O coreano que virou lenda no mercado financeiro brasileiro. A trajetória ousada de Murakyu, o investidor que desafiou gigantes, acumulou fortunas e enfrentou quedas históricas
O Coreano que virou lenda no mercado financeiro brasileiro é uma história de ambição, estratégias arriscadas e consequências marcantes. Murakyu, que chegou ao Brasil com apenas 18 anos, construiu um império no mercado de capitais apostando alto e muitas vezes contra as regras tradicionais. Sua habilidade para identificar oportunidades o levou ao topo, mas a falta de controle sobre riscos resultou em perdas bilionárias e um legado cercado de polêmica.
Ao longo de décadas, ele transitou entre vitórias expressivas e derrotas devastadoras, tornando-se um personagem tão admirado pela ousadia quanto criticado pelos métodos. O seu percurso é um estudo vivo sobre os limites da ambição e a importância da gestão de risco no mundo financeiro.
A chegada ao Brasil e os primeiros passos no mercado
Murakyu desembarcou no Brasil em 1970, instalando-se no bairro do Bom Retiro, em São Paulo. Entre feiras e lojas de tecidos, aprendeu português e percebeu que o país oferecia espaço para ousadia. Formou-se em Administração na Fundação Getulio Vargas e acumulou experiência em instituições como Bankers Trust, Citibank e Banco Nacional.
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Com a rescisão milionária do último emprego, passou a investir em ações, obtendo lucros expressivos. Em 1995, fundou a GW, inicialmente como uma financeira voltada para a comunidade coreana, e logo migrou para a gestão de ativos. Desde o início, mantinha controle absoluto, criando um ambiente corporativo rígido e altamente centralizado.
O auge como “rei do termo”
No fim dos anos 1990, Murakyu estruturou o GW FIA, fundo que chegou a acumular mais de 2.500% de alta. Sua especialidade era a compra a termo estratégia de alto risco que aposta na valorização futura das ações. O sucesso o levou a posições relevantes em grandes empresas, como a compra de 16,2% das Lojas Americanas em 2007.
A crise do subprime, porém, atingiu em cheio seus fundos, que perderam até 90% do valor. Mesmo assim, ele voltou a arriscar, diversificando para fundos imobiliários e novas aquisições estratégicas.
Operações polêmicas e conflitos societários
Em 2011, a compra alavancada de ações da Marfrig resultou em perdas catastróficas, obrigando a venda de ativos e levando a uma disputa judicial que terminou com multa milionária e suspensão de sua licença como gestor pela CVM.
Sua atuação na Livraria Saraiva, a partir de 2016, gerou um dos embates mais conhecidos do mercado: tentativa de controle da companhia, acusações de abuso de poder e saída conflituosa, seguida de queda irreversível da empresa.
A queda na Gafisa
O episódio mais dramático veio com a Gafisa, em 2017. Ao assumir o controle de forma controversa, implantou mudanças radicais que levaram à paralisação de obras, perda de fornecedores e desvalorização de mais de 50% nas ações. As operações alavancadas agravaram o prejuízo, deixando cotistas devendo dinheiro algo raro em fundos de ações.
A participação da GW caiu de 50% para menos de 8% em poucos dias, marcando o colapso definitivo de sua estratégia.
Legado e lições
Em 2020, a GW foi expulsa da Anbima por irregularidades e, desde então, Murakyu sumiu do radar do mercado. Seu nome, que já foi sinônimo de ousadia e visão, tornou-se também símbolo de como a falta de limites e gestão de risco pode destruir carreiras e fortunas.
A história do coreano que virou lenda no mercado financeiro brasileiro permanece como um alerta: o mercado recompensa a coragem, mas pune severamente a imprudência.
E você? Acredita que a ousadia de Murakyu foi visionária ou imprudente? Quais lições essa história deixa para investidores de hoje? Deixe sua opinião nos comentários.