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A potência logística do Sul que cresceu com ferrovias, portos secos e acesso a três estados — e se tornou base de gigantes como BRF e Ambev

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 28/06/2025 às 17:42
A potência logística do Sul que cresceu com ferrovias, portos secos e acesso a três estados — e se tornou base de gigantes como BRF e Ambev
Foto: IA
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Lages (SC) se tornou potência logística do Sul com porto seco, acesso a três estados e base de gigantes como BRF e Ambev. Entenda como a cidade saiu da pecuária e virou polo de exportação e distribuição.

Em pleno coração da Serra Catarinense, uma cidade historicamente associada à pecuária e à indústria madeireira vive uma transformação silenciosa — mas profunda. Com localização estratégica, infraestrutura multimodal e um crescimento industrial pautado pela inteligência logística, Lages (SC) vem se consolidando como uma potência logística no Sul do Brasil, servindo de base para gigantes como BRF e Ambev e atraindo novos investimentos em transporte, armazenagem e exportação.

Essa virada econômica, impulsionada por decisões estratégicas de infraestrutura e diversificação, faz de Lages muito mais do que uma cidade serrana. Ela se posiciona como nó logístico entre os estados de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, e como peça-chave na engrenagem que sustenta parte da exportação agroindustrial brasileira.

Um território privilegiado para circular riquezas

O que torna Lages tão atrativa logisticamente começa com sua posição geográfica estratégica. Localizada no entroncamento da BR-282, que corta o estado de leste a oeste, a cidade está no eixo que conecta o agronegócio do Oeste Catarinense ao litoral exportador, passando por polos como Chapecó, Joaçaba, Curitibanos e chegando a Florianópolis e ao Porto de Itajaí.

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Além disso, sua proximidade com o Rio Grande do Sul e ligação rápida ao Paraná permitem que produtos e insumos circulem entre três estados em poucas horas, reforçando o papel da cidade como hub regional de distribuição. A Serra, antes vista como obstáculo, virou vantagem: ela protege Lages das grandes enchentes do litoral e concentra infraestrutura logística longe do caos urbano das metrópoles.

Porto seco: um diferencial competitivo ignorado por muitos

Pouca gente sabe, mas Lages é uma das poucas cidades do Sul do Brasil com porto seco alfandegado. A Estação Aduaneira do Interior (EADI) permite que mercadorias sejam importadas e exportadas diretamente da cidade, sem a necessidade de passar fisicamente por portos marítimos para o processo de desembaraço aduaneiro.

Esse é um dos trunfos mais importantes da nova Lages: empresas podem movimentar contêineres e cargas internacionais diretamente do município, com agilidade, menor custo logístico e controle total do fluxo de produção.

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Essa estrutura atrai distribuidoras, indústrias alimentícias, agroindústrias e operadores logísticos que buscam eficiência sem abrir mão de escala. A presença da EADI também reforça a confiança de grupos multinacionais em estabelecer operações complexas na cidade — com destaque para BRF e Ambev, que fizeram de Lages um de seus pontos-chave no Sul.

Base da BRF e da Ambev: logística de alto desempenho

A BRF, uma das maiores exportadoras de proteína animal do mundo, tem em Lages uma de suas operações mais antigas e importantes. A planta da cidade integra produção, armazenagem e logística com foco em mercados da Europa, Oriente Médio e América Latina. A presença da EADI e a infraestrutura rodoviária permitem que contêineres refrigerados sigam rapidamente para portos catarinenses, como Navegantes e Itajaí, mantendo a competitividade da exportação.

A Ambev também opera em Lages com foco em distribuição regional. A planta local atua como central logística para abastecer parte dos estados vizinhos, aproveitando a malha viária interligada e os custos operacionais mais baixos da região serrana. A localização permite rapidez no transporte e menor dependência de centros saturados, como Joinville ou Porto Alegre.

Essas duas empresas são apenas a ponta visível de um ecossistema logístico em expansão, que já conta com centros de distribuição, transportadoras de grande porte, galpões industriais e cooperativas exportadoras.

De cidade da madeira à capital da conectividade logística

Por muito tempo, a economia de Lages foi marcada pela extração de madeira, pecuária extensiva e pequena indústria. Esse perfil começou a mudar com políticas públicas voltadas à diversificação e à infraestrutura. Nos últimos 15 anos, a cidade passou por um processo de reindustrialização com foco em agroindústria, tecnologia e logística integrada.

O município investiu em zonas industriais planejadas, com acesso pavimentado e incentivos fiscais para novos empreendimentos. Ao mesmo tempo, buscou parcerias com universidades e SENAI para qualificar mão de obra em áreas como logística, engenharia de produção, manutenção industrial e comércio exterior.

A requalificação urbana e o planejamento viário também contribuíram. Hoje, Lages conta com anéis viários, rotas alternativas de escoamento e estrutura para tráfego de caminhões pesados, o que facilita a operação de armazéns e centros de cross-docking.

O papel das ferrovias e os planos para o futuro

Embora o transporte rodoviário ainda seja predominante, a malha ferroviária que corta o Planalto Sul é vista como ativo estratégico para os próximos anos. Há planos de revitalização de trechos ferroviários conectando Lages ao Porto de São Francisco do Sul, via Mafra, com foco no transporte de grãos, madeira processada e minérios.

Se concretizado, esse projeto aumentará a competitividade logística da cidade, permitindo o uso de modais integrados (rodoviário-ferroviário-marítimo) e atraindo novos investidores da cadeia exportadora.

Além disso, Lages vem se articulando para fazer parte de rotas de transporte de lítio e fertilizantes, que estão sendo traçadas para atender o agronegócio do Centro-Oeste e do Oeste de Santa Catarina. O porto seco e a posição geográfica conferem à cidade potencial de atuar como centro logístico de minerais estratégicos e insumos agrícolas, dois dos setores mais promissores da nova economia global.

Qualidade de vida e segurança para atrair talentos – Lages SC

Outro fator pouco explorado na narrativa logística é o ambiente urbano da cidade. Lages alia custo de vida mais baixo que capitais, infraestrutura urbana satisfatória, boa rede de saúde e clima ameno — características que atraem famílias e talentos técnicos para viver e trabalhar na região.

Esse diferencial humano tem sido aproveitado por empresas que desejam fugir do estresse dos grandes centros, mas ainda precisam de mão de obra qualificada e conectividade com aeroportos e portos.

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Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

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