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Está mais caro construir e escassez de mão de obra na construção civil é a culpada, diz FGV

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 04/04/2025 às 17:07
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A construção civil enfrenta um desafio crítico: a falta de mão de obra qualificada elevou os custos a níveis alarmantes, pressionando empresas e consumidores. O cenário, impulsionado por fatores econômicos e estruturais, pode afetar obras em todo o país nos próximos meses.

Escassez de mão de obra qualificada atinge níveis recordes e encarece a construção civil no Brasil, aponta levantamento da FGV.

O setor da construção civil no Brasil vive um momento de pressão e incerteza, impulsionado pela escassez de mão de obra qualificada, que atingiu em março de 2025 o maior índice desde outubro de 2012.

Segundo dados da Sondagem da Construção, pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), 82% das empresas relatam dificuldade para contratar novos profissionais — um alerta que reacende o debate sobre a formação técnica e os desafios de retenção no setor.

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O cenário atual revela uma equação difícil de resolver: de um lado, a demanda por profissionais cresce, puxada por obras públicas e privadas que ganham ritmo em diversas regiões do país.

Do outro, a oferta de trabalhadores qualificados não acompanha o movimento, o que tem encarecido não apenas a mão de obra, mas todo o processo produtivo.

Profissionais estão em falta no mercado

O problema é ainda mais grave em áreas de serviços especializados, como instalações elétricas, hidráulicas e acabamentos.

De acordo com o FGV IBRE, 70% das empresas deste segmento afirmam não encontrar trabalhadores disponíveis — o maior percentual registrado desde o início da série histórica, em julho de 2010.

Para Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção da FGV, o cenário reflete um início de ano pessimista para o setor.

Ela destaca que a combinação entre escassez de mão de obra, crédito mais caro e desaceleração da atividade econômica compõem um “coquetel” que dificulta o avanço dos investimentos na área.

No entanto, há sinais de que as contratações devem ser retomadas ao longo do semestre, o que pode gerar ainda mais pressão sobre o mercado de trabalho.

Inflação na construção dispara

Além da dificuldade de contratar, o setor enfrenta um aumento expressivo nos custos.

A inflação da construção civil acumulada em 12 meses chegou a 7,32%, praticamente o dobro do índice registrado em março de 2024, que havia sido de 3,29%.

O maior impacto veio justamente da mão de obra, que registrou uma alta de 9,5%, superando os aumentos de insumos e materiais, cuja variação ficou em 5,9%.

Este dado reforça como a escassez de trabalhadores tem afetado diretamente os preços das obras, elevando orçamentos e dificultando a execução de projetos, principalmente no setor habitacional e de infraestrutura.

São Paulo vive cenário ainda mais crítico

A situação se agrava quando analisada em nível regional.

Em São Paulo, principal polo da construção civil no país, o Índice de Custo da Construção (ICC-SP) subiu 8,08% no acumulado de 12 meses, enquanto o componente relacionado à mão de obra avançou 10,49%.

No mesmo período de 2024, os percentuais eram de 3,61% para o ICC-SP e 3,29% para o Brasil.

De acordo com o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), as causas estão ligadas ao forte choque de juros iniciado em 2024, somado às incertezas do cenário macroeconômico global, como a guerra na Ucrânia, a instabilidade nos preços das commodities e a recente valorização do dólar, que afeta diretamente os custos dos insumos importados.

Formação técnica e valorização profissional em debate

Frente a esse panorama, a necessidade de investir na qualificação de mão de obra se torna urgente.
Embora o Brasil conte com diversas instituições de ensino técnico e profissionalizante, como o SENAI, a demanda do setor é superior à capacidade de formação atual.

Um levantamento da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), atualizado em fevereiro de 2025, estima que o país precisa de cerca de 350 mil novos profissionais capacitados até o final do ano para atender às demandas de obras públicas, habitação popular e empreendimentos privados.
Sem isso, o gargalo tende a se agravar.

Especialistas apontam ainda que a baixa atratividade da profissão entre os jovens é outro entrave.
Salários modestos, condições de trabalho difíceis e a falta de planos de carreira afastam novos talentos da construção civil.

Incentivos governamentais e parcerias com empresas privadas são alternativas consideradas para mitigar o problema.

Indicadores econômicos pressionam o setor

Os dados mais recentes também indicam uma recuperação tímida da atividade econômica, o que pode alimentar ainda mais a demanda por construção.

Segundo o Boletim Focus do Banco Central, a expectativa de crescimento do PIB em 2025 subiu para 1,9%, impulsionada por setores como agronegócio e infraestrutura.

Isso deve intensificar a procura por mão de obra, em um cenário já pressionado por custos.

Além disso, a taxa básica de juros (Selic) continua elevada, atualmente em 10,75%, o que encarece o crédito imobiliário e dificulta o financiamento de grandes obras.

Isso impacta diretamente os pequenos e médios construtores, que veem seus projetos sendo adiados ou redimensionados.

Como foi feita a pesquisa

A Sondagem da Construção da FGV IBRE foi realizada com 656 empresas do setor, localizadas em sete capitais brasileiras: Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre, Recife, Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo.

Os dados coletados refletem não apenas as condições atuais do mercado, mas também as expectativas para os próximos meses.

O levantamento é uma das principais fontes de análise sobre o comportamento do setor no país e serve como referência para governos, empresas e investidores que atuam na área de infraestrutura e habitação.

Um alerta para o futuro da construção no Brasil

O cenário atual da construção civil no Brasil é preocupante, mas também cheio de oportunidades.

A escassez de mão de obra, se bem gerida, pode estimular investimentos em educação técnica, valorização profissional e modernização de processos produtivos, como a construção modular e o uso de tecnologias como o BIM (Modelagem da Informação da Construção).

Conforme destacou a jornalista Ana Maria Castelo, da FGV, o momento exige atenção redobrada de gestores públicos e empresários.

A combinação entre crédito caro, inflação alta e falta de profissionais pode travar o desenvolvimento de um setor essencial para a economia brasileira.

E você, acredita que o Brasil está preparado para enfrentar esse apagão de mão de obra na construção civil? Deixe sua opinião nos comentários e compartilhe sua experiência!

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Carlos
Carlos
05/04/2025 05:58

O Brasil sempre está preparado para enfrentar esse apagão de mão de obra. Agora cabe as Empresas a valorização dos funcionários, cabe a gestão das Empresas não ficar indicando pessoas sem experiência para não sobrecarregar os funcionários que são desvalorizados, na construção civil o dia a dia dos funcionários são precários, locais sem uma estrutura que médias e pequenas empresas não fazem para os funcionários, péssima alimentação. E de acordo vai evoluindo as coisas vai sempre existir a migração de profissionais para outras funções. Infelizmente essa é a realidade e pode ter ainda mais.

Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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