Boeing cortará 17.000 empregos e atrasará a primeira entrega do jato 777X em um ano devido à greve dos trabalhadores
Conforme informou o NYT, a Boeing, uma das maiores fabricantes de aeronaves do mundo, anunciou nesta sexta-feira um corte significativo de 10% em sua força de trabalho, resultando na eliminação de aproximadamente 17 mil empregos. A medida faz parte de um plano mais amplo de reestruturação da empresa, com o objetivo de reduzir custos e melhorar a produção, que tem enfrentado constantes atrasos nos últimos anos.
Kelly Ortberg, novo CEO da Boeing, que assumiu o cargo em agosto, enviou um comunicado interno aos funcionários explicando que a empresa precisa urgentemente mudar a forma como opera para superar os desafios e aproveitar suas principais vantagens competitivas.
Ortberg enfatizou que a última vez que a Boeing relatou lucros anuais foi em 2018, e que é necessário tomar decisões difíceis para garantir a competitividade da empresa no longo prazo.
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Impactos da greve e problemas financeiros
A Boeing está enfrentando um momento especialmente delicado, agravado por uma greve custosa e disruptiva que já dura quase um mês. Os trabalhadores, representados pelo sindicato International Association of Machinists and Aerospace Workers, rejeitaram a última oferta de contrato da empresa, levando mais de 33 mil funcionários a cruzarem os braços. Isso paralisou a produção de diversas aeronaves comerciais da Boeing, aumentando ainda mais os prejuízos financeiros da companhia.
Além dos cortes de pessoal, a Boeing anunciou que está lidando com novos custos, totalizando US$ 5 bilhões, associados a vários programas comerciais e de defesa. Ortberg reconheceu as dificuldades e destacou que a restauração da empresa exige mudanças estruturais para garantir a competitividade e a entrega de produtos aos clientes.
Corte de empregos e mudanças na produção
Os cortes de empregos afetarão todos os níveis da empresa, incluindo executivos, gerentes e trabalhadores da linha de produção. A redução na força de trabalho da Boeing não é novidade; em abril de 2020, a empresa já havia anunciado um corte semelhante devido à queda brusca na demanda por viagens aéreas provocada pela pandemia de Covid-19. No final daquele ano, o quadro de funcionários caiu para 141 mil.
Ortberg, ex-executivo da Rockwell Collins, fornecedora de peças aeroespaciais, revelou que a Boeing também fará ajustes em sua linha de produtos, além de alterar o cronograma de entrega de novos jatos. Entre as mudanças mais significativas está a decisão de descontinuar a produção do cargueiro 767, após o cumprimento das encomendas restantes.
Além dos cortes de empregos, a entrega do 777X, projetado para viagens internacionais, foi adiada para 2026, um ano a mais do que o previsto anteriormente. O programa 777X foi lançado em 2013 com a primeira entrega esperada para 2020, mas foi adiado repetidamente.
Desafios no setor de defesa e novas perdas
Ortberg também alertou que a Boeing pode enfrentar perdas adicionais devido a programas de defesa contratados a preço fixo, que têm pressionado as finanças da empresa nos últimos anos. Problemas na cadeia de suprimentos e o aumento dos preços agravaram a situação. A Boeing projeta um impacto de US$ 2 bilhões relacionados ao atraso do 777X e à descontinuação do 767, além de US$ 3 bilhões em custos devido aos programas de defesa com preços fixos.
A Boeing já vinha enfrentando uma série de dificuldades desde a crise envolvendo o 737 Max, cujas falhas de segurança resultaram em dois acidentes fatais anos atrás. Em resposta, a Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA) limitou a produção dos jatos Max até que a empresa implementasse melhorias significativas nos processos de qualidade e segurança.
Greve e negociações frustradas
Enquanto a Boeing lida com seus desafios internos, as negociações com o sindicato dos trabalhadores permanecem em um impasse. Nesta semana, as conversas foram interrompidas quando a Boeing retirou sua última oferta de contrato, acusando o sindicato de falta de disposição para negociar. Por sua vez, os trabalhadores estão exigindo um aumento salarial de 40%, além da retomada de um plano de pensão congelado e outras melhorias. Eles apontam a crescente frustração com o aumento do custo de vida na área de Seattle e políticas empresariais que consideram desfavoráveis.
A greve tem custado à Boeing dezenas de milhões de dólares por dia, e os trabalhadores encontram inspiração nos recentes sucessos de negociações de outros sindicatos em diversos setores.
Perspectivas futuras e impacto financeiro
A Boeing está sob pressão para restaurar a confiança entre seus clientes e superar os desafios financeiros. A empresa espera apresentar uma receita de US$ 17,8 bilhões no próximo relatório trimestral, que será divulgado em breve, mas também projeta uma perda de quase US$ 10 por ação.
O futuro da Boeing parece ainda mais incerto com a possibilidade de uma nova queda em sua classificação de crédito, segundo a S&P Global Ratings.
Dependendo da duração da greve, a Boeing pode ter sua classificação rebaixada para status “junk”, o que aumentaria o custo de financiamento da empresa, impactando ainda mais sua já fragilizada posição financeira. Hoje, a Boeing carrega uma dívida de cerca de US$ 58 bilhões, em contraste com os US$ 9 bilhões registrados há uma década.
O novo CEO se mostrou confiante em que as mudanças trarão resultados, mas o caminho para restaurar a confiança e a estabilidade financeira da Boeing será árduo e demorado.