A medida visa acelerar ainda o desenvolvimento de recursos e tecnologia de processamento. Pequim vai apertar o controle do mercado com o SOE controlando 70% da produção nacional
A China reestruturará três produtores de terras raras para criar uma empresa estatal, com o objetivo de estender o controle da produção de toda a cadeia de abastecimento, incluindo as exportações. A nova companhia terá uma participação de quase 70%, da cota de produção nacional, para os metais essenciais para a fabricação de produtos de alta tecnologia.
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O movimento que visa acelerar o desenvolvimento de recursos e tecnologia de processamento, tem como objetivo também, fortalecer o controle de Pequim sobre o setor de mineração em antecipação a tensões comerciais prolongadas com Washington. Assista o vídeo abaixo e entenda afinal o que é terras raras.
Pequim vai apertar o controle do mercado com o SOE controlando 70% da produção nacional
Ao reestruturar as principais empresas de terras raras do país, o governo busca ampliar o controle da produção para toda a cadeia de suprimentos, incluindo as exportações. O movimento vem à medida que os EUA procuram criar uma cadeia de suprimentos alternativa para terras raras, unindo forças com a Austrália.
A China Minmetals Corporation (CMC), uma grande empresa estatal de recursos, a China Aluminum Corporation, uma grande empresa estatal de metais, e o governo da cidade de Ganzhou, na província de Jiangxi, região conhecida por seus depósitos de terras raras, estão “planejando uma reorganização estratégica” de suas respectivas subsidiárias de terras raras, de acordo com a subsidiária listada da CMC.
Peng Huagang, secretário-geral da Comissão de Supervisão e Administração de Ativos estatais, que supervisiona empresas estatais, disse em uma coletiva de imprensa esta semana que o governo “promoveria a reestruturação de terras raras para criar uma empresa de classe mundial”.
Embora a definição de “reestruturação” não esteja clara, se for para ser uma fusão completa, a participação da nova empresa na cota de produção de terras raras médias e pesadas na China será de quase 70%, e a de terras raras como um todo, incluindo terras raras leves, será de quase 40%.
Terras raras médias e pesadas, como disprósio e térbio, são consideradas essenciais para a produção de ímãs de alto desempenho, que são usados em motores e outros componentes de veículos elétricos, e também são usados em drones e mísseis militares dos EUA.
O presidente chinês vê os metais como uma parte vital da economia da China
O presidente chinês, Xi Jinping, há muito vê os metais como uma parte vital da economia da China, dizendo em 2019 que “terras raras são um importante recurso estratégico”. Um projeto de lei sobre terras raras foi lançado em janeiro e está sendo discutido no Congresso Nacional Popular, parlamento da China.
A China é responsável por 60% da produção mundial de terras raras, de acordo com o Serviço Geológico dos EUA. Os principais destinos de exportação são o Japão (49% por valor), seguido pelos EUA (15%), segundo a mídia chinesa.
Terras raras também podem ser usadas como um trunfo diplomático para China
Para a liderança Xi, terras raras também podem ser usadas como um trunfo diplomático. Quando a China protestou contra a nacionalização do Japão, nas Ilhas Senkaku em 2010, Pequim paralisou as exportações de terras raras como forma de pressionar o lado japonês. O novo movimento para reestruturar a indústria das terras raras, portanto, pode afetar o fornecimento de terras raras para o Japão e os EUA, alertam analistas.
A demanda por terras raras está se expandindo devido à disseminação global de EVs. Devido à instabilidade política em Mianmar, outro grande produtor de terras raras, o preço do disprósio e do térbio na China aumentou cerca de 60% e 90%, respectivamente, de um ano atrás. No final de setembro, o governo chinês ampliou em 20% a cota de produção de terras raras para 2021 em relação ao ano anterior.