A China quer dominar o Mar do Sul com usinas nucleares flutuantes para abastecer de energia ilhas artificiais militares. Explore como essa estratégia impacta disputas territoriais e a resposta dos Estados Unidos e aliados.
Autoridades temem que as usinas nucleares possam alimentar de energia bases militares em ilhas artificiais construídas pela China na região.
A China está avançando com seus planos de desenvolver usinas nucleares flutuantes para fornecer energia às instalações militares que construiu em áreas disputadas do Mar da China Meridional. As informações são da revista Newsweek.
Estratégia de Controle no Pacífico Ocidental
A medida é uma parte importante da estratégia de Beijing para ganhar controle no Pacífico Ocidental, preocupando países como Indonésia, Malásia, Filipinas, Taiwan e Vietnã, com quem compete pela região que é alvo de disputas geopolíticas e tem rotas com um fluxo de comércio anual de US$ 3,4 trilhões.
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A China começou a construir usinas nucleares flutuantes em 2016, com planos de implantar até 20 deles no Mar da China Meridional. No mesmo ano, uma corte internacional considerou as construções da China na região ilegais. O projeto foi suspenso em maio de 2023 por questões de segurança.
Bancos de Energia Nuclear Móveis
Esses reatores, conhecidos como “bancos de energia” móveis, são pequenas usinas projetadas para serem instaladas em navios, fornecendo energia para ilhas artificiais chinesas com infraestrutura militar, como aeroportos. Estima-se que esses reatores operem com cerca de 25% da capacidade de uma central nuclear terrestre padrão, e Beijing atualmente possui 37 dessas centrais.
Em meio às tensões crescentes no Mar da China Meridional, pesquisadores de um think tank chinês apoiado pelo Estado chinês destacaram em um artigo de 2020 que esses reatores poderiam “assegurar a realização tranquila dos exercícios militares”.
Reações Internacionais
Os planos têm aumentado as tensões na região, especialmente entre outras nações que também reivindicam partes do Mar da China Meridional, como é o caso das Filipinas. Jonathan Malaya, diretor-geral assistente do Conselho de Segurança Nacional filipino, afirmou à mídia local: “Qualquer medida que apoie a presença militar nessas ilhas é uma ameaça à nossa segurança nacional e aos nossos interesses”.
Malaya também destacou que espera-se que os Estados Unidos e outras nações ocidentais, incluindo a Austrália, intensifiquem suas patrulhas conjuntas no Mar da China Meridional para contrabalançar a crescente influência da China.
Diretrizes de Segurança
Em meio a essa situação, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) defende a implementação de diretrizes internacionais rigorosas para assegurar a operação segura de reatores nucleares em ambientes marítimos.
Liu Pengyu, porta-voz da Embaixada da China em Washington, afirmou à reportagem que a China está colaborando com os países da Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático) para “promover a paz e a estabilidade no Mar do Sul da China”, visando transformá-lo em “uma região de paz, cooperação e prosperidade”. Ele também apontou que alguns países frequentemente usam a China como “desculpa para reforçar suas atividades militares na região, buscando manter sua supremacia marítima”.
Fortemente Armadas
Há quase uma década Beijing tem trabalhado na construção de ilhas artificiais em atóis remotos e recifes de coral no Mar da China Meridional. Essas ilhas incluem portos, pistas de pouso, quartéis e hangares. Apesar de uma promessa feita pelo presidente Xi Jinping em 2015 de que as ilhas não seriam militarizadas, a China instalou baterias antinavio e antiaéreas nas maiores ilhas, Subi, Mischief e Fiery Cross Reefs. Além disso, a China tem usado essas ilhas para pousar aeronaves e atracar navios de guerra, o que tem preocupado os EUA e aliados regionais.
Central de Energia Nuclear Flutuante Russa
Segundo o jornal The Washington Post, a Rússia é o único país que possui uma central nuclear flutuante, chamada Akademik Lomonosov, que foi colocada em operação em dezembro de 2019. Fotos da instalação revelam uma central de múltiplos andares em uma barcaça não motorizada. Segundo o IEEE Spectrum, essa central é composta por dois reatores KLT-40S de água pressurizada, semelhantes aos usados nos quebra-gelos nucleares russos, e duas usinas de turbinas a vapor.
Importância Estratégica
Na última década, o Mar da China Meridional tem sido palco de inúmeras disputas territoriais entre a China e outros reclamantes do Sudeste Asiático, bem como de uma disputa geopolítica com os Estados Unidos quanto à liberdade de navegação nas águas contestadas.
Os chineses ampliaram suas reivindicações sobre praticamente todo o Mar da China Meridional e ali ergueram bases insulares em atóis de coral ao longo dos últimos dez anos. Washington deu sua resposta com o envio de navios de guerra à região, no que classifica como “missões de liberdade de operação”.
Embora os EUA não tenham reivindicações territoriais na área, há décadas o governo norte-americano tem enviado navios e aeronaves da Marinha para patrulhar, com o objetivo de promover a navegação livre nas vias marítimas internacionais e no espaço aéreo.