1. Início
  2. / Logística e Transporte
  3. / O colossal KUN 24-AP é o primeiro porta-contêiner movido a energia nuclear do mundo — com “bateria” substituível que pode revolucionar a logística global
Tempo de leitura 5 min de leitura Comentários 0 comentários

O colossal KUN 24-AP é o primeiro porta-contêiner movido a energia nuclear do mundo — com “bateria” substituível que pode revolucionar a logística global

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 20/06/2025 às 13:31
O colossal KUN 24-AP, primeiro porta-contêiner movido a energia nuclear do mundo com “bateria” substituível que pode revolucionar a logística global
Foto: iMarine
  • Reação
Uma pessoa reagiu a isso.
Reagir ao artigo

A China lança o KUN 24-AP, um navio com bateria nuclear que promete reduzir emissões e transformar o transporte marítimo global. Entenda como essa inovação logística da China coloca o país na liderança da nova era dos porta-contêineres nucleares

A China, através da CSSC (China State Shipbuilding Corporation) e do estaleiro Jiangnan, revelou no fim de 2023 o KUN 24-AP, o primeiro porta-contêiner nuclear do mundo com bateria nuclear substituível. Com capacidade para 24 mil contêineres e propulsão baseada em reator de sal fundido com tório, essa iniciativa marca um salto tecnológico para o setor naval. O projeto promete revolucionar a inovação logística da China e inspirar mudanças significativas na logística global.

O KUN 24‑AP e suas inovações

O navio tem dimensões equivalentes aos maiores cargueiros do planeta, com capacidade para transportar até 24.000 TEU (contêineres de 20 pés). A propulsão é garantida por um reator de sal fundido de tório, pertencente à Geração IV de reatores nucleares. Esses sistemas operam em alta temperatura e baixa pressão, oferecendo segurança superior e maior eficiência térmica.

O destaque está na adoção de um módulo de energia considerado uma “bateria nuclear”, projetada para ser substituível ao fim de seu ciclo de vida.

Com autonomia estimada de até 25 anos, essa solução elimina a necessidade de reabastecimento constante, algo comum nos navios movidos a combustível fóssil. Essa tecnologia também facilita manutenções e amplia a vida útil da embarcação.

Redução de impacto ambiental e aumento da eficiência

A principal vantagem do navio movido a energia nuclear é a eliminação de emissões durante sua operação. Isso está alinhado às metas de descarbonização da IMO (Organização Marítima Internacional), que pretende reduzir em 50% as emissões de gases do efeito estufa no setor até 2050.

Estudos da American Bureau of Shipping (ABS) destacam que reatores modulares como o do KUN 24-AP são uma alternativa viável e segura, especialmente para rotas intercontinentais.

O modelo nuclear permite alta eficiência térmica e elimina a dependência de combustíveis como o búnker oil. Essa eficiência também reduz custos operacionais e diminui a necessidade de paradas frequentes para reabastecimento.

A segurança do porta-contêiner nuclear

O porta-contêiner nuclear conta com sistema de segurança passiva, baseado em drenagem automática de fluido em caso de superaquecimento. Esse mecanismo evita fusão do núcleo e foi projetado para atuar mesmo sem ação humana ou energia elétrica.

A tecnologia MSR (Molten Salt Reactor) tem como vantagem operar em baixa pressão, reduzindo o risco de explosões catastróficas.

O colossal KUN 24-AP, primeiro porta-contêiner movido a energia nuclear do mundo com “bateria” substituível que pode revolucionar a logística global
Foto: iMarine

Além disso, o projeto recebeu certificação preliminar (Approval in Principle) da DNV, uma das principais entidades de classificação naval do mundo. Isso reforça a confiabilidade da proposta no contexto internacional e indica que o KUN 24-AP segue normas rigorosas de projeto e engenharia naval.

Reação da indústria ao navio chinês de energia nuclear

A introdução de um navio chinês de energia nuclear com autonomia de décadas tem gerado repercussão global. Enquanto a ABS considera a tecnologia promissora, empresas concorrentes, como a Samsung Heavy Industries, também estão investindo em reatores MSR para uso marítimo. Essa corrida tecnológica reflete o potencial disruptivo dessa solução para o setor logístico internacional.

Apesar disso, analistas apontam desafios regulatórios e operacionais. A aceitação de navios nucleares em portos internacionais ainda depende de acordos multilaterais e da revisão de tratados de segurança. Há também preocupações sobre como tratar possíveis acidentes e como implementar zonas seguras nos portos de destino.

Desafios regulatórios e técnicos da inovação logística

Portos ao redor do mundo podem impor restrições a navios com sistemas nucleares por questões de segurança e percepção pública. Além disso, não existe ainda um padrão internacional para operação de embarcações comerciais com reatores de sal fundido, o que pode dificultar a adoção generalizada.

A manutenção também exige profissionais altamente qualificados e infraestrutura sofisticada. Reatores MSR utilizam sais líquidos em temperaturas elevadas, demandando sistemas de monitoramento e controle de alta precisão. Embora o custo inicial de construção seja alto, especialistas projetam um retorno significativo a médio prazo devido à economia operacional.

Aprendizados com experiências anteriores de navio nuclear

A única experiência prévia de uso comercial de propulsão nuclear foi o navio russo Sevmorput, desativado após anos de operação com limitações de acesso a portos e altos custos de manutenção.

Em contraste, o KUN 24‑AP adota tecnologia de navio com bateria nuclear modular, que permite maior flexibilidade operacional e mais segurança. Porta-aviões militares, como os da classe Nimitz, também operam com reatores nucleares, mas requerem recargas e manutenção intensiva, ao contrário do novo modelo chinês.

O design do KUN 24-AP prevê ciclos de manutenção mais espaçados, maior confiabilidade e menor dependência de infraestrutura complexa.

O impacto do porta-contêiner nuclear na logística global

O porta-contêiner nuclear KUN 24‑AP pode operar por anos sem interrupções, reduzindo gargalos em canais logísticos como Suez e Panamá. Com maior previsibilidade nas rotas e sem a necessidade de reabastecimento, ele permite planejar rotas otimizadas e confiáveis, especialmente em regiões de acesso restrito ou com combustível caro.

Portos ao redor do mundo deverão adaptar suas instalações com protocolos de segurança, zonas de ancoragem específicas e procedimentos de manuseio de embarcações nucleares. Essa adaptação estrutural, embora complexa, pode gerar novos mercados e empregos especializados, estimulando economias locais.

O KUN 24‑AP pode abrir caminho para uma nova geração de navios comerciais mais limpos e eficientes. A inovação logística da China coloca o país na vanguarda de soluções sustentáveis para o transporte marítimo, com impacto significativo em emissores globais de carbono. Espera-se que outras nações acompanhem esse movimento, investindo em pesquisa e regulação para permitir operação segura de embarcações nucleares.

Embora desafios regulatórios e de aceitação pública permaneçam, a combinação de segurança, eficiência e autonomia torna o navio movido a energia nuclear uma das inovações mais relevantes da década.

O KUN 24‑AP representa mais do que uma inovação tecnológica: ele inaugura um novo paradigma na logística e no comércio internacional, com potencial para transformar a forma como o mundo transporta mercadorias pelos oceanos.

Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais recente
Mais antigos Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x