Montadoras convocaram mais de cinco milhões de veículos no mundo entre 2024 e 2025 por falhas em bombas de combustível que causam pane súbita e risco de incêndio. Problema atinge modelos populares e exige reparo gratuito em concessionárias.
Entre janeiro de 2024 e agosto de 2025, recalls ligados à bomba de combustível colocaram Honda, Toyota, Hyundai e Kia no topo das convocações mundiais.
Somadas, as campanhas dessas quatro montadoras ultrapassam cinco milhões de veículos e envolvem riscos como apagão do motor em movimento e possibilidade de incêndio.
Donos podem consultar o número do chassi e exigir reparo gratuito na rede autorizada.
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A falha é crítica porque interrompe de forma súbita o fluxo de combustível.
Em situações de ultrapassagem ou ao entrar em vias rápidas, o motor pode simplesmente apagar.
Além do risco de colisão pelo perda de assistência de direção e servofreio, trincas e vazamentos atingindo partes quentes do compartimento do motor elevam a chance de fogo.
Muitas ocorrências chegam sem alerta prévio no painel, o que dificulta o diagnóstico e a prevenção.
O que está por trás dos recalls de 2024-2025
Os chamados recentes reúnem dois tipos de problema.
Em parte dos casos, a bomba de alta pressão apresenta trinca ou desgaste, com vazamento e potencial para incêndio.
Em outros, o conjunto de baixa pressão dentro do tanque para de funcionar, provocando engasgos, oscilação de marcha lenta e até estol completo.
Em comum, está o risco operacional elevado e o dever das montadoras de substituir componentes e atualizar módulos sem custo ao consumidor, independentemente de garantia.
Honda: trinca na bomba de alta pressão e risco de fogo
De acordo com o relatório 24V-763 da agência de segurança veicular dos Estados Unidos (NHTSA), modelos como Accord, Civic, CR-V e HR-V podem apresentar trincas na bomba de alta pressão por falha de usinagem.
O defeito permite vazamento de combustível no cofre do motor e, em casos extremos, incêndio.
A campanha inclui mais de 700 mil veículos no mercado norte-americano e também unidades vendidas no Brasil, com início das comunicações ao público em dezembro de 2024.
Os principais anos-modelo listados incluem Accord 2023 e 2024, Civic 2025, além de versões do CR-V Hybrid entre 2023 e 2025 e HR-V Touring.
O reparo previsto é a troca integral da bomba e, quando aplicável, inspeções complementares para checar resíduos de combustível e danos adjacentes.
Toyota e Lexus: expansão do megarecall da Denso
Em 22 de janeiro de 2025, a Toyota anunciou nova ampliação do recall iniciado em 2020 envolvendo bombas de combustível de baixa pressão fornecidas pela Denso.
A atualização adicionou mais unidades e elevou o volume global acumulado para a casa de milhões.
O sintoma típico é perda de potência, engasgos e estol, especialmente em velocidades de cruzeiro.
Entre os modelos adicionais citam-se 4Runner, Highlander, Tacoma e RAV4 de anos anteriores, além de SUVs e sedãs das linhas Lexus, como GX, RX e NX.
A solução técnica consiste na substituição do conjunto da bomba dentro do tanque, ação executada sem ônus.
Em roteiros de atendimento, concessionárias também verificam possíveis códigos de falha e realizam testes de pressão e estanqueidade após a troca.
Hyundai e Genesis: esportivos da divisão “N” com perda total de potência
O recall 24V-528, protocolado nos EUA, abrange 54.647 unidades de Veloster N, Elantra N, Kona N e Genesis G70 fabricadas entre 2019 e 2023.
Documentos oficiais descrevem desgaste na válvula de controle de combustível da bomba de alta pressão, permitindo excesso de combustível e causando apagões repentinos.
Embora muitos casos ocorram em aceleração vigorosa, a perda de potência também pode surgir em uso cotidiano.
