Paraná tem o maior salário mínimo regional do Brasil em 2025: piso chega a R$ 2.275 e beneficia até 1,5 milhão de trabalhadores, com impacto direto na economia e valorização da mão de obra técnica.
Em um cenário de desigualdade salarial e reajustes tímidos em boa parte do país, o estado do Paraná tomou a dianteira em 2025 ao aprovar o maior salário mínimo regional do Brasil. Com valores que variam entre R$ 1.984,16 e R$ 2.275,36, o novo piso paranaense não apenas supera o salário mínimo nacional, de R$ 1.518, como também estabelece um modelo progressivo que valoriza diferentes setores e níveis de qualificação. O reajuste, que entrou em vigor com efeitos retroativos a 1º de janeiro, promete beneficiar até 1,5 milhão de trabalhadores, especialmente os que não são amparados por acordos ou convenções coletivas.
A medida foi oficializada pelo governador Ratinho Junior por meio do Decreto 9468/2025, após aprovação do Conselho Estadual do Trabalho, Emprego e Renda (Ceter), formado por representantes dos trabalhadores, empregadores e do governo estadual. O aumento médio foi de 6,5%, acima da inflação de 3,71% registrada em 2024, o que representa um ganho real em termos de poder de compra para os trabalhadores do estado.
Faixas salariais definem patamares diferentes para categorias distintas
Diferente do modelo federal — que adota um valor único — o Paraná utiliza um sistema de faixas salariais progressivas, baseadas no setor de atuação e no grau de qualificação do trabalhador. Em 2025, o piso foi definido da seguinte forma:
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- Faixa 1 – R$ 1.984,16: destinada a trabalhadores da agropecuária, pescadores e serviços gerais rurais;
- Faixa 2 – R$ 2.057,59: para profissionais do comércio, serviços administrativos e empregados domésticos;
- Faixa 3 – R$ 2.123,42: aplicada a trabalhadores da indústria, construção civil e outras funções operacionais;
- Faixa 4 – R$ 2.275,36: destinada a técnicos de nível médio com formação profissional específica.
O maior valor, de R$ 2.275,36, representa um salto significativo para profissionais técnicos, e evidencia uma política de incentivo à formação e à qualificação da mão de obra no estado. Essa diferenciação, além de promover justiça salarial, torna o Paraná mais competitivo no cenário nacional.
Impacto direto na economia e no consumo local
Além do benefício imediato para os trabalhadores, o novo salário mínimo paranaense deve provocar uma série de efeitos positivos sobre a economia estadual. Com mais dinheiro circulando, especialmente entre as classes mais baixas, há uma tendência de crescimento no consumo de bens e serviços, aquecendo o comércio, fortalecendo pequenos negócios e impulsionando a arrecadação de impostos.
Estudos realizados por instituições estaduais apontam que a valorização salarial tende a injetar centenas de milhões de reais na economia paranaense ao longo de 2025, com reflexos diretos na geração de empregos e na redução da informalidade.
Além disso, ao oferecer um piso regional superior, o Paraná também aumenta seu poder de atração de mão de obra qualificada, o que é um diferencial importante na disputa por investimentos industriais e tecnológicos com outros estados.
Comparativo com outros estados evidencia liderança do Paraná
Apesar de cinco estados brasileiros adotarem pisos regionais — Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina — nenhum deles alcança os valores aplicados no território paranaense:
- São Paulo: R$ 1.804,00 (valor único);
- Rio Grande do Sul: de R$ 1.656,52 a R$ 2.267,21;
- Santa Catarina: de R$ 1.730,00 a R$ 1.978,00;
- Rio de Janeiro: mantém valores de 2019 enquanto um novo reajuste não é aprovado.
Com isso, o Paraná não apenas lidera o ranking nacional em valor absoluto, como também adota o sistema mais abrangente em termos de faixas e categorias, garantindo maior cobertura e proteção aos trabalhadores.
Modelo de reajuste com base técnica e diálogo tripartite
Uma das características que diferencia o Paraná de outros estados é a forma como o piso regional é definido. A proposta é construída no âmbito do Ceter, com a participação de representantes das centrais sindicais, federações patronais e do governo estadual. Isso garante maior legitimidade ao processo e evita que os reajustes fiquem à mercê de disputas políticas ou de momentos econômicos isolados.
Para 2025, a proposta de reajuste foi discutida ao longo do segundo semestre de 2024, aprovada por unanimidade e publicada em janeiro, com vigência imediata e efeitos retroativos. Esse modelo cria previsibilidade para empresas e trabalhadores, permitindo melhor planejamento financeiro e segurança jurídica.
Salário mínimo regional e o desafio da valorização nacional
Enquanto o Paraná avança, o salário mínimo nacional ainda enfrenta desafios estruturais. Embora o valor de R$ 1.518 represente um ganho real em relação a anos anteriores, ele continua muito abaixo do necessário para garantir uma vida digna nas grandes cidades, especialmente diante do aumento dos preços de alimentação, transporte, aluguel e energia.
Segundo o Dieese, o salário mínimo ideal em janeiro de 2025 seria de R$ 6.900,00, considerando os custos reais de sobrevivência de uma família de quatro pessoas. Nesse contexto, o piso paranaense, embora não alcance esse valor, se aproxima mais do ideal do que o mínimo federal — especialmente nas faixas superiores.
Com o novo piso regional aprovado para 2025, o Paraná consolida-se como o estado com o maior salário mínimo do Brasil. O valor máximo de R$ 2.275,36 demonstra um compromisso claro com a valorização do trabalho, a proteção social e o fortalecimento da economia estadual.
Ao adotar faixas salariais progressivas e reajustes com base técnica, o estado se diferencia positivamente e oferece um exemplo de como políticas públicas podem equilibrar justiça social e responsabilidade fiscal.
Para os trabalhadores paranaenses, o novo salário representa mais do que um aumento: é o reconhecimento de seu papel na construção de uma economia forte e justa. E para o Brasil, fica o alerta — é possível, sim, melhorar as condições salariais, quando há vontade política e diálogo entre os setores da sociedade.