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Moscas incomodam, mas essa já ganhou 6 prêmios Nobel. Entenda mais

Escrito por Sara Aquino
Publicado em 14/08/2025 às 10:57
O futuro da ciência pode estar em uma mosca! Conheça o trabalho de pesquisadores brasileiros que usam o inseto para avançar na genética e na biomedicina.
O futuro da ciência pode estar em uma mosca! Conheça o trabalho de pesquisadores brasileiros que usam o inseto para avançar na genética e na biomedicina. Imagem: Universo Racionalista
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O futuro da ciência pode estar em uma mosca! Conheça o trabalho de pesquisadores brasileiros que usam o inseto para avançar na genética e na biomedicina.

Em um mundo onde a grandiosidade muitas vezes rouba a cena, a ciência nos mostra que as maiores revoluções podem vir dos menores organismos. É o caso da mosca Drosophila melanogaster, popularmente conhecida como a mosca-das-frutas. 

Embora seja um incômodo nos dias quentes, este pequeno inseto de olhos vermelhos é um gigante da pesquisa científica, sendo a base de estudos que renderam nada menos que seis Prêmios Nobel. 

Sua simplicidade e rápida reprodução a tornaram um organismo-modelo indispensável para a genética e a biologia celular. 

Agora, a comunidade científica brasileira aposta no potencial da mosca para impulsionar a pesquisa local e abrir novas fronteiras no entendimento de doenças e no avanço da biotecnologia.

A pequena que moldou a genética moderna

A jornada da Drosophila como organismo de laboratório começou no início do século XX, com o trabalho pioneiro do geneticista Thomas Morgan, que utilizou a mosca para provar que os genes estão localizados nos cromossomos, uma descoberta que lhe valeu um Prêmio Nobel em 1933. 

Desde então, sua simplicidade genética, seu ciclo de vida curto (cerca de 10 dias) e a facilidade de criação em laboratório a tornaram a cobaia ideal.

A mosca é um organismo de escolha para estudos complexos porque compartilha cerca de 75% dos genes que causam doenças em humanos. 

Isso a torna um modelo perfeito para investigar condições como câncer, diabetes e doenças neurodegenerativas como Parkinson e Alzheimer. 

Os cientistas podem manipular os genes da mosca para replicar condições humanas e observar o desenvolvimento da doença e o impacto de tratamentos em um organismo vivo, de forma muito mais rápida e ética do que em mamíferos.

As descobertas que foram baseadas em estudos com a mosca resultaram em seis prêmios Nobel, sendo o mais recente deles em 2017, pelo trabalho que decifrou os mecanismos do relógio biológico. 

O legado da Drosophila é inegável e continua a influenciar a pesquisa global.

O potencial da mosca na pesquisa brasileira

No Brasil, o uso da mosca Drosophila não é novidade. Universidades de renome, como a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), têm laboratórios dedicados ao estudo desse inseto. 

A expertise brasileira se estende a diversas áreas, da genética evolutiva e da taxonomia à investigação de novas espécies e ao estudo de pragas agrícolas.

Recentemente, a comunidade acadêmica brasileira tem clamado por mais investimentos na pesquisa biomédica com a mosca. 

A Academia Brasileira de Ciências (ABC) publicou um artigo destacando o potencial da Drosophila como uma ferramenta para a inovação biomédica no Brasil. 

A mosca pode ser utilizada para entender a biologia de doenças tropicais endêmicas, testar a eficácia de novos medicamentos e até mesmo desvendar os mecanismos de envelhecimento e outras condições humanas.

Além disso, a Drosophila tem um papel fundamental na educação. 

É um excelente material didático para o ensino de genética em escolas e universidades, pois permite que os estudantes observem a transmissão de traços genéticos de forma prática e visual. 

Esse uso educacional da mosca ajuda a formar a próxima geração de cientistas, que poderão usar esse conhecimento para enfrentar os desafios de saúde e biologia do futuro.

A sinergia entre simplicidade e descoberta

A beleza da Drosophila como organismo-modelo reside na sua simplicidade. 

Seu código genético é bem conhecido, e a capacidade de manipulação de seus genes é avançada, o que permite aos pesquisadores focar em questões biológicas complexas sem as complicações de um organismo mais complexo. 

Investir no estudo da mosca no Brasil é um passo estratégico para o avanço da pesquisa científica. Não é apenas uma questão de seguir uma tendência global, mas de fortalecer a soberania científica do país, criando um ecossistema de inovação ágil e competitivo.

Com um investimento contínuo e a colaboração entre as instituições de pesquisa, a mosca Drosophila tem o potencial de não só contribuir para novas descobertas que podem transformar a vida de milhões de pessoas no Brasil e no mundo, mas também de inspirar uma nova geração de cientistas e pesquisadores. 

O futuro da ciência brasileira pode muito bem estar nas asas desta pequena, mas poderosa, mosca.

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Sara Aquino

Farmacêutica Generalista e Redatora. Escrevo sobre Empregos, Cursos, Ciência, Tecnologia e Energia. Apaixonada por leitura, escrita e música.

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