Anos após o naufrágio, um navio que transportava bois e óleo no Pará será retirado do fundo do rio, desocupando o berço 302 do Porto de Vila do Conde, em Barcarena. O naufrágio gerou diversos impactos ambientais
Na última quinta-feira, 30, foi iniciada uma operação para tentar retirar do fundo do rio o navio Haidar, que naufragou em outubro de 2015 enquanto transportava mais de 5 mil bois vivos no porto de Vila do Conde, em Barcarena, nordeste do estado do Pará. Não foi informado o prazo estimado para que o navio seja retirado totalmente do local. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) está realizando o processo de verticalização, necessário para retirar o navio de bandeira libanesa no Pará.
Iniciativa para retirar o navio começou no ano passado
De acordo com o DNIT, essa é uma das etapas para o avanço na retirada do navio da área em questão, com o intuito de desocupar o berço 302 e restaurar as condições operacionais do berço de atracação, onde aconteceu o naufrágio no Pará.
Os trabalhos no local seguem em andamento. Após a verticalização do navio, ainda será necessário reflutuá-lo, fazer uma limpeza e deslocar a embarcação. O navio Haidar, de bandeira libanesa, afundou no dia 6 de outubro de 2015, transportando cerca de 5 mil bois vivos e 700 toneladas de óleo para a Venezuela.
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O acidente causou impactos sociais e ambientais na comunidade de Barcarena. Todos os animais que estavam a bordo morreram afogados, grande parte presos na embarcação. A tragédia atingiu a vida de milhares de pessoas nesta região.
As famílias prejudicadas, até o ano passado, ainda reclamavam a falta de indenização por conta da tragédia ambiental, econômica e social. O banho nas águas foi proibido e o movimento de frequentadores das praias de Abaetetuba, Barcarena e ilhas vizinhas caiu. Pescadores do Pará também não puderam mais retirar o sustento dos rios após o naufrágio do navio.
Dano de R$ 71 milhões
De acordo com ação do Ministério Público Federal, o dano socioambiental para os moradores dos municípios de Abaetetuba e Barcarena, no Pará, soma R$ 71 milhões em indenizações que ainda não foram pagas.
São réus na ação os donos do Haidar, Tamara Shipping e Husei Sleiman, as responsáveis pelo embarque dos bois, Global Agência Marítima e Norte Trading Operadora Portuária, a proprietária da carga de bois vivos, Minerva S.A, além da Companhia Docas do Pará (CDP), responsável pelo porto de Vila do Conde.
Na época, em entrevista, o presidente da CDP, Parsifal Pontes, apresentou uma justificativa para o atraso na retirada do navio. Segundo o executivo, no momento em que a primeira empresa foi escolhida, foi elaborado um plano de salvatagem que não foi aprovado, principalmente pela CDP, tendo em vista que a empresa previa cortes no navio, que deveria ser retirado em pedaços, e isso não seria aprovado pela Marinha. Sendo assim, foi necessário retornar com as negociações e outra empresa foi escolhida para apresentar um plano de flutuação.
Impactos na sociedade
Já a Minerva S.A afirma que, após a entrega da carga ao armador, toda a responsabilidade é da empresa contratada para o transporte marítimo e fluvial. Sendo assim, a empresa não é responsável pelo resgate do navio que naufragou no porto de Vila do Conde.
A Minerva destaca ainda que, embora seja prejudicada pelo acidente, mantém uma equipe no local com o intuito de auxiliar as autoridades em todas as medidas necessárias.
A pescadora Maria Madalena lamenta os efeitos do naufrágio e da contaminação dos rios para a pesca, principal atividade da comunidade onde mora. Antes do acidente, era possível retirar 4 ou 5 quilos de camarão por dia, agora ela não consegue retirar quase nada.