A decisão da Opep+ de ampliar a oferta de petróleo afeta diretamente os preços internacionais.
Isso motiva a revisão de projeções por parte de bancos e especialistas do setor.
Conforme divulgado pelo site InfoMoney, em 5 de maio de 2025, a Opep+ comunicou novas mudanças em sua política de produção. Assim, além disso, o anúncio reforça a estratégia do grupo, que, por conseguinte, visa controlar a oferta e, portanto, estabilizar os preços globais. Além disso, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados declarou que ampliará gradualmente os aumentos na produção nos próximos meses. A expectativa é de reintroduzir até 2,2 milhões de barris por dia ao mercado até novembro de 2025, de forma escalonada.
A medida, busca compensar o descumprimento das cotas, já que alguns países membros, como Iraque e Cazaquistão, não as respeitaram. Embora houvesse limites bem definidos, ainda assim, esses países, de acordo com a Reuters, acabaram ultrapassando suas metas de produção estabelecidas.
Em abril, a Opep+ já havia sinalizado uma mudança de postura, ao aprovar, surpreendentemente, um aumento de produção superior ao previsto para maio. Além disso, a Arábia Saudita, que lidera o grupo, indicou que não pretende mais sustentar, sozinha, o equilíbrio do mercado global de petróleo. Consequentemente, o país passa, então, a buscar maior participação na produção total, especialmente após anos consecutivos de cortes bastante significativos.
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Fim gradual dos cortes voluntários adotados desde 2022
Desde 2022, os cortes de produção do grupo somam cerca de 5 milhões de bpd, o equivalente a 5% da demanda global. Parte desses cortes permanecerá em vigor até 2026. Em abril de 2025, a Opep+ decidiu iniciar a retirada gradual da parcela voluntária de 2,2 milhões de barris por dia. A redução começará já em maio, de forma progressiva.
Para junho, está programado um aumento significativo, totalizando quase 1 milhão de bpd entre abril e junho. A tendência se mantém para julho, quando deverão ser adicionados mais 411 mil bpd à oferta.
A continuidade do plano dependerá da adesão dos membros às metas estabelecidas. Caso países como Iraque e Cazaquistão não cumpram suas cotas, o grupo poderá adotar medidas mais cedo. Esses aumentos adicionais podem ser antecipados entre agosto e outubro.
Se a situação persistir, os cortes voluntários restantes poderão ser revertidos até novembro.
O Cazaquistão, em particular, tem priorizado políticas nacionais, mesmo após ter registrado uma queda de 3% na produção. Ainda assim, o país superou os limites acordados.
Efeitos nos preços e projeções do mercado
A combinação do aumento da produção e de uma demanda global em desaceleração contribuiu para a queda no preço do barril. Em abril, o petróleo Brent chegou a ser negociado por menos de US$ 60, atingindo o menor valor em quatro anos.
Segundo Giovanni Staunovo, analista do UBS citado pelo InfoMoney, essa pressão sobre os preços deve continuar. Ela persistirá enquanto os países não demonstrarem maior alinhamento às metas da Opep+.
O Morgan Stanley revisou suas estimativas. Agora, projeta um excedente de oferta de 1,1 milhão de bpd no segundo semestre de 2025. Para 2026, a previsão é de 1,9 milhão de bpd excedentes.
Por isso, o banco reduziu sua projeção para o preço do Brent em US$ 5 a US$ 10 por barril.
Agora, prevê que o valor possa atingir US$ 55 no primeiro semestre de 2026.
Antes, a estimativa era de US$ 65 para o mesmo período.
Contexto geopolítico influencia decisões
A movimentação da Opep+ ocorre em um momento de crescente atenção internacional. Ainda segundo o InfoMoney, a decisão antecede a visita do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à Arábia Saudita, prevista para os próximos dias. Na ocasião, Trump deve discutir acordos militares e temas energéticos, reforçando pedidos para que a Opep+ amplie a produção e contribua para a redução dos preços da gasolina no mercado norte-americano.