Em meio ao tarifaço dos EUA, Xi ligou para Lula e recolocou China e Brasil no centro do tabuleiro. Os dois defenderam multilateralismo, BRICS e G20, e prometeram cooperação em saúde, energia e clima com foco em autossuficiência.
A conversa entre Xi Jinping e Luiz Inácio Lula da Silva abriu uma janela para entender como China e Brasil pretendem alinhar parceria estratégica, multilateralismo e autossuficiência em um cenário de pressões comerciais. O telefonema, pedido por Lula, durou cerca de uma hora e tratou de BRICS, G20 e cooperação em áreas como saúde, energia e clima.
O pano de fundo é o tarifaço dos EUA sobre produtos brasileiros. A resposta de Brasília tem como eixo apoio financeiro a exportadores, manutenção do diálogo com Washington e aceleração de agendas Sul Global.
Por que a ligação importa para o Sul Global
A fala de Xi de que China e Brasil podem ser modelos de “unidade e autossuficiência” para o Sul Global coloca a relação bilateral em novo patamar político e simbólico. A mensagem mira cadeias produtivas mais resilientes, menos dependentes de choques externos e mais coordenadas por mecanismos multilaterais.
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Segundo o Planalto, o diálogo contemplou a conjuntura geopolítica, os esforços de paz e o papel de G20 e BRICS como arenas para defender regras internacionais justas. O tom foi convergente quanto à necessidade de reforçar o multilateralismo.
Pequim destacou apoio à soberania do Brasil e criticou unilateralismo e protecionismo, sinalizando alinhamento com a narrativa brasileira de soberania econômica com integração inteligente.
O que muda com as tarifas dos EUA e a resposta do Brasil
Os Estados Unidos elevaram tarifas para 50% em uma cesta de bens brasileiros, afetando setores como café, carne, têxteis, calçados, frutas e pescados, com algumas isenções pontuais. O governo brasileiro optou por não retaliar de imediato, priorizando negociação e medidas domésticas de amortecimento.
Brasília lançou o plano Brasil Soberano, com 30 bilhões de reais em crédito para exportadores, além de alívios tributários e compras governamentais de itens afetados para escolas e hospitais. A iniciativa busca dar fôlego a empresas enquanto se tenta preservar canais diplomáticos.
O cálculo político é claro. A manutenção do diálogo reduz o risco de escalada e preserva espaço para acordos, ao mesmo tempo em que reforça a busca por novos mercados no Sul Global.
Parceria estratégica voltada à autossuficiência: saúde, energia, clima e tecnologia
Na saúde, a prioridade é troca regulatória e cooperação industrial para baratear insumos e ampliar acesso, fortalecendo capacidade produtiva doméstica. A agenda foi citada entre as áreas a aprofundar no comunicado oficial brasileiro.
Em energia, a cooperação envolve petróleo e gás no curto prazo e transição energética no médio prazo, com foco em financiamento, infraestrutura e cadeias de tecnologias limpas. A conexão com a COP30 em Belém cria uma vitrine para compromissos climáticos com lastro geopolítico.
Em economia digital e satélites, o objetivo é avançar em conectividade, dados e monitoramento ambiental, pilares de soberania tecnológica para o Brasil. Isso reduz vulnerabilidades e aproxima a autossuficiência de áreas críticas.
BRICS, G20 e COP30 como palcos do multilateralismo
Xi chamou o BRICS de plataforma-chave para consolidar consensos no Sul Global e “dar exemplo de unidade”. Para o Brasil, sediar e animar agendas no bloco ajuda a converter discurso em instrumentos de financiamento e comércio mais favoráveis aos emergentes.
No G20, Brasília e Pequim veem espaço para coordenar respostas a choques comerciais e fortalecer regras previsíveis, reduzindo a margem para medidas unilaterais. Essa frente dialoga com a narrativa de segurança econômica defendida por Lula.
A COP30 ocorre em Belém de 10 a 21 de novembro de 2025, com cúpula de líderes prevista na abertura. O evento pode receber anúncios conjuntos em clima e biodiversidade, conectando diplomacia ambiental e estratégia industrial.
O que acompanhar nos próximos meses
Primeiro, a implementação do pacote de crédito e das medidas tributárias, que exigem regulamentação e podem sofrer ajustes no Congresso. O desempenho dos setores afetados servirá de termômetro para eventuais complementações.
Segundo, o desfecho de rodadas diplomáticas com os Estados Unidos. A sinalização de negociação sem retaliação imediata reduz tensões, mas resultados concretos dependerão de interesses setoriais de ambos os lados.
Terceiro, as minutas de cooperação Brasil–China em saúde, energia, economia digital e satélites, além de possíveis anúncios na COP30 e no calendário do BRICS. É aqui que a promessa de “unidade e autossuficiência” pode virar projetos e investimentos.
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