Para esses modelos, a rede técnica realiza inspeção da bomba de alta pressão, substituição quando necessário e atualização do software do módulo de injeção para mitigar a recorrência.
Houve determinação de suspensão temporária de vendas de unidades zero quilômetro até a chegada dos novos componentes, com previsão informada para o segundo semestre de 2025.
Kia: Stinger 2.0 T-GDI sob risco de pressurização excessiva
Boletim interno da fabricante, identificado como SC-281, aponta que o pino do regulador de pressão da bomba pode travar na posição aberta, resultando em sobrepressão no sistema.
Essa condição provoca perda súbita de potência, sobretudo em velocidades elevadas, e afeta o Kia Stinger com motor 2.0 T-GDI de 2018 a 2021.
O total global divulgado para a campanha é de 18.224 unidades.
Nos atendimentos, a marca orienta inspeção detalhada da bomba e, conforme o caso, a troca do componente.
A reprogramação do módulo de controle do motor (ECM) integra o procedimento para adequar parâmetros de pressão e entrega de combustível após a substituição.
Sinais, riscos e o que fazer na prática
Motor apagando sem aviso, engasgos em retomadas e marcha lenta irregular são os sinais mais comuns associados às falhas descritas.
Embora a luz-espia nem sempre acenda antes da pane, eventuais códigos de erro podem ficar registrados e ajudar o diagnóstico.
Por segurança, a recomendação é não forçar rodagem com sintomas graves e solicitar remoção do veículo até a concessionária quando o apagão se repete.
No ambiente de oficina, técnicos costumam medir pressão de linha e checar estanqueidade para confirmar o defeito.
Em ocorrências com vazamento, a orientação é interromper o uso imediatamente.
Em cidades com trânsito intenso, o risco se agrava porque a perda de assistência de direção e servofreio aumenta a distância de frenagem e torna manobras de desvio mais difíceis.
Como confirmar se seu carro está no recall
O primeiro passo é localizar o VIN (chassi) no documento do veículo ou no número gravado na base do para-brisa.
Na sequência, é possível consultar os portais de recall das próprias montadoras e os canais oficiais da Senacon/Procon.
Também há bases públicas de outros países, como a da NHTSA, para verificar unidades importadas.
Com a confirmação, o proprietário deve agendar o atendimento na rede autorizada, exigir o protocolo de serviço e guardar o comprovante.
Convém lembrar que reparos de recall são sempre gratuitos e não expiram, mesmo fora da garantia.
A execução inclui peça nova, mão de obra e demais ajustes previstos na campanha.
Se houver fila por falta de componentes, o consumidor tem direito a previsão formal de atendimento e pode acionar órgãos de defesa caso o prazo informado não seja cumprido.
Dúvidas frequentes sobre venda, garantia e atendimento
Veículos com recall pendente podem ser vendidos, mas a pendência costuma reduzir o valor de mercado até a regularização.
Em caso de dano grave — como quebra de motor atribuída à falha de bomba — a responsabilidade objetiva da montadora se aplica.
Para resguardar direitos, é essencial registrar sintomas, datas, orçamentos e histórico de manutenção e, se necessário, procurar o Procon.
O atendimento não precisa ocorrer na mesma concessionária em que o carro foi comprado.
Qualquer representante autorizado da marca é obrigado a executar o reparo, inclusive em outra cidade ou estado.
Ao final do serviço, o dono deve exigir documento detalhando peças substituídas, intervenções eletrônicas e números de campanha realizados.
Por que agir agora
Embora silenciosa, a falha em componentes de combustível pode culminar em pane perigosa. A checagem do chassi leva poucos minutos e evita transtornos que vão de sustos no trânsito a prejuízos altos com mecânica.
Se você tem um dos modelos citados ou percebeu sintomas compatíveis, não espere: confirme o recall e programe o reparo o quanto antes. E você, já consultou o chassi do seu carro ou conhece alguém afetado por essas campanhas?