Do Peugeot 3008 ao Citroën C4 Cactus, conheça os carros que usaram o motor THP no Brasil e os cuidados essenciais para evitar problemas crônicos e gastos inesperados
O motor 1.6 THP (Turbo High Pressure) é um nome que desperta sentimentos mistos no Brasil. Fruto de uma parceria entre o grupo PSA (Peugeot/Citroën) e a BMW, ele prometia revolucionar o mercado com alta performance e eficiência. No entanto, sua trajetória foi marcada por uma reputação de exigir manutenção redobrada.
Desvenda a história do motor THP no Brasil. Listamos os carros que usaram o motor THP, detalhamos seus problemas crônicos mais comuns e, o mais importante, explicamos como cuidar bem deles para aproveitar seu desempenho sem dor de cabeça.
A dupla face do motor THP, performance europeia vs. realidade brasileira
Lançado na Europa em 2007, o motor THP (também conhecido como Prince) chegou ao Brasil por volta de 2010. Com tecnologias avançadas como turbocompressor e injeção direta de combustível, ele entregava potência e torque de motores maiores, mas com menor consumo.
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A performance era seu grande atrativo, equipando de compactos esportivos a SUVs. Contudo, essa sofisticação veio acompanhada de desafios. A “alta sensibilidade à gasolina brasileira”, com seu teor de etanol, e outros fatores, levaram a uma série de problemas crônicos que minaram a confiança de muitos consumidores.
Os problemas crônicos do motor THP, o que você precisa saber
Apesar do bom desempenho, o THP ficou conhecido por algumas falhas recorrentes, especialmente em suas primeiras versões a gasolina.
Carbonização das válvulas de admissão: Como um motor de injeção direta, o combustível não “lava” as válvulas de admissão. Com o tempo, vapores de óleo do cárter podem se depositar e formar uma crosta de carbono, causando perda de potência, marcha lenta irregular e aumento do consumo. A solução mais eficaz é a limpeza mecânica, como o “walnut blasting” (jato com casca de noz).
A famosa corrente de comando: O problema mais temido é o desgaste prematuro do kit de corrente de comando. O sintoma clássico é um ruído metálico, como um “chocalhar”, que aparece na partida a frio e tende a sumir com o motor quente. Ignorar este sinal é arriscado, pois a quebra da corrente pode levar a danos catastróficos no motor, com o choque entre pistões e válvulas.
Bomba de alta pressão (HPFP): Responsável por levar o combustível sob alta pressão para os bicos injetores, a bomba de alta pressão, especialmente nos primeiros modelos não-Flex, mostrou-se sensível à gasolina brasileira. Seus principais sintomas de falha são dificuldade de partida, perda de potência e a luz de anomalia do motor acesa no painel.
Os principais carros que usaram o motor THP no Brasil
A motorização THP equipou uma vasta gama de veículos no mercado brasileiro. A atenção redobrada na manutenção se aplica a todos, mas principalmente às primeiras gerações a gasolina.
Peugeot: 208 GT, 308, 408, 508, 2008, 3008 e RCZ.
Citroën: C4 Lounge, C4 Picasso/Grand C4 Picasso, DS3, DS4, DS5 e C4 Cactus THP.
BMW/Mini (motor prince): A arquitetura base do THP também foi usada em modelos como o BMW Série 1 (116i/118i) e os Mini Cooper S e Countryman de gerações anteriores.
Como cuidar do seu carro com motor THP
A manutenção preventiva rigorosa é a melhor forma de garantir a longevidade e o bom funcionamento do motor THP.
Óleo e Combustível: A regra de ouro é usar exclusivamente óleo 100% sintético 0W30 que atenda às normas específicas da PSA (ex: PSA B71 2312). As trocas devem ser feitas a cada 10.000 km ou 1 ano, ou até antes em uso severo. Abasteça sempre com combustível de boa procedência, preferencialmente gasolina aditivada ou premium.
A evolução para o THP Flex: Por volta de 2015, a PSA lançou as versões Flex do motor THP. Essas versões receberam atualizações importantes que corrigiram muitos dos problemas crônicos, como uma bomba de alta pressão mais robusta e um kit de corrente de comando aprimorado. Por isso, os modelos THP Flex são considerados uma aposta mais segura no mercado de usados.
Mão de obra especializada: Para diagnósticos e reparos, procure sempre um mecânico ou oficina com experiência comprovada em motores THP. O conhecimento técnico específico é fundamental para evitar erros e gastos desnecessários.
Vale a pena comprar um dos carros que usaram o motor THP?
A decisão de comprar um dos carros que usaram o motor THP exige uma análise cuidadosa. Os prós são o excelente desempenho e o preço atraente no mercado de usados. Os contras são o histórico de problemas e os custos de manutenção potencialmente elevados.
Para quem vale a pena? Para o comprador informado, que fará uma inspeção pré-compra minuciosa e que está comprometido com uma manutenção preventiva rigorosa. Dê preferência aos modelos fabricados a partir de 2016, já com a motorização THP Flex, que são mais confiáveis. Com os cuidados certos, é possível, sim, aproveitar toda a performance e o prazer ao dirigir que este motor europeu pode oferecer.