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Brasil corre algum risco? Cientistas alertam que a principal corrente do Atlântico pode entrar em colapso, com impactos globais

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 25/10/2024 às 18:56
Brasil corre algum risco? Cientistas alertam que a principal corrente do Atlântico pode entrar em colapso, com impactos globais
Foto: Reprodução

A corrente do Atlântico, essencial para o clima global, pode colapsar em breve, alertam cientistas. Saiba quais podem ser os impactos dessa ameaça para o Brasil e o mundo nos próximos séculos!

Em uma carta aberta publicada em 21 de outubro, um grupo de 44 dos principais cientistas climáticos do mundo, incluindo Michael Mann, da Universidade da Pensilvânia, chamou a atenção para o risco iminente do colapso da Atlantic Meridional Overturning Circulation (AMOC) — um sistema de correntes do Oceano Atlântico que desempenha papel vital na regulação do clima global.

A carta, destinada a autoridades nórdicas, enfatiza que a desaceleração das correntes oceânicas no Atlântico tem sido subestimada e que suas consequências podem ser devastadoras e irreversíveis.

A AMOC, composta por correntes que incluem a conhecida Corrente do Golfo, transporta calor para o Hemisfério Norte e é fundamental para manter o clima moderado na região. Segundo os cientistas, essa “correia transportadora” de calor está diminuindo seu fluxo, impulsionada pelo aquecimento global. A desaceleração contínua pode levar o sistema ao ponto de ruptura, alterando significativamente o clima não apenas na Europa, mas em todo o Hemisfério Norte.

Impactos Potenciais do Colapso da AMOC

A ameaça de colapso da AMOC não é apenas uma questão para cientistas; trata-se de um risco real para a vida cotidiana de milhões de pessoas. As consequências de tal colapso incluem:

  1. Clima Extremo e Resfriamento nos Países Nórdicos
    Caso a AMOC deixe de funcionar, os países nórdicos — Dinamarca, Islândia, Noruega, Finlândia e Suécia — poderiam experimentar uma queda acentuada nas temperaturas e eventos climáticos extremos. Uma “mancha fria” sobre o Atlântico Norte, resultado da desaceleração, já está sendo observada, e seu crescimento pode tornar os invernos nórdicos ainda mais rigorosos, além de afetar atividades econômicas e sociais na região.
  2. Mudanças no Sistema de Monções
    Outro efeito catastrófico esperado é o deslocamento dos sistemas de monções tropicais, que causariam impactos graves na agricultura de países tropicais. As monções, essenciais para a produção agrícola em regiões como o sudeste asiático e a Índia, mudariam de posição, provocando secas extremas e colheitas insuficientes. Esses efeitos teriam repercussões globais na oferta de alimentos e na segurança alimentar.
  3. Aumento do Nível do Mar na Costa Atlântica dos EUA
    O colapso da AMOC pode causar a elevação do nível do mar ao longo da costa atlântica americana, agravando o risco para comunidades costeiras. Esse aumento do nível do mar ocorre porque as correntes oceânicas mantêm o nível médio de água nas regiões costeiras equilibrado, e uma interrupção repentina ampliaria o volume de água no litoral, colocando em risco cidades e infraestruturas.
  4. Impacto na Vida Marinha e na Indústria de Pesca
    A circulação oceânica também é essencial para manter a temperatura das águas e a distribuição de nutrientes, condições fundamentais para a vida marinha. O colapso da AMOC traria uma redistribuição abrupta de nutrientes, afetando gravemente ecossistemas e pescarias do Atlântico. As populações de peixes e espécies marinhas, como o bacalhau e a lagosta, poderiam entrar em colapso, impactando diretamente as economias que dependem da pesca.

O Papel do Aquecimento Global e o Risco de Catástrofe Climática

Os cientistas explicam que a aceleração das mudanças climáticas, em grande parte alimentada pela emissão de gases de efeito estufa, é a principal responsável pela desaceleração da AMOC. Com o aumento das temperaturas globais, grandes volumes de água doce são despejados no Atlântico Norte devido ao derretimento de geleiras, especialmente na Groenlândia. Essa água doce altera a salinidade e a densidade da água oceânica, prejudicando a circulação de calor. Segundo o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), há “confiança média” de que a AMOC não entrará em colapso abruptamente até 2100, mas os cientistas signatários consideram essa previsão uma perigosa subestimação.

“A confiança média de que a AMOC não entrará em colapso não é reconfortante. Precisamos entender que uma possibilidade, mesmo que baixa, de um colapso durante este século deve ser levada muito a sério,” afirmam os cientistas.

A carta foi enviada ao Conselho Nórdico de Ministros, um órgão intergovernamental que coordena ações de cooperação entre os países nórdicos. Os cientistas pedem que os formuladores de políticas considerem seriamente os riscos que o colapso da AMOC pode trazer, tanto para os países do Norte como para o mundo. Além disso, recomendam que o Conselho aumente a pressão sobre parceiros internacionais para que avancem em direção às metas do Acordo de Paris, cujo objetivo é limitar o aumento da temperatura global a no máximo 1,5 grau Celsius acima dos níveis pré-industriais.

A Necessidade de Ação Climática Imediata

Sem uma resposta global robusta e coordenada para frear as emissões de carbono e outras práticas que intensificam o aquecimento global, o colapso da AMOC poderá se concretizar nas próximas décadas. Embora o tempo exato seja incerto, especialistas concordam que agir agora é a única maneira de mitigar os riscos catastróficos para o planeta. Essa ação inclui políticas de redução de emissão de carbono, investimentos em fontes de energia limpa e iniciativas globais que incentivem a proteção ambiental.

A comunidade científica clama por mudanças substanciais na maneira como os países abordam o aquecimento global, e esse alerta recente reforça a urgência de preservar o equilíbrio climático.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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