Dados inéditos revelam o panorama atual dos engenheiros no Brasil, mostrando evolução salarial, crescimento profissional e desafios da carreira, enquanto o mercado demanda cada vez mais qualificação, revelando um cenário promissor e em transformação constante para a engenharia.
Uma pesquisa inédita realizada entre setembro de 2024 e fevereiro de 2025 revelou dados surpreendentes sobre a renda dos profissionais de engenharia no Brasil e colocou fim a um debate antigo: quem ganha mais, engenheiro ou advogado?
Conforme o levantamento divulgado pelo Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), cerca de 70% dos engenheiros registrados possuem uma renda familiar superior a cinco salários mínimos, o equivalente a R$ 7.590 em 2025, superando não apenas a média nacional, mas também outras profissões tradicionais, como a advocacia, em que apenas 48% dos profissionais ultrapassam esse patamar salarial.
Os dados confirmam que a engenharia, muitas vezes vista como uma profissão técnica e de alta complexidade, tem alcançado um patamar de valorização financeira significativo, impulsionado pelo crescimento econômico e pela necessidade de inovação estrutural no país.
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Enquanto a média da população brasileira com renda superior a cinco salários mínimos é de apenas 25%, o universo dos engenheiros demonstra um cenário bem mais favorável.
O levantamento detalha ainda que o tempo de atuação impacta diretamente nos ganhos desses profissionais.
Entre aqueles que estão nos primeiros cinco anos de carreira, 41% já recebem acima de cinco salários mínimos.
Esse percentual sobe para 55% entre os que têm de cinco a dez anos de experiência e chega a impressionantes 67% entre os profissionais com mais de uma década no mercado.
Outro dado que chama atenção é o crescimento da renda ao longo dos anos.
Conforme aponta o Confea, os profissionais mais jovens, entre 18 e 24 anos, que estão na fase de formação ou início da carreira, já têm remuneração equivalente a pelo menos dois salários mínimos.
Porém, a maior transição salarial ocorre entre os 30 e 34 anos, momento em que a maioria ultrapassa a barreira dos cinco salários mínimos.
Essa pesquisa, feita com 48 mil profissionais das áreas de Engenharia, Meteorologia e Geociências em todo o Brasil, foi realizada pela empresa Quaest e possui um índice de confiança de 95%, com margem de erro de apenas 1 ponto percentual.
Isso garante a robustez dos dados apresentados, que agora trazem um panorama mais claro e atualizado do mercado de trabalho para os engenheiros.
📊 Tabela 1: Comparativo de Renda Familiar – Engenheiros x Média Nacional x Advogados
Categoria | % com Renda Familiar Acima de 5 SM |
---|---|
Engenheiros | 70% |
Advogados | 48% |
Média da População Brasileira | 25% |
Mercado em expansão e alta empregabilidade
O mercado de trabalho para engenheiros está em franca expansão, com uma demanda por profissionais qualificados que ultrapassa a oferta.
Segundo a pesquisa, 92% dos profissionais registrados no Confea estão ativos, e 78% deles atuam diretamente em suas áreas de formação, demonstrando uma forte conexão entre capacitação e emprego.
A taxa de empregabilidade dos engenheiros também é superior à média nacional.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o percentual de pessoas empregadas no Brasil em idade ativa foi de 59% em dezembro de 2024, significativamente menor que os 92% registrados entre os engenheiros.
Conforme a pesquisa, a forma de contratação dos engenheiros evolui com a experiência.
Enquanto a maioria dos iniciantes começa com contratos formais via carteira assinada (CLT), cerca de 70% dos profissionais com mais de cinco anos na área mantêm essa forma de vínculo.
Entre os engenheiros mais experientes, com mais de dez anos, o número de empresários chega a 20%, refletindo uma maior autonomia e capacidade empreendedora.
📊 Tabela 2: Evolução da Renda dos Engenheiros com Experiência
Tempo de Experiência | % com Renda Acima de 5 SM |
---|---|
Até 5 anos | 41% |
De 5 a 10 anos | 55% |
Mais de 10 anos | 67% |
Valorização e desafios da engenharia
Apesar das perspectivas promissoras, o presidente do Confea, Vinicius Marchese, destaca a necessidade de maior valorização da profissão na sociedade brasileira.
Segundo ele, a pesquisa derruba o mito de que a engenharia está saturada no mercado.
Marchese enfatiza que o desenvolvimento econômico e estrutural do Brasil depende diretamente do fortalecimento e do reconhecimento dos engenheiros.
“Para impulsionar o desenvolvimento do país, precisamos entender o pensamento dos profissionais técnicos responsáveis por tirar projetos do papel. Essa é a primeira vez que temos dados que nos permitem dimensionar os desafios enfrentados pela área tecnológica brasileira”, afirma o presidente do Confea.
Além dos ganhos financeiros, a satisfação profissional também foi abordada no estudo.
Cerca de 60% dos entrevistados dizem estar satisfeitos com seu trabalho, destacando a boa convivência com colegas, estabilidade no emprego e reconhecimento pelas suas funções como os principais fatores.
Por outro lado, 40% dos profissionais expressam insatisfação, principalmente por questões como excesso de carga horária e a falta de valorização adequada, problemas que permanecem como desafios a serem enfrentados pelo setor.
Transformação e otimismo no setor
Graziele Silotto, analista responsável pelo estudo e gerente de Inteligência da Quaest, ressalta que o mercado de engenharia no Brasil está em processo de transformação profunda.
“A categoria mostra sinais claros de renovação, com maior diversidade e um posicionamento forte no mercado. No entanto, o desafio está na valorização da carreira e na necessidade de uma atuação institucional mais próxima e relevante para os profissionais”, afirma.
📊 Tabela 3: Situação Profissional dos Engenheiros Registrados
Situação Profissional | % |
---|---|
Ativos na profissão | 92% |
Ativos na área de formação | 78% |
Início de carreira (CLT) | 70% |
Empresários com mais de 10 anos | 20% |
Outro ponto relevante apontado pela pesquisa é o otimismo do setor.
Mais da metade dos engenheiros, 55%, acreditam no avanço da profissão, especialmente em relação à remuneração justa, às oportunidades de crescimento e à melhoria das condições de trabalho.
Comparando com a advocacia, que também é uma profissão tradicionalmente valorizada, o estudo reforça que os engenheiros têm hoje um cenário mais promissor no quesito renda familiar.
Além do fator salarial, o campo da engenharia apresenta maior empregabilidade e oportunidades crescentes, impulsionadas por setores estratégicos como infraestrutura, tecnologia, energias renováveis e inovação industrial, que estão em destaque na agenda econômica do país para 2025.
Você acha que a valorização dos engenheiros no Brasil tem avançado o suficiente? O que poderia ser feito para melhorar ainda mais a carreira desses profissionais?