Herdeiro da Ford admite erro ao abandonar sedãs e hatches para focar apenas em SUVs; marca avalia voltar ao mercado de carros de passeio para recuperar espaço.
O mundo automotivo recebeu com surpresa a declaração de Bill Ford, bisneto do fundador Henry Ford e atual presidente do conselho da montadora, que admitiu que a decisão de abandonar o mercado de sedãs e hatches para priorizar apenas SUVs e picapes foi precipitada. A revelação marca uma mudança de tom importante dentro da própria empresa e reforça que a estratégia adotada em 2018 trouxe consequências difíceis de reverter.
Herdeiro da Ford reconhece equívoco estratégico
Ao conceder entrevista à revista Autocar, o herdeiro da Ford foi direto ao afirmar que a companhia “não está onde deveria” no segmento de carros de passeio.
O corte de modelos icônicos como Fiesta, Focus, Fusion e Taurus deixou lacunas no portfólio da empresa nos Estados Unidos e abriu espaço para concorrentes que mantiveram linhas de sedãs e hatches.
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Entre 2018 e 2020, as vendas da Ford caíram de 2,5 milhões para 1,9 milhão de unidades — um tombo expressivo, mesmo com a pandemia como pano de fundo. Somente em 2024 a marca voltou a superar a marca de 2 milhões de veículos vendidos, mas sustentada basicamente pelas picapes da Série F e pelos SUVs da Ford, como o Bronco Sport.
O impacto da saída do mercado de sedãs e hatches
O movimento de encerrar linhas de carros de passeio foi visto como ousado à época, mas hoje parece ter custado caro. Nos Estados Unidos, onde modelos menores voltaram a ganhar relevância por questões de preço e eficiência, a ausência da Ford nesse segmento deixou consumidores órfãos de alternativas mais acessíveis.
Na Europa, o cenário não é muito diferente. A Ford reduziu drasticamente sua oferta de carros compactos e médios, apostando em crossovers e SUVs elétricos, como o Puma. No entanto, concorrentes como Kia e Hyundai colheram frutos por manter sedãs e hatches em linha, aproveitando a crescente demanda em 2025 por veículos mais econômicos.
Suvs da Ford sustentam vendas, mas não evitam críticas
Embora os SUVs da Ford tenham sido determinantes para manter a marca relevante nos últimos anos, a dependência excessiva desse tipo de veículo começa a gerar críticas.
O próprio CEO da empresa, Jim Farley, destacou recentemente que “os consumidores precisam se apaixonar novamente por carros menores”, citando não apenas custos, mas também preocupações ambientais.
Segundo ele, o peso excessivo dos utilitários representa um desafio para a mobilidade sustentável, já que veículos maiores consomem mais energia — seja em motores a combustão ou elétricos. Essa visão reforça que a aposta única em SUVs pode ter sido uma decisão de curto prazo, sem considerar adequadamente as tendências de médio e longo prazo.
O retorno dos carros de passeio e o futuro da Ford
O herdeiro da Ford sinalizou ainda que uma nova geração da família pode estar envolvida no redesenho da estratégia global.
Seu filho, Nick Ford, entrou recentemente para a companhia e já estaria participando da formulação de novos planos. Bill Ford prometeu “boas surpresas em breve”, sugerindo que a empresa pode voltar a investir no mercado de sedãs e hatches, possivelmente em versões eletrificadas, para recuperar espaço perdido.
Esse reposicionamento pode ser decisivo para reconquistar consumidores que migraram para outras marcas em busca de modelos menores e mais acessíveis. Além disso, reforça que a eletrificação total não será uma solução única. O próprio Bill Ford ponderou que “o motor a combustão ainda vai sobreviver em algumas regiões”, mostrando que a empresa pretende adotar uma estratégia flexível conforme a realidade de cada mercado.
Lições de um erro histórico
A admissão pública do erro pelo herdeiro da Ford é um sinal de que a montadora está disposta a reavaliar decisões que, embora estratégicas no curto prazo, se mostraram prejudiciais a longo prazo. O reconhecimento também abre espaço para uma reconciliação com consumidores que ainda associam a marca a carros icônicos de passeio.
Para muitos analistas, a volta da Ford ao segmento de carros compactos pode ser inevitável, especialmente diante da pressão por veículos mais baratos, sustentáveis e acessíveis.
A questão agora é saber se a montadora conseguirá reconquistar em tempo hábil o espaço que perdeu para concorrentes que mantiveram o foco no mercado de sedãs e hatches.
E você, acredita que a Ford será capaz de retomar sua força no mercado de carros de passeio ou o domínio dos SUVs já é um caminho sem volta?