificiais, como a dinâmica de populações na ecologia e o controle de temperatura em data centers.
Estudar esses ciclos permite prever o comportamento de sistemas com padrão cíclico. A pergunta central de Hilbert era: quantos desses ciclos podem existir em um sistema dinâmico polinomial e onde eles se encontram?
A inovação dos pesquisadores brasileiros
Conforme os pesquisadores brasileiros explicam, o desafio sempre foi identificar e quantificar esses ciclos.
“Até então, os métodos apenas confirmavam a existência de ciclos-limites, mas não conseguiam determinar sua quantidade e localização”, afirma Vinícius, um dos autores do estudo publicado na revista Entropy. Foi justamente essa limitação que inspirou a equipe a buscar novas abordagens.
A solução encontrada envolveu a aplicação da Teoria Geométrica de Bifurcações (TGB), que oferece uma maneira mais precisa de analisar o comportamento dos sistemas dinâmicos.
Esta teoria utiliza métricas geométricas e a curvatura escalar Riemanniana para identificar o número máximo de ciclos-limites.
Segundo Vinícius, o número máximo de ciclos-limites em uma equação diferencial polinomial pode ser determinado pelo número de divergências da curvatura escalar rumo ao infinito.
A equipe validou esse método em mais de 20 sistemas dinâmicos com diferentes números de ciclos.
As implicações da descoberta
O avanço abre portas para diversas aplicações, especialmente no campo da cibersegurança.
Como explica a equipe, os ciclos-limites são fundamentais para sistemas de comunicação segura e para a criptografia quântica, que são cruciais para a proteção de dados em setores como o financeiro e bancário.
A descoberta dos pesquisadores também pode ser aplicada na biologia para entender dinâmicas populacionais e reações químicas, e na engenharia, para desenvolver sistemas de controle mais eficazes.
Segundo os autores, os próximos passos incluem a aplicação da Teoria Geométrica de Bifurcações a sistemas de dimensões superiores e a sua extensão para áreas como mecânica quântica e redes neurais.
Quais são os próximos passos?
Os autores, João Peres Vieira e Edson Denis Leonel, ambos da Unesp, pretendem explorar o método em sistemas dinâmicos ainda mais complexos.
Com isso, esperam desvendar outras aplicações e ampliar a compreensão sobre ciclos-limites em diferentes contextos matemáticos e científicos.