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Este é o sistema de túnel mais caro da história da mineração: US$ 3 bilhões para driblar o relevo e extrair cobre e ouro a 1.300 metros de profundidade e mais de 200 km de extensão

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 01/07/2025 às 09:56
Este é o sistema de túnel mais caro da história da mineração: US$ 3 bilhões para driblar o relevo e extrair cobre e ouro a 1.300 metros de profundidade e mais de 200 km de extensão
Foto: Este é o sistema de túnel mais caro da história da mineração: US$ 3 bilhões para driblar o relevo e extrair cobre e ouro a 1.300 metros de profundidade e mais de 200 km de extensão
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Com custo de US$ 3 bilhões, o sistema de túneis da mina Oyu Tolgoi é o mais caro da história da mineração e extrai cobre a 1.300 metros de profundidade.

No coração de um dos desertos mais áridos do mundo, na vastidão da Mongólia, esconde-se uma das maiores façanhas da engenharia moderna: o sistema de túneis mais caro da história da mineração. Com um investimento superior a US$ 3 bilhões, o projeto Oyu Tolgoi, liderado pela gigante Rio Tinto, não é apenas um empreendimento bilionário — é um exemplo do que acontece quando a geologia impõe desafios extremos e a engenharia responde com inovação sem precedentes.

Para extrair cobre e ouro a mais de 1.300 metros de profundidade, foi necessário desenvolver uma rede subterrânea colossal, operada por sistemas autônomos e projetada para funcionar por décadas. Mas o que faz esse túnel ser tão especial? E por que o mundo todo está de olho nesse projeto?

O túnel mais caro da história da mineração: Onde fica Oyu Tolgoi e por que ele é tão importante?

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Oyu Tolgoi está localizado no deserto de Gobi, no sul da Mongólia, a apenas 80 km da fronteira com a China. Seu nome significa “Turquesa Brilhante” na língua mongol, e não é por acaso: a mina abriga uma das maiores reservas mundiais de cobre e ouro, essenciais para a economia global.

Estima-se que, quando estiver em plena operação, o projeto poderá produzir até 500 mil toneladas de cobre por ano — suficiente para atender parte da crescente demanda mundial por esse metal, impulsionada por setores como energia renovável, carros elétricos e infraestrutura digital.

O ouro, por sua vez, também está presente em concentrações significativas, sendo extraído como subproduto do processo.

O túnel mais caro da história da mineração

O grande diferencial de Oyu Tolgoi está no fato de que seus principais depósitos minerais não estão acessíveis por escavações a céu aberto. Para alcançar o corpo de minério, foi necessário escavar um complexo sistema de túneis com mais de 200 km de extensão total, incluindo:

  • Poços verticais de ventilação e transporte
  • Túneis de acesso ao corpo mineral
  • Infraestrutura subterrânea de apoio
  • Galerias de extração com tecnologia block caving

O block caving, ou desabamento controlado por blocos, é uma das técnicas mais sofisticadas da mineração subterrânea. Ela permite a extração em larga escala de corpos minerais profundos, como os de Oyu Tolgoi, mas exige planejamento milimétrico, sistemas de ventilação e automação pesados — o que justifica o investimento bilionário.

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Só a construção dessa infraestrutura exigiu US$ 3 bilhões, tornando o sistema de túneis o mais caro já construído para fins de mineração no mundo.

Profundidade recorde: mais de 1.300 metros

Para ter acesso às reservas mais valiosas, as escavações alcançaram profundidades superiores a 1.300 metros, o que equivale a mais de 4 Torres Eiffel empilhadas. Nessa profundidade, o calor, a pressão e os riscos geotécnicos são enormes. Foi necessário projetar sistemas de refrigeração, controle de gases e reforços estruturais para garantir a segurança dos trabalhadores e das máquinas.

Além disso, todo o sistema foi pensado para funcionar com o mínimo de presença humana direta, utilizando equipamentos autônomos, operados por controle remoto e alimentados por inteligência artificial. Caminhões autônomos, perfuratrizes robóticas e sensores em tempo real compõem o ecossistema subterrâneo de Oyu Tolgoi.

A importância do cobre na nova economia global

A justificativa para tanto esforço e investimento está no próprio cobre. Esse metal está no centro da transição energética global: é usado em turbinas eólicas, painéis solares, cabos de transmissão, baterias, motores de carros elétricos, computadores, satélites e redes 5G.

A Agência Internacional de Energia (IEA) estima que a demanda por cobre pode dobrar até 2040, tornando minas como Oyu Tolgoi estratégicas para países e empresas que disputam espaço nos setores verde e tecnológico.

Por isso, a Rio Tinto vê o projeto como uma das suas apostas mais importantes das próximas décadas.

Um projeto geopoliticamente sensível

Além do desafio técnico, Oyu Tolgoi também envolve negociações complexas com o governo da Mongólia, que detém 34% da mina por meio da empresa estatal Erdenes Oyu Tolgoi LLC. O restante é operado pela Rio Tinto.

Ao longo dos anos, houve disputas sobre impostos, royalties, prazos e lucros, o que atrasou etapas do projeto por quase uma década. Em 2022, um acordo histórico foi fechado para destravar a expansão subterrânea da mina, permitindo que os túneis fossem finalizados e o projeto avançasse para a fase de produção total.

Essa dimensão geopolítica torna Oyu Tolgoi uma peça delicada no tabuleiro energético e diplomático da Ásia.

Impacto econômico local e global

Para a Mongólia, Oyu Tolgoi representa mais de 30% do PIB nacional quando estiver em plena operação. A mina já emprega cerca de 12.000 pessoas direta e indiretamente, além de gerar bilhões em investimentos na infraestrutura local, como estradas, linhas de energia e educação técnica.

Para o mundo, significa acesso a uma fonte confiável de cobre e ouro, especialmente em um momento de escassez e aumento de preços. A diversificação dos fornecedores, saindo da dependência de países como o Chile e o Peru, também tem impacto direto no equilíbrio do mercado global de metais.

O caso de Oyu Tolgoi mostra que o futuro da mineração está indo cada vez mais para o subterrâneo. Com a exaustão de jazidas superficiais, as empresas estão sendo obrigadas a investir em tecnologias que permitam explorar grandes profundidades com segurança, eficiência e menor impacto ambiental.

Esse é o novo paradigma do setor: mineração subterrânea, automatizada, conectada e bilionária. E o sistema de túneis de Oyu Tolgoi representa, até agora, o ápice dessa transformação.

O túnel mais caro da história da mineração é mais do que um feito de engenharia: é um símbolo de como ciência, geopolítica e recursos naturais se entrelaçam para atender às demandas de um mundo em transformação.

Investir bilhões para cavar o subsolo da Mongólia pode parecer exagero — mas, diante da corrida global por cobre e ouro, cada metro escavado em Oyu Tolgoi é uma aposta no futuro energético e tecnológico da humanidade.

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Valdemar Medeiros

Formado em Jornalismo e Marketing, é autor de mais de 20 mil artigos que já alcançaram milhões de leitores no Brasil e no exterior. Já escreveu para marcas e veículos como 99, Natura, O Boticário, CPG – Click Petróleo e Gás, Agência Raccon e outros. Especialista em Indústria Automotiva, Tecnologia, Carreiras (empregabilidade e cursos), Economia e outros temas. Contato e sugestões de pauta: valdemarmedeiros4@gmail.com. Não aceitamos currículos!

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