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Conflito por energia renovável no Rio Grande do Norte: Comitiva realiza visitas

Escrito por Paulo H. S. Nogueira
Publicado em 19/08/2025 às 06:50
Aerogeradores de energia eólica em área rural com céu azul ao meio-dia.
Torres eólicas destacam-se acima das árvores em um cenário rural ensolarado, representando o avanço das energias renováveis.
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Descubra como a energia renovável no Rio Grande do Norte impacta comunidades rurais e gera conflitos sociais e ambientais em Serra do Mel.

O avanço da energia renovável no Rio Grande do Norte enfrenta uma série de desafios e conflitos envolvendo comunidades locais, empresas multinacionais e autoridades públicas.

Portanto, nos últimos anos, o estado se tornou um polo estratégico para instalar usinas eólicas e solares, atraindo investimentos nacionais e internacionais.

No entanto, embora a expansão do setor seja essencial para a transição energética do país. Ela também provocou tensões sociais e ambientais em áreas historicamente ocupadas por comunidades rurais.

Recentemente, uma comitiva formada por pesquisadores, técnicos de organizações de direitos humanos e representantes de universidades visitou o município de Serra do Mel. Localizado na região oeste do Rio Grande do Norte.

Assim, o grupo buscou compreender de perto os impactos sociais, econômicos e ambientais gerados pela instalação de usinas eólicas e solares da empresa Voltalia Energia do Brasil.

A iniciativa ocorreu, portanto, após uma audiência pública realizada em Natal, em 11 de julho, que discutiu uma ação civil pública coletiva movida por trabalhadores rurais contra a multinacional francesa.

Expansão da energia renovável e impactos sociais

O município de Serra do Mel possui uma história única. O projeto de colonização da região começou em 1972, promovido pelo governo estadual, e incentivava a produção agrícola, com foco na cajucultura e na apicultura.

Além disso, ao longo das décadas, a região desenvolveu uma comunidade rural sólida, baseada em pequenos produtores e cooperativas locais.

A chegada da Voltalia em 2010, com promessas de desenvolvimento econômico e geração de empregos, coincidiu com um período de seca severa e problemas agrícolas.

Consequentemente, criou-se a expectativa de aumento de renda e melhoria das condições de vida.

No entanto, a instalação das usinas trouxe desafios significativos para os moradores.

Segundo relatos de produtores rurais, a comunicação sobre os impactos do empreendimento ocorreu de forma limitada ou inexistente. E muitas decisões foram tomadas sem consultar a população local.

Além de desmatamento e alterações no solo agrícola, os moradores também apontam efeitos na saúde. Com sintomas relacionados à chamada “síndrome da turbina eólica”, incluindo insônia, ansiedade e depressão.

Assim, esses problemas têm preocupado pesquisadores e organizações de direitos humanos que acompanham a região.

Outro aspecto relevante envolve a percepção de desigualdade entre grandes empresas de energia e comunidades rurais.

Por outro lado, muitos moradores sentem que os benefícios econômicos gerados pelos parques eólicos e solares não retornam às populações locais.

Embora o Rio Grande do Norte registre avanços na produção de energia limpa. A distribuição dos lucros e das oportunidades de emprego nem sempre ocorre de forma equitativa.

Portanto, isso evidencia a necessidade de políticas públicas mais inclusivas e mecanismos de compensação social eficazes.

Contratos e repercussões econômicas

Os contratos firmados entre os produtores rurais e a Voltalia também se tornaram um ponto crítico.

Por exemplo, muitos moradores afirmam enfrentar cláusulas abusivas, remuneração abaixo do previsto e perda de direitos previdenciários.

Assim, a Federação dos Trabalhadores Rurais do RN (FETARN), junto ao Sindicato dos Agricultores e à Central Única dos Trabalhadores (CUT-RN), conduz a ação coletiva para revisar esses contratos.

Além disso, as entidades solicitam apoio médico e psicológico para os afetados.

O presidente da FETARN, Erivam do Carmo, destacou que a ação coletiva visa o reconhecimento do dano moral coletivo e ambiental.

Isso inclui prejuízos à paisagem, à fauna, à saúde da população e à produção agrícola familiar.

Portanto, para ele, a implementação da energia renovável no Rio Grande do Norte não deve ocorrer à custa das comunidades locais. E medidas de reparação são fundamentais para garantir justiça social.

Além disso, Irailson Nunes, da CUT-RN, reforça que muitos projetos de energia renovável no Nordeste avançaram sem debate com as comunidades. Ferando impactos significativos no modo de vida rural e no equilíbrio ambiental.

A Voltalia Energia do Brasil projeta instalar 40 usinas eólicas em Serra do Mel, das quais 36 já operam.

