As ferrovias possuem diversas vantagens em relação ao transporte de pessoas e itens, já que possuem funcionamento mais rápido, com menor emissões de poluentes e oferecendo mais conforto para viagens a longa distância. No entanto, poucas pessoas sabem por que o Brasil não usa tantas ferrovias.
Neste sentido, vale ressaltar que, no Brasil, o sistema ferroviário não possui grande destaque, já que 70% das cargas são transportadas por caminhões. Por outro lado, a quantidade de pessoas que viaja de trem é irrisória, colocando o país na contramão do avanço ferroviário global.
No entanto, o Brasil possui condições favoráveis para a expansão de ferrovias, afinal, o país conta com 30 mil km de sistema ferroviário, sendo uma das 15 maiores malhas ferroviárias do mundo. Contudo, por não ter investimentos e por diversas linhas estarem sucateadas, o potencial das ferrovias é deploravelmente mal utilizado no país.
Por que o setor ferroviário é pouco usado no Brasil?
Na década de 1950, o Brasil escolheu pelo sistema rodoviário como forma de aumentar seu desenvolvimento econômico, já que a produção e venda de carros dinamizava a economia do país, gerando maior volume de empregos. Além disso, o investimento em rodovias ocorreu devido à expansão da atividade industrial na época.
Neste sentido, a redução drástica de investimentos no setor ferroviário levou ao seu triste sucateamento, especialmente as ferrovias administradas, na época, pela RFFSA (Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima), criada em 1957 pela Fepasa (Ferrovia Paulista S.A.) para lidar com investimentos e projetos dos setores de transportes ferroviários no Brasil.
Como consequência, a partir da década de 1960, as linhas de passageiros deficitários começaram a ser desativadas. Assim, o que sobrou foram trens metropolitanos, com parte das linhas da CPTM em São Paulo, ou a Supervia, no Rio de Janeiro. Além disso, para viagens intermunicipais, sobraram poucas opções, como a Estrada de Ferro Carajás, que liga o Maranhão ao Pará.
Nas décadas seguintes, crimes econômicos e a grande inflação afetaram negativamente o Brasil. Então, percebeu-se que não havia mais recursos ou interesses em investir num tipo de transporte que não fosse tão benéfico à população. Por isso, conversar ou reformar as ferrovias existentes se dificultou, dirá criar novas estruturas.
Na década de 1980, o governo não conseguiu pagar as dívidas contraídas no setor, nem investir na manutenção do sistema já existente. Sendo assim, como na década de 1950, foram fechados os ramos pouco lucrativos, os anos 80 representaram uma diminuição gritante na quantidade de trilhos: de 37 mil km para 29 mil km.
Já na década de 1990, começou a desestatização do setor, onde as malhas da RFFSA foram privatizadas. No entanto, diferente do esperado, as privatizações não ampliaram ou reformaram o setor ferroviário brasileira, ou seja, as ferrovias continuam sucateadas e com baixos investimentos a longo prazo.
Qual o futuro do setor ferroviário do Brasil?
Desde 2005, o governo federal vem tentando diminuir as deficiências do setor ferroviário brasileiro. Para isso, contratou equipes para lidar com a questão, profissionalizando e atualizando os modelos de contratos, onde as regras para investimento privado ficaram mais claras, com pouca interferência estatal nas etapas de construção e operação.
Como consequência, surgiu a promessa de lançamento de dois leilões para concessões de ferrovias, a Ferrovia Norte-Sul e a Estrela d’Oeste, que ligam Tocantins à Bahia. Contudo, o processo continua parado e as obras não foram iniciadas e/ou concluídas.
Por fim, uma medida do governo federal, anunciada em 2021, assegura investimentos em R$270 bilhões para o setor ferroviário brasileiro. Além disso, por se tratar de um modal mais ecológico, é esperado que a meta de descarbonização do planeta ajude as ferrovias brasileiras a voltarem ao seu auge.