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Boeing, gigante aeroespacial dos EUA, anunciou que cortará 17.000 empregos em meio a uma greve de trabalhadores e atrasar a entrega do jato comercial 777X em um ano

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 11/10/2024 às 21:29
Boeing, gigante aeroespacial dos EUA, anunciou que cortará 17.000 empregos em meio a uma greve de trabalhadores e atrasar a entrega do jato comercial 777X em um ano
Foto: Boeing

Boeing cortará 17.000 empregos e atrasará a primeira entrega do jato 777X em um ano devido à greve dos trabalhadores

Conforme informou o NYT, a Boeing, uma das maiores fabricantes de aeronaves do mundo, anunciou nesta sexta-feira um corte significativo de 10% em sua força de trabalho, resultando na eliminação de aproximadamente 17 mil empregos. A medida faz parte de um plano mais amplo de reestruturação da empresa, com o objetivo de reduzir custos e melhorar a produção, que tem enfrentado constantes atrasos nos últimos anos.

Kelly Ortberg, novo CEO da Boeing, que assumiu o cargo em agosto, enviou um comunicado interno aos funcionários explicando que a empresa precisa urgentemente mudar a forma como opera para superar os desafios e aproveitar suas principais vantagens competitivas.

Ortberg enfatizou que a última vez que a Boeing relatou lucros anuais foi em 2018, e que é necessário tomar decisões difíceis para garantir a competitividade da empresa no longo prazo.

Impactos da greve e problemas financeiros

A Boeing está enfrentando um momento especialmente delicado, agravado por uma greve custosa e disruptiva que já dura quase um mês. Os trabalhadores, representados pelo sindicato International Association of Machinists and Aerospace Workers, rejeitaram a última oferta de contrato da empresa, levando mais de 33 mil funcionários a cruzarem os braços. Isso paralisou a produção de diversas aeronaves comerciais da Boeing, aumentando ainda mais os prejuízos financeiros da companhia.

Além dos cortes de pessoal, a Boeing anunciou que está lidando com novos custos, totalizando US$ 5 bilhões, associados a vários programas comerciais e de defesa. Ortberg reconheceu as dificuldades e destacou que a restauração da empresa exige mudanças estruturais para garantir a competitividade e a entrega de produtos aos clientes.

Corte de empregos e mudanças na produção

Os cortes de empregos afetarão todos os níveis da empresa, incluindo executivos, gerentes e trabalhadores da linha de produção. A redução na força de trabalho da Boeing não é novidade; em abril de 2020, a empresa já havia anunciado um corte semelhante devido à queda brusca na demanda por viagens aéreas provocada pela pandemia de Covid-19. No final daquele ano, o quadro de funcionários caiu para 141 mil.

Ortberg, ex-executivo da Rockwell Collins, fornecedora de peças aeroespaciais, revelou que a Boeing também fará ajustes em sua linha de produtos, além de alterar o cronograma de entrega de novos jatos. Entre as mudanças mais significativas está a decisão de descontinuar a produção do cargueiro 767, após o cumprimento das encomendas restantes.

Além dos cortes de empregos, a entrega do 777X, projetado para viagens internacionais, foi adiada para 2026, um ano a mais do que o previsto anteriormente. O programa 777X foi lançado em 2013 com a primeira entrega esperada para 2020, mas foi adiado repetidamente.

Desafios no setor de defesa e novas perdas

Ortberg também alertou que a Boeing pode enfrentar perdas adicionais devido a programas de defesa contratados a preço fixo, que têm pressionado as finanças da empresa nos últimos anos. Problemas na cadeia de suprimentos e o aumento dos preços agravaram a situação. A Boeing projeta um impacto de US$ 2 bilhões relacionados ao atraso do 777X e à descontinuação do 767, além de US$ 3 bilhões em custos devido aos programas de defesa com preços fixos.

A Boeing já vinha enfrentando uma série de dificuldades desde a crise envolvendo o 737 Max, cujas falhas de segurança resultaram em dois acidentes fatais anos atrás. Em resposta, a Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA) limitou a produção dos jatos Max até que a empresa implementasse melhorias significativas nos processos de qualidade e segurança.

Greve e negociações frustradas

Enquanto a Boeing lida com seus desafios internos, as negociações com o sindicato dos trabalhadores permanecem em um impasse. Nesta semana, as conversas foram interrompidas quando a Boeing retirou sua última oferta de contrato, acusando o sindicato de falta de disposição para negociar. Por sua vez, os trabalhadores estão exigindo um aumento salarial de 40%, além da retomada de um plano de pensão congelado e outras melhorias. Eles apontam a crescente frustração com o aumento do custo de vida na área de Seattle e políticas empresariais que consideram desfavoráveis.

A greve tem custado à Boeing dezenas de milhões de dólares por dia, e os trabalhadores encontram inspiração nos recentes sucessos de negociações de outros sindicatos em diversos setores.

Perspectivas futuras e impacto financeiro

A Boeing está sob pressão para restaurar a confiança entre seus clientes e superar os desafios financeiros. A empresa espera apresentar uma receita de US$ 17,8 bilhões no próximo relatório trimestral, que será divulgado em breve, mas também projeta uma perda de quase US$ 10 por ação.

O futuro da Boeing parece ainda mais incerto com a possibilidade de uma nova queda em sua classificação de crédito, segundo a S&P Global Ratings.

Dependendo da duração da greve, a Boeing pode ter sua classificação rebaixada para status “junk”, o que aumentaria o custo de financiamento da empresa, impactando ainda mais sua já fragilizada posição financeira. Hoje, a Boeing carrega uma dívida de cerca de US$ 58 bilhões, em contraste com os US$ 9 bilhões registrados há uma década.

O novo CEO se mostrou confiante em que as mudanças trarão resultados, mas o caminho para restaurar a confiança e a estabilidade financeira da Boeing será árduo e demorado.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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