Assim, as entidades que representam os colonos pedem que a remuneração seja vinculada ao valor da energia gerada (kWh) e que adotem medidas de mitigação dos impactos ambientais e sociais.

Além disso, há demandas por transparência nas atividades da empresa e maior participação da população na tomada de decisões sobre projetos de energia renovável.

É importante destacar que outros estados do Nordeste enfrentam desafios semelhantes.

Portanto, a questão não se restringe apenas ao Rio Grande do Norte.

Assim, a experiência local pode servir como referência para criar políticas regionais, visando equilibrar expansão da energia limpa e preservação dos direitos das comunidades.

Desafios históricos e sustentabilidade

A situação em Serra do Mel reflete um dilema mais amplo envolvendo a expansão da energia renovável no Rio Grande do Norte e no Nordeste brasileiro.

O estado possui grande potencial eólico, com ventos constantes e áreas extensas, o que o torna um local estratégico para investimentos em energia limpa.

No entanto, transformar grandes áreas rurais em parques eólicos e solares precisa equilibrar desenvolvimento e preservação das comunidades e do meio ambiente.

O contexto histórico da região mostra que a colonização e o desenvolvimento agrícola construíram identidades locais importantes.

Por outro lado, a introdução de grandes empreendimentos de energia, sem diálogo com os moradores, gera conflitos que vão além do econômico, afetando questões sociais, culturais e ambientais.

Assim, a experiência de Serra do Mel pode servir como exemplo para implementar políticas mais inclusivas e sustentáveis em outras regiões do Brasil.

Jean Pierre, educador social do Serviço de Ação Rural (SAR), afirmou que a transição energética precisa ser justa e popular.

Segundo ele, as comunidades rurais não podem arcar com os custos sociais e ambientais do progresso verde.

Além disso, a participação da população na definição de políticas de energia renovável é essencial para reduzir desigualdades e prevenir conflitos futuros.

Ele ressalta que o modelo atual de expansão das usinas muitas vezes ignora a voz daqueles que vivem diretamente nos territórios afetados.

A integração entre políticas públicas, empresas e sociedade civil é fundamental para que a energia renovável no Rio Grande do Norte seja um motor de desenvolvimento inclusivo.

Portanto, programas de capacitação, acesso a tecnologias e incentivos para pequenos produtores podem reduzir desigualdades e fortalecer a economia local.

Isso garante que a energia limpa beneficie toda a comunidade.

Caminhos para uma transição justa

A situação em Serra do Mel evidencia a complexidade de implementar a energia renovável no Rio Grande do Norte, mostrando que a busca por desenvolvimento sustentável deve considerar não apenas a geração de energia, mas também o impacto social e ambiental.

Assim, a discussão sobre justiça energética, contratos justos e reparação de danos ambientais é central para que o crescimento do setor não ocorra à custa da população local.

Além disso, o caso reforça a necessidade de políticas públicas que integrem sustentabilidade, proteção dos direitos humanos e incentivo à participação comunitária.

Por outro lado, a expansão da energia limpa é essencial para o futuro do país e do planeta, mas deve respeitar o patrimônio cultural, a saúde e a economia das comunidades rurais.

A visita da comitiva ao município de Serra do Mel representa um passo importante para monitorar e compreender os efeitos da energia renovável no Rio Grande do Norte.

Ao envolver pesquisadores, técnicos e representantes de direitos humanos, é possível criar soluções mais justas e equilibradas.

Assim, elas atendem tanto aos objetivos de transição energética quanto às necessidades das populações locais.

O debate em torno da energia renovável, especialmente em regiões de forte presença rural, demonstra que o progresso tecnológico e ambiental não pode separar-se das questões sociais.

Assim, o futuro da energia renovável no Rio Grande do Norte depende de diálogo, transparência, responsabilidade ambiental e respeito aos direitos das comunidades.

Isso garante que o desenvolvimento sustentável seja inclusivo e realmente benéfico para todos.

Além disso, a conscientização sobre o papel da sociedade na fiscalização e monitoramento dos empreendimentos representa um elemento-chave para garantir que o crescimento do setor não ignore as necessidades locais.

Portanto, a colaboração entre cidadãos, pesquisadores e empresas pode gerar um modelo de energia renovável que seja sustentável e socialmente justo.

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Rio Grande do Norte, o maior produtor de energia eólica do Brasil | Petrobras

Paulo H. S. Nogueira

Sou Paulo Nogueira, formado em Eletrotécnica pelo Instituto Federal Fluminense (IFF), com experiência prática no setor offshore, atuando em plataformas de petróleo, FPSOs e embarcações de apoio. Hoje, dedico-me exclusivamente à divulgação de notícias, análises e tendências do setor energético brasileiro, levando informações confiáveis e atualizadas sobre petróleo, gás, energias renováveis e transição energética.

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