Lançado nos anos 1990, o Fiat Tipo Sedicivalvole surpreendeu o mercado brasileiro com desempenho impressionante e visual marcante. Um raro esportivo italiano que marcou época e virou objeto de desejo entre colecionadores, mantendo vivo seu legado entre os apaixonados por carros.
Poucos automóveis marcaram o mercado brasileiro com tanta intensidade e em tão curto espaço de tempo quanto o Fiat Tipo Sedicivalvole, versão esportiva que redefiniu padrões de desempenho nos anos 1990.
Lançado no Brasil no segundo semestre de 1993, esse hatch italiano surpreendeu consumidores e especialistas ao impor números inéditos de aceleração e velocidade máxima, superando rivais tradicionais e até mesmo o cultuado Volkswagen Golf GTI, que ficava para trás no retrovisor do Tipo.
O modelo desembarcou no país em um momento de forte concorrência entre hatches médios, segmento dominado até então por nomes como Chevrolet Kadett, Ford Escort e o recém-chegado VW Pointer.
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Apesar de sua versão de entrada, com motor 1.6 de 82 cv, ter sido considerada modesta, a chegada da variante 2.0 16V revolucionou expectativas e estabeleceu novos parâmetros.
A denominação Sedicivalvole, termo italiano para “dezesseis válvulas”, não era apenas um nome sonoro: representava a proposta de desempenho extremo e tecnologia avançada, algo raro nos carros nacionais daquele período.
Tecnologia e números de performance impressionantes
O sucesso inicial do Fiat Tipo Sedicivalvole se deu principalmente pelo conjunto mecânico refinado.
O motor 2.0, com duplo comando no cabeçote e 16 válvulas, entregava potência de 137 cavalos a 6.000 rpm na configuração nacional, um pouco abaixo dos 147 cv da versão europeia por conta da adaptação à gasolina brasileira.
Mesmo assim, a relação peso-potência de 8,8 kg/cv garantia aceleração de 0 a 100 km/h em apenas 9,85 segundos, desempenho superior ao de qualquer concorrente direto no país na época.
Para efeito de comparação, o próprio Tempra 16V, sedã também equipado com esse motor, alcançava o mesmo tempo, mas sem o apelo esportivo do hatch.
Além dos números, o Fiat Tipo Sedicivalvole chamava atenção pela suavidade com que entregava sua força.
Árvores de balanceamento especialmente desenvolvidas para o motor diminuíam vibrações em altas rotações, tornando a experiência ao volante ainda mais agradável e diferenciada.
O câmbio de cinco marchas possuía relações longas, aproveitando ao máximo o torque de 18,4 kgfm a 4.500 rpm, enquanto a aerodinâmica bem resolvida permitia atingir 206,7 km/h de velocidade máxima, praticamente igual ao modelo europeu.
Dirigibilidade e segurança reforçadas
Em termos de dirigibilidade, o Fiat Tipo Sedicivalvole se destacava graças ao conjunto de suspensão independente.
A dianteira utilizava o consagrado sistema McPherson, enquanto a traseira era composta por braços arrastados, solução que privilegiava estabilidade sem comprometer totalmente o conforto.
O comportamento dinâmico ficava ainda mais apurado devido aos pneus radiais 195/60 R14, que aumentavam a aderência em curvas e reforçavam o visual esportivo das rodas de liga leve.
No quesito segurança, o esportivo italiano não deixava a desejar.
Todos os exemplares vinham equipados com freios a disco nas quatro rodas, item raro no segmento naqueles anos, e ofereciam opcional de sistema ABS, ampliando o controle em frenagens mais exigentes.
A estabilidade era reforçada pelo baixo centro de gravidade e pela carroceria bem equilibrada, fatores que contribuíam para a fama de carro “grudado no chão” mesmo em condução mais agressiva.
Design exclusivo e detalhes de esportividade
Visualmente, o Fiat Tipo Sedicivalvole exibia um design que refletia sua proposta esportiva.
Saia lateral, frisos vermelhos nos para-choques, lanternas traseiras exclusivas e o nome “Sedicivalvole” grafado na moldura da placa diferenciavam a versão.
Internamente, o padrão continuava elevado: bancos de formato esportivo, volante revestido em couro, instrumentos adicionais como manômetro e termômetro de óleo e o emblemático pedal de acelerador em alumínio perfurado, pensado para facilitar técnicas como o “punta-tacco” em condução esportiva.
Carreira curta e impacto no mercado de carros esportivos
A história do Sedicivalvole, entretanto, foi curta.
Em fevereiro de 1995, uma mudança abrupta na política de importação aumentou o imposto de 20% para 70%, inviabilizando a continuidade da versão 2.0 16V importada.
Como alternativa, a Fiat nacionalizou a produção do Tipo, mas restrita ao motor 1.6, bem menos empolgante.
Com isso, nenhum exemplar do Sedicivalvole saiu da fábrica de Betim, Minas Gerais, após a mudança, transformando as poucas unidades originais em objetos de desejo para colecionadores e entusiastas.
O mercado de carros antigos e esportivos valoriza até hoje os remanescentes do Fiat Tipo Sedicivalvole.
Um dos exemplos mais bem preservados pertence ao colecionador paulistano Marcelo Paolillo, proprietário de um modelo 1995 em estado impecável, símbolo do prestígio e da raridade desse ícone.
O preço de tabela na época era de R$ 31.664, valor que corrigido pela inflação ultrapassaria R$ 177 mil em junho de 2025, segundo cálculo do Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-SP/FiPE).
Ficha técnica e legado do Fiat Tipo Sedicivalvole
Na ficha técnica, o Fiat Tipo Sedicivalvole apresentava características impressionantes para o período.
Motor transversal de quatro cilindros, 1.995 cm³, quatro válvulas por cilindro, injeção eletrônica multiponto, câmbio manual de cinco marchas e tração dianteira.
Suas dimensões de 3,95 metros de comprimento, 1,70 m de largura e 1,44 m de altura, combinadas ao entre-eixos de 2,54 m, ofereciam equilíbrio entre esportividade e espaço interno, acomodando bem os ocupantes.
O peso de 1.215 kg complementava a receita de desempenho afiado e condução prazerosa.
O legado do Fiat Tipo Sedicivalvole segue vivo entre os apaixonados por carros esportivos, que o consideram um dos melhores hot hatches dos anos 1990.
Não por acaso, o modelo conquistou fãs que ainda sonham em encontrar um exemplar bem cuidado, já que a produção limitada e o tempo tornaram cada unidade uma relíquia.
Afinal, o que explica tamanha paixão por um hatch que, apesar do fim precoce, conseguiu deixar uma marca tão profunda na história automotiva do Brasil?
Resposta simples, hj só se vende lixo,nas consecionarias sem falar nos motores descartáveis prova disso e a famigerada correia banhada a óleo ou seja é o que tem pra